A Crônica Escola

                         CRÔNICA- ESCOLA

 Fui questionada na última semana do porquê eu acredito que valha a pena passar grande parte da minha vida na escola, e a resposta saiu quase de forma automática da minha boca “ para ter uma boa profissão futuramente”. Essa é a resposta que esperam ouvir de um estudante e se responderem alguma coisa que foge desse padrão podemos ver a reprovação estampada no rosto de quem perguntou.

 Essa situação esclarece algo, pelo menos para mim, que me deixa com a infeliz impressão que não é loucura da minha cabeça, mas realmente que o que é esperado de nós, estudantes, é que sejamos máquinas para que a produção não pare e quando dizemos ou fazemos alguma coisa fora do padrão da indústria não temos nada a acrescentar a empresa e um exemplo disso é: se um aluno respondesse àquela mesma pergunta com “não acho que valha a pena, faço apenas por obrigação pois tenho certeza que minha única paixão é cozinhar, não tenho vontade de fazer faculdade alguma” pode ter certeza que essa pessoa seria taxada como uma máquina com defeito ou alguém sem futuro, como você preferir nomear. Mas se outro aluno responder da mesma forma que eu fiz ( e pode ter certeza que haverá alguém que vai responder, afinal é essa a resposta que nos ensinaram ) essa máquina vai ser considerada como mais uma participante da indústria de outras milhões de máquinas idênticas ou como um aluno com futuro, usam essa segunda forma para parecer mais incentivador, mas ambas têm o mesmo significado.

 Acredito que ninguém gostaria de ser taxado como uma máquina com defeito, então por que não dizer o que esperam que seja dito? Por que não produzir o que esperam ser produzido? No final precisaremos todos cumprir a mesma meta que essa tal indústria impõe, então acredito que seja melhor fazer isso com o mesmo título dos outros de uma boa máquina ou bom estudante, o nome que você deseja dar a isso pouco importa, afinal só vão querer saber se conseguiu cumprir o que era esperado.

...