A Contradição Entre Senso Critico e Ignorância
Por: Larissa Caroline • 26/3/2022 • Artigo • 754 Palavras (4 Páginas) • 137 Visualizações
Proposta: Senso crítico versus ignorância
Contradição entre senso crítico e ignorância a partir dos conceitos de sapere aude de Kant e reducionismo
O texto tem como finalidade contestar a discordância entre a capacidade de questionar e analisar de forma crítica determinada situação e a ausência de conhecimento, que temos na ignorância, com base nas charges de Roger Moreira e do jornal Jyllands-Posten. Para esta finalidade portaremos como alicerce conceitual as concepções de sapere aude de Kant mencionado no texto de Comte-Sponville e as ideias do reducionismo de Boaventura Santos Souza.
Ambas as charges expõem a mesma contextualização com pontos de vista ideológicos distintos. Na charge de Roger Moreira, distinguimos uma crítica aos ataques xenofóbicos que os chineses constantemente sofrem, consequente de fundamentos repletos de faltas de inconsistências a respeito das origens do Covid-19, algo que aumenta gradativamente o desgaste da população chinesa, fato que por sinal é representado pela afirmação do médico acerca da China, que justamente se caracteriza recuperando-se da Covid-19 e da ignorância das pessoas em não se fundamentar com fontes coerentes, válidas e provadas. Enquanto na segunda charge do jornal Jyllands-Posten, mostra claramente uma visão matematizada que certos grupos de indivíduos carregam em relação a China, de forma indireta é perceptível a intenção xenofóbica, quando representam a bandeira desse país contendo no lugar dos símbolos nacionais a representação da Covid-19.
O conceito de sapere aude de Kant parte da concepção de ousar saber, de pensar por si próprio, se atrever a ter autonomia, que o conhecimento tem que tirar o homem da ignorância em todos seus aspectos e para iniciarmos essa analise utilizaremos este conceito. Segundo Kant apud Comte-Sponville (2008), é preciso buscar a verdade com calma, com vontade de saber, de conhecer, de se aprofundar e ir atras, não ficar só como receptáculo e sim compreender por si próprio, tendo autonomia de pensamento, que a verdade é uma arma para a ignorância, e o conhecimento busca essa verdade e pra existir conhecimento, é necessário ter uma produção do saber, um sujeito que quer conhecer e um objeto a ser conhecido. Deste modo, é possível correlacionar com a primeira charge, pois evidencia o profissional da saúde buscando trazer conhecimento as pessoas que encistem em teorias conspiratórias e noções fictícias acerca da disseminação da Covid-19, sem ter sido provado cientificamente e vindo de fontes coerentes a real origem desse vírus. Julgam sem profundidade e sem dados comprovados, mas a questão em si não é o ato, é o critério utilizado, já que é importante ter instrumentos da razão para julgar, mas neste caso pessoas falam sem ter fundamentos, sem tirar de fontes coerentes, validas e provadas.
Já o reducionismo, trata-se da conceituação de sintetizar todo o conhecimento, à analises reduzidas e simplistas, ele reduz os conhecimentos complexos, mediante a separação e classificação sistemática do conhecimento, em virtude disso, o desfecho dessa análise é sobreposta em torno deste conceito. Segundo Boaventura (2008, p.20-40), isso cria uma redução da complexidade do mundo, deixa de observar outros campos fundamentais para o desenvolvimento do pensamento em busca da verdade, para dá prioridade a um só, gera uma simplicidade, que engloba o método cartesiano de Descartes, um pensamento denso, que acarreta certo simplismo na análise e que nem sempre se consegue reduzir sem distorcer grosseiramente ou o levar a quase irrelevância. Desta forma, é plausível correlacionar com a segunda charge, visto que a ilustração exibida pelo jornal Jyllands Posten reduz a China ao ponto central da propagação de Covid-19 de forma depreciativa instruindo o entendimento do leitor. Entendimento esse que já é visto dentro da sociedade, que apesar da falta de complexidade e conhecimentos a respeito de uma doença com altas taxas de transmissões e mutações, ela basicamente criou uma série de argumentos construídos por uma linha de pensamentos leigos e converteram pra uma argumentação simplificada, gerando julgamentos sem coerência e noção.
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