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A Invenção Do Letramento

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Por:   •  20/9/2014  •  1.194 Palavras (5 Páginas)  •  2.397 Visualizações

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A invenção do letramento

Segundo Magda Soares, curiosamente a invenção do Letramento aconteceu simultaneamente em vários locais do mundo devido a necessidade de reconhecer práticas sociais de leitura e escrita mais avançadas do que o simples ler e escrever que são resultados da aprendizagem do sistema de escrita.O letramento surgiu em meados de 1980 em vários países como Brasil, Portugal , França, Estados Unidos e na Inglaterra para nomear os fenômenos distintos do que conhecemos como alfabetização.

Apesar de nos EUA e na Inglaterra a palavra literacy já estar dicionariazada desde o final do séc.XIX foi nos anos 80 que o fenômeno que ela nomeia tornou-se foco de grande atenção e discussão nas áreas da linguagem e educação, comprovando isso os muitos artigos publicados e livro sobre o assunto nessa época e a partir desse momento que se operacionalizou nos diversos programas de avaliação de competências de leitura e escrita da população.

Foi muito significativa que a proposta da ampliação do conceito literate para functionally literate seja tão próxima dessa época e dessa forma sugerindo que as avaliações internacionais sejam mais do que medir a capacidades de ler e escrever.

Mas se houve coincidência no momento histórico, existem várias diferenças no contexto e nas causas dessa emersão entre os países desenvolvidos como França, Inglaterra e EUA e em desenvolvimento como o Brasil. Uma diferença fundamental é o grau de ênfase dado ao conceito de letramento e o conceito de alfabetização.

Nos países desenvolvidos a população é alfabetizada mas não domina as habilidades de leitura e escrita . Nos EUA e França o problema surge independente da alfabetização básica e sendo assim esses problemas são tratados de forma independente revelando assim sua especificidade e sua relação de não casualidade entre elas.

Já no Brasil, os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam e muitas vezes se confundem e isso pode ser detectado nos censos demográficos. Até a década de 40 as pessoas que se declaravam alfabetizadas sabiam escrever e ler o próprio nome. A partir da década de 50 estar alfabetizada era saber ler e escrever bilhetes simples. Isso mostra as alterações que ocorreram com o passar dos anos até onde atualmente se tem o alfabetismo funcional, onde a pessoa sabe ler e escrever mas não sabe fazer uso correto da leitura e escrita .

Assim podemos verificar as alterações ocorridas ao longo dos anos e mostradas através dos censos que nos permitem verificar uma cautelosa extensão do conceito de alfabetização em direção ao letramento, do saber ler e escrever em direção ao ser capaz de fazer uso da leitura e da escrita.

Já em 1991, resultado do Censo então realizado, após declarar que ,pelos dados ,apenas 18 % eram analfabetos ,acrescenta “mas o numero de desqualificados e muito maios” sendo assim analfabetos funcionais .Embora a relação entre alfabetização e letramento seja inegável ,alem de necessária e até mesmo imperiosa ,ela ainda que focalize diferenças,acaba por diluir a especificidade de cada um dos dois fenômenos .Conclui se que a invenção do letramento , entre nós ,se deu por caminhos diferentes daqueles que explicam a invenção do termo em outros países ,como a França e os Estados Unidos .Enquanto nesses outros países a discussão do letramento se faz de forma independente em relação a discussão da alfabetização ,no Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de alfabetização ,o que tem levado ,apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica , a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos ,com prevalência do conceito de letramento ,por razoes que tentarei identificar mais adiante,o que tem conduzido a um certo apagamento da alfabetização que, talvez com algum exagero ,denomino desinvenção da alfabetização .

A desinvenção da alfabetização

É progressiva perda de especificidade do processo de alfabetização que parece vir ocorrendo na escola brasileira ao longo das ultimas décadas .Certamente essa perda de especificidade da alfabetização é fator explicativo ,evidentemente ,não o único ,mas talvez o mais relevante ,do atual fracasso na aprendizagem que vem ocorrendo insistentemente há décadas ....Sempre concentrado na etapa inicial do ensino fundamental . A hipótese aqui levantada é que a perda de especificidade do processo de alfabetização ,nas duas ultimas décadas ,é um entre os muitos e variados fatores ,que pode explicar esta atual “modalidade” de fracasso escolar em alfabetização. A aprendizagem é através da gradativa construção do conhecimento na relação da criança com a língua escrita, ou seja, é preciso observar que alguns

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