A Negrinha - Monteiro Lobato
Por: Thayara Damasceno • 22/5/2018 • Resenha • 657 Palavras (3 Páginas) • 698 Visualizações
Qual é a imagem do negro?
Monteiro, consegue deixar bem claro ao leitor a visão que ele quer passar de negrinha. É uma criança órfã, a mãe morreu logo após a lei de libertação dos escravos, sendo assim criada por Dona Inácia, uma viúva que não tinha filhos pois não suportava o choro de uma criança, em uma visão mais aprofundada sobre as características mentais da personagem, é uma mulher amarga, racista e extremamente enjoada, não suporta negros por tanto, se achando superior pelo simples fato de ser branca.
Nós como leitores, conseguimos observar negrinha sempre com os olhos muito arregalados de medo de sua dona, em seu canto isolada pois não poderia fazer algum movimento que já era motivo para apanhar. É assustador o quanto o corpo de negrinha é marcado; marcas de apanhar, de beliscões, de varas e principalmente das marcas psicológicas que negrinha carrega consigo, uma criança que nunca ouviu uma palavra de carinho mas sim, apelidos carregados de insultos racistas, tais como: Diabo, peste, coruja,bruxa, pata-choca, sujeira, coisa ruim e até mesmo o apelido que virou seu nome, negrinha. É muito triste a imagem que os leitores têm de negrinha, uma criança com medo, apavorada e fica extremamente anestesiada quando se depara com uma boneca de uma das sobrinhas de dona Inácia.
Entende-se que era um período histórico difícil, um momento carregado de ódio também conhecido como o fim da escravidão no brasil. Naquele período, era comum ver pessoas sofrerem como negrinha e até mesmo pior, Uma época sangrenta, onde o preconceito era fortemente cultivado e infelizmente ainda está em nossa sociedade, o autor da obra de negrinha, Monteiro Lobato, um escritor da era de 30, estudado, advogado e com alta condição social, era preconceituoso e deixava facilmente transparecer isso em suas obras, este conto é uma delas, em suas cartas pessoais para seu amigo Godofredo Rangel, chamado “A Barca de Gleyre” é extremamente visível o seu ódio contra os negros e como se debocha disso, como no trecho:
“…dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde.” (Carta a Godofredo Rangel incluída na primeira edição do livro “A Barca de Gleyre” em 1944).”
Mas como essa é uma análise denunciando o preconceito no conto e não no autor desse conto, indico a leitura desse livro (A barca de Gleyre) porém não entraremos nesse mérito.
Negrinha era uma criança comum, cheia de marcas físicas mas não tão dolorosas quanto as marcas psicológicas que com ela carregava, era abandonada como um gato sem dono, ninguém se importava com a menina e o maior abuso que aquela criança sofreu psicologicamente foi viver sem a mãe, sem um afeto, sem um carinho, sem para quem chorar e físico, foi a cena do ovo, uma cena que nos deixa indignado com a situação e com vontade
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