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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA DE CORDEL

Por:   •  4/3/2018  •  Monografia  •  3.617 Palavras (15 Páginas)  •  1.184 Visualizações

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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA DE CORDEL

VEIGA, Moisés Rafael dos Santos [1]

TOREGIANI, Camila 2

RESUMO

O referente artigo pretende debater sobre a Literatura de Cordel desde o seu ponto de partida até os dias atuais. Sendo um recurso Pedagógico para inserção e construção do entendimento no ensino do estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras, pois o mesmo diz respeito à criação de novas palavras em um modelo moderno baseado especialmente nos títulos gerais da gramática sem prender-se nos exatidões da escola. Portanto, este artigo trás primeiramente uma Introdução incluindo o tema em discussão, a importância do cordel na cultura Nordestina e brasileira, trazendo sua forma e seus aspectos. O Cordel tendo uma linguagem ritmada, lúdica e engraçada pode ser introduzida nos estudos em sala de aula para diferentes tipos de discentes, dando a eles varias formas de opções para poder até transcorrer a oralidade. É interessante incorporar que muitos tinham a literatura de cordel com os dias contados, mas vemos aqui que até o prezado momento não foi dessa vez, pois essa literatura só teve a crescer a cada ano que se passa. Sendo assim, o Cordel pode ser intitulado como uma mídia popular ou então conhecido como o tataravô de todos os meios de comunicação.

Palavras chave: Literatura. Cordel. Comunicação.

1 INTRODUÇÃO

Afinal, o que é essa “Literatura de Cordel”?


Literatura de Cordel

É poesia popular,
É história contada em versos
Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.

A capa é em xilogravura,
Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeira
Um desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.

Mas pode ser um desenho,
Uma foto, uma pintura,
Cujo título, bem à mostra,
Resume a escritura.
É uma bela tradição,
Que exprime nossa cultura.

Os folhetos de cordel
Nas feiras eram vendidos
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.

A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.

Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,
Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.

O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra
Que luta pra que um dia
Acabem a fome e a miséria,
Haja paz e harmonia. (DINIZ,2006)

Interessante falar de Literatura de Cordel, pois o mesmo fala sobre a cultura de um local, região, linguajar e modos de viver. A cultura faz com que o homem tenha a capacidade de questionar e analisar, de forma racional e inteligente, aprendendo a buscar a verdade, questionando e refletindo profundamente sobre cada assunto, chegando assim a observar a realidade histórica, social, econômica, política do Nordeste e do Brasil. 

E falando de cultura, deixo uma frase em que, segundo o cantor e compositor Bob Marley [1981] “Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes.”

A literatura de cordel tem seu inicio entre meados da Idade Média e do Renascimento. Esse título está ligado pelo formato de venda dos folhetos em Portugal, nos quais eram suspensos em cordões chamados lá de cordéis. Primeiramente, também apresentavam peças de teatro. Os portugueses foram os responsáveis em trazerem o cordel para o Brasil no início da colonização.

No Nordeste brasileiro conservou-se o estilo e o nome, pela forma que os folhetos eram exibidos à venda dependurados e presos por prendedores de roupa em barbantes estendidos entre duas estacas, prendidas em caixas.

Na segunda metade do século XIX iniciaram as publicações de obras brasileiras, com atributos adequados daqui. Os assuntos abrangem desde acontecimentos do dia a dia, fatos históricos, folclores, assuntos religiosos, etc.

Observa-se na obra do cordelista Zé Bezerra (2009), onde os  Versos foram escritos durante uma viagem em "pinga-pinga" de Patu a Pau dos Ferros-RN:

VIAJAR EM "PINGA-PINGA"

O ônibus é um transporte
Que no trânsito é referência
A maioria do povo
A ele dá preferência
Mas se é um "pinga-pinga"
É preciso paciência.

Ele para em todo canto
o seu trajeto é assim
Para na pista, no beco
Em rua, praça e jardim
Mesmo uma distância curta
Parece que não tem fim.

Em todo lugar que passa
Desce gente, sobe gente
Há uns que conversam muito
Outros dormem facilmente
E vez por outra de leve
Escapa um ar diferente.

Aqueles que roncam muito
Tendo o corpo adormecido
Ao se mexer na cadeira
Escapa um "pum" espremido
Cuja fragrância é igual
Desodorante vencido.

Um canta e outro aboia
Um assovia, outro grita
Um bêbado fala besteira
Uma criança vomita
E um velho ressona alto
Que o canto da boca apita.

Se vão dez ou doze em pé
Ao passar por um buraco
O solavanco é tão grande
Que desmaia quem é fraco
Mas o pior é o bafo
Da catinga de sovaco.

Precisa manter a calma
Sem pra nada está ligando
Procurar se entreter
Sem ver o tempo passando
Para aguentar o ônibus
Parando de vez em quando.

Quem não quer sofrer maçada
E por qualquer coisa xinga
Para evitar desconforto
De imprensado ou catinga
Vá direto em seu carrão
Ou viaje de avião
Mas não vá em "pinga-pinga"
.

Os problemas sociais, econômicos e culturais do nordeste brasileiro passam a ser a base dessa literatura. A hipotética nordestina é divulgada por ela, o que pode ser admitido por Areda (2006):

“Com pena, tristeza magoa

Peço a Deus que me conforte

Pra contar com poesia

A vil situação forte

Da pobresa e reboliço

E os paus de arara do Norte (...)

Quem é rico nada sofre

Só o pobre é quem se aperta

Pra todo o lado que vai

Luta muito e nada acerta (...)”

As proezas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o incidente do suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são um pouco dos temas de cordéis que abrangeram grande tiragem. Para a criação de temas dos folhetos não há limite, pois qualquer assunto pode transformar em cordel nas mãos de um poeta eficiente.

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