A Literatura - Cordel
Por: Judiario • 24/2/2022 • Seminário • 1.202 Palavras (5 Páginas) • 182 Visualizações
Literatura de cordel[pic 1]
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Vídeo: O Causo do Caçador
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O que vocês acabaram de ver?
O que mais chamou sua atenção ao ver o vídeo?
O que vocês acharam do vídeo?
Ele conta uma história?
Do que se trata?
Podemos dizer que esse “texto” tem um narrador?
Quem é esse narrador?
Tem personagens?
Há palavras desconhecidas do vocabulário de vocês?
Alguém sabe o significado dessas palavras?
O Cordel
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No início a literatura de cordel era oral. Os poetas, chamados de repentistas, inventavam toda a poesia “de repente” e competiam entre si em pelejas. O primeiro dizia um verso e o segundo respondia rimando a última palavra com a última de seu “adversário”.
A literatura de cordel originou-se ainda na época dos conquistadores Greco-romanos. Levada por eles à Península Ibérica, chegou ao Brasil – primeiramente a Salvador – por meio dos colonizadores portugueses. Da Bahia, o cordel se espalhou pelos Estados do Nordeste brasileiro.
De acordo com o estudo de Maria José da Trindade Negrão na literatura de cordel “tudo é assunto [...] acontecimento nacionais e mundiais, personagens folclóricos e personagens reais, mitos, lendas, enfim, tudo quanto se possa constituir em matéria de curiosidade do ouvinte” (Negrão, 1975, p. 138) o repentista sabe apresentar e explorar numa história.
Nas narrativas de cordel a linguagem predominante é a informal, nos textos há muita marca da oralidade ora porque é um gênero feito espontaneamente e cantado, ora por falar sobre o cotidiano em versos, suprimindo sons como fazemos quando falamos.
[pic 11] | Os cordéis são apresentados em pequenos folhetos, segundo Negrão (1975) uma vez cantada ao som da viola à história poderá vir a ser impressa num folheto e até ilustrada com xilogravuras. |
As capas dos folhetos, geralmente ilustradas, são feitas de tipos de madeira assim como os clichês das ilustrações. [...] Tais folhetos são vendidos nas feiras [...], onde são afixados com grampos em cordas ou cordéis, para ficarem a vista dos possíveis comoradores. | [pic 12] |
Daí provém à denominação de literatura de cordel. Os textos da literatura de cordel são escritos de acordo com uma estrutura ritmada e pré-estabelecida. Essa é uma parte muito importante da confecção do Cordel, pois é quem ditará o ritmo e a métrica na hora de recitar. Existem muitas classificações de acordo com o número de sílabas, versos e rimas. Algumas classificações quanto ao número de versos e sílabas são:
Quadra – estrofe de quatro versos e sete sílabas;
Sextilha – estrofe de seis versos;
Sétima – estrofe de sete versos e sete sílabas;
Oitava – estrofe de oito versos e sete sílabas;
Décima – estrofe de dez versos com sete sílabas.
Texto I - As proezas de João Grilo (trecho)
João Grilo foi um cristão Que nasceu antes do dia, Criou-se sem formosura, Mas tinha sabedoria E morreu depois da hora, Pelas artes que fazia. E nasceu de sete meses Chorou no bucho da mãe, Quando ela pegou um gato Ele gritou: — Não me arranhe Não jogue neste animal, Que talvez você não ganhe! Na noite que João nasceu, Houve um eclipse na lua, E detonou grande vulcão Que ainda hoje continua; Naquela noite correu Um lobisomem na rua. Porém João Grilo criou-se Pequeno, magro e sambudo As pernas tortas e finas, Boca grande e beiçudo. No sítio onde morava, Dava notícia de tudo. João perdeu o pai Com sete anos de idade. Morava perto dum rio, Ia pescar toda tarde. Um dia fez uma cena, Que admirou a cidade. O rio estava de nado. Vinha um vaqueiro de fora. Perguntou: — Dará passagem? João Grilo disse: — Ainda agora, O gadinho de meu pai Passou com o lombo de fora. Vaqueiro botou o cavalo, Com uma braça deu nado; Foi sair muito embaixo, Quase que morre afogado. Voltou e disse ao menino: — Você é um desgraçado! João Grilo foi ver o gado Para provar aquele ato; Vinha trazendo na frente Um bom rebanho de pato — Os patos passaram n'agua, João provou que era exato. A fama então de João Grilo Foi de nação em nação, Por sua sabedoria E por seu bom coração. Sem ser por ele esperado Um dia foi convidado Para visitar um sultão. | O rei daquele país Quis o reino embandeirado Pra receber a visita Do ilustre convidado. O castelo estava em flores, Cheio de tantos fulgores, Ricamente engalanado. Afinal, chegou João Grilo No reinado do Sultão. [...] Quando ele entrou na corte, Que grande decepção! De paletó remendado! Sapato velho furado, Nas costas um matulão! O rei disse: — Não é ele, Pois assim já é demais! João Grilo pediu licença, Mostrou-lhe as credenciais — Embora o rei não gostasse, Mandou que ele ocupasse Os aposentos reais. Só se ouvia cochichos, Que vinham de todo lado. As damas então diziam: — É esse o homem falado? Duma pobreza tamanha E ele nem se acanha De ser nosso convidado? Até os membros da corte Diziam num tom chocante: — Pensava que o João Grilo Fosse dum tipo elegante — Mas nos manda um remendado, Sem roupa, esfarrapado, Um maltrapilho ambulante! E João Grilo ouvia tudo, Mas sem dar demonstração. Em toda a corte real Ninguém lhe dava atenção. Por mostrar-se esmolambado, Tinha sido desprezado Naquela rica nação. Afinal, veio um criado E disse sem o fitar: — Já preparei o banheiro Para o senhor se banhar. Vista uma roupa minha E depois vá pra cozinha, Na hora de almoçar. João Grilo disse; — Está bem! Mas disse com seu botão: ―Roupas finas trouxe eu, Dentro de meu matulão! Me apresentei rasgado, Para ver, neste reinado, Qual era a minha impressão! [pic 13] | João Grilo tomou um banho, Vestiu uma roupa de gala. Então, muito bem vestido, Apresentou-se na sala. Ao ver seu traje tão belo, Houve gente no castelo Que quase perdia a fala. E, então, toda repulsa transformou-se de repente. O rei chamou-o pra mesa. Como homem competente. Consigo, dizia João: ―Na hora da refeição vou ensinar esta gente! O almoço foi servido, Porém João não quis comer; Despejou vinho na roupa, Só para vê-lo escorrer, Ante a corte estarrecida; Encheu os bolsos de comida, Para toda corte ver. O rei, bastante zangado, Perguntou pra João: — Por que motivo o senhor não come da refeição? Respondeu João com maldade:— Tenha calma, majestade Digo já toda a razão. Esta mesa tão repleta De tanta comida boa, Não foi posta pra mim Um ente vulgar, à toa — Desde a sobremesa à sopa, Foi posta pra minha roupa E não pra minha pessoa! Os comensais se olharam, O rei pergunta espantado: — Por que o senhor diz isto, Estando tão bem tratado? Disse João: — Isso se explica Por estar de roupa rica — Não sou mais esmolambado! Eu estando esfarrapado, Ia comer na cozinha, Mas, como troquei de roupa, Como junto da rainha. Vejo nisto um grande ultraje — Homenageiam meu traje, E não a pessoa minha! Toda corte imperial Pediu desculpa a João E muito tempo falou-se Naquela dura lição. E todo mundo dizia Que sua sabedoria Era igual a Salomão! |
Atividade
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