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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR

Por:   •  20/5/2019  •  Artigo  •  3.369 Palavras (14 Páginas)  •  287 Visualizações

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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR: uma sequência básica no 9º ano do EF de uma escola pública no interior de Mato Grosso

Bianca Bruna Alves[1]

        Cláudia Landin Negreiros[2]

RESUMO

Este artigo apresenta uma sequência básica (SB) desenvolvida com alunos de uma turma do 9º ano do ensino fundamental, em uma escola da rede pública, localizada em um município ao norte do Estado de Mato Grosso. O trabalho com o livro Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, teve o objetivo de estimular o hábito da leitura por meio de atividades que possibilitassem a fruição e o deleite. A temática da violência infantil, abordada na obra, também foi contemplada no debate instaurado em sala de aula, atingindo, dessa forma, o letramento literário, ou seja, o processo de apropriação da literatura como uma construção literária de sentidos.

Palavras-chave: Literatura, leitor, letramento literário, sequência básica

ABSTRACT

This article presents a basic sequence (BS) developed with students of a 9th grade elementary school class in a public school, located in a municipality in the north of the State of Mato Grosso. The task with the book Meu Pé de Laranja Lima, by José Mauro de Vasconcelos, aimed to stimulate the habit of reading through activities that allowed enjoyment and delight. The theme of child violence, which discussed in the book, also contemplated in the debate established in the classroom, thus reaching literary literacy, that is, the process of appropriation of literature as a literary construction of meanings.

Keywords: Literature, reader, literary literacy, basic sequence

Introdução

Sabe-se que os alunos do ensino fundamental possuem dificuldades de leitura e interpretação de textos, o que pode ser comprovado nos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o qual é composto por um “conjunto de avaliações externas em larga escala que permitem ao Inep realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e de alguns fatores que possam interferir no desempenho do estudante, fornecendo um indicativo sobre a qualidade do ensino ofertado” (BRASIL, s/d).

Em 2013, a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) foi incorporada ao Saeb para melhor aferir os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática.

Especificamente em relação à leitura, o que se constata, nas escolas, é que o componente curricular Língua Portuguesa privilegia o ensino da gramática e não o da leitura. Nas aulas de literatura, muitas vezes, esta é direcionada a fragmentos de livros, ou textos, resultando em inúmeros alunos que não compreendem o que leem, não conseguem fazer relações entre as muitas informações ao longo do texto, culminando, então, em dificuldades para interpretar.

Assim, a leitura deleite, muito presente nos anos iniciais da escolarização, vai se tornando mais escassa à medida que o aluno avança nas etapas escolares. No ensino fundamental e/ou médio, as leituras passam a ser uma obrigação, tornando-se difícil encontrar novamente a fruição em textos literários.

No que concerne a esse tipo de texto, o mesmo passa a ser lido pelo aluno apenas para responder perguntas, sem interação, pois o verdadeiro leitor deve ser capaz de sentir, expressar o que sentiu, interagir com o autor, propor novas descobertas, usar a imaginação ao ler um texto. Nesse sentido, a escola pode ajudar na formação de alunos leitores, fazendo com que os livros, das bibliotecas escolares ou de caixas de leitura, participem da vida desses, não somente para determinado trabalho, mas proporcionando emoções, reflexões, e claro, criticidade.

Diante disso, é que trazemos, neste artigo, uma experiência didática em literatura, desenvolvida com alunos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública, localizada no norte do Estado de Mato Grosso. Nessa experiência, objetivamos estimular o hábito da leitura por meio de atividades que possibilitassem ao aluno a fruição e o deleite, tomando como referência a sequência básica (SB), apresentada por Rildo Cosson (2016). A leitura do livro Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, foi o mote para se debater, com os alunos, o tema da violência infantil, tão presente na atualidade.

Iniciamos, então, este artigo, após esta introdução, com breves considerações sobre a formação do leitor nesse nível de escolarização, revisitando autores que se debruçaram sobre a temática da leitura; seguimos discorrendo sobre o letramento literário; apresentamos a sequência básica desenvolvida; e, por fim, nossas considerações finais e as referências por nós consultadas.

A formação do leitor no ensino fundamental

O sucesso da leitura teria como primeiro passo, segundo Geraldi (2004), trazer para a escola o prazer de ler e o respeito aos conhecimentos e leituras anteriores do aluno. Para o autor, é importante que se reconheça que nenhum leitor inicia o seu percurso a partir dos clássicos, o que significa que os professores devem instigar seus alunos a fazerem o maior número de leituras possíveis, mesmo que eles ainda não correspondam a todas as expectativas esperadas. E mais, cabe ao docente se atentar para o que os alunos se interessam, quais as possíveis leituras e como se aproximar dos mesmos, e que também percebam que o que lhes é pedido não é uma obrigação; nesse processo, é importante que o professor esteja conectado ao mundo dos jovens para conhecer os diversos textos que circulam nesse mundo.

Assim, estimular o hábito da leitura por meio de estratégias nas quais o aluno não se sinta pressionado ou obrigado a ler, torna-se necessário para que o mesmo se torne um leitor autônomo, o que, segundo Solé (1998, p. 72),

também significa formar leitores capazes de aprender a partir dos textos. Para isso, quem lê deve ser capaz de interrogar-se sobre sua própria compreensão, estabelecer relações entre o que lê e o que faz parte do seu acervo pessoal, questionar seu conhecimento e modificá-lo [...].

Por isso, faz-se necessário que o professor que atua no ensino fundamental seja o mediador entre a leitura e seus alunos, ser também um leitor assíduo, mostrar interesse pela leitura, fazer escolhas apropriadas para a idade correspondente, disponibilizar livros variados, fazer leitura em voz alta, relatar histórias, apresentar autores, pois

É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula. Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo). (ABRAMOVICH, 2008, p. 17).

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