Resenha: Negrinha de Monteiro Lobato

Resenha: NEGRINHA obra de José Bento Renato Monteiro Lobato; Entre o final do século XIX e começo do século XX; Publicado em 1920.

José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, em 1882. Homem de grande diversidade e talento, foi considerado gênio e pioneiro da literatura infanto-juvenil. Escritor, ativista, diretor e produtor brasileiro, foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções,estas publicações tiveram como propósito, apesar de serem contos infantis, ser um instrumento de luta contra o atraso cultural e a miséria do Brasil. Tornou-se editor da empresa “Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato", lançando as bases da indústria editorial no Brasil e dominou o mercado livreiro. Sua vocação era mesmo as artes: pintura, fotografia e o mundo das letras.

 Monteiro Lobato produziu sua obra durante o pré-modernismo, tendo em negrinha as características do pré-modernismo, realismo/naturalismo, passado literário brasileiro. A obra é naturalmente detalhista. Em Negrinha pode-se perceber a questão racial bastante ressaltada, onde a desigualdade prevalece entre brancos e negros. Lobato pega pesado em um aspecto comum no cotidiano da época, a pós abolição. Onde se tinha hábitos de ter negros em casa, e sua crítica vinha do fato da sociedade branca e rica manter a “escravidão’’ depois da abolição.

 O conto de passa em uma casa de uma senhora chamada Inácia, que não tinha filhos e nenhum contato com crianças a não ser Negrinha. Que desde que chegou era um incômodo, veio da senzala para ficar nos cantos da casa, como um ser sem dono, totalmente rejeitada. Negrinha servia apenas para alívio de estresse, apanhava de todos na casa e principalmente da dona Inácia uma senhora rica, gorda, “dona do mundo”, a mimada dos padres.  

 Negrinha tinha o corpo marcado pelas surras, onde o ponto máximo de seu sofrimento foi quando estava fazendo uma refeição e decidiu guardar um pedaço de carne, uma criada observou e pegou o pedaço de carne para ri fazendo com que a menina a chingasse com as palavras em que era acostumada a ouvir. A criada não satisfeita contou para a dona Inácia, e foi ai que aconteceu a tortura. A mulher fria e azeda pegou a menina, cozinhou um ovo e colocou fervendo na boca de Negrinha fazendo-a mastigar e queimar sua boca.

A única alegria na vida de Negrinha é quando ficava parada observando o relógio, até um determinado dia que chega as férias. Chega na casa duas sobrinhas de Inácia, brancas dos olhos azuis, alegres e com vários brinquedos, negrinha tenta se aproximar, mas é repreendida. Até que quando surge uma boneca que faz Negrinha ficar encantada, ela se aproxima já esperando a surra mas é surpreendida. Dona Inácia mesmo com aquele coração de pedra a deixa brincar com as meninas, fazendo com que Negrinhas tenha dias de alegria. Mas as férias acabam e Negrinha volta a ter sua vida de antes, mas agora começa a refletir o seu papel no mundo, uma vida de sofrimento e importância nenhuma. Chega a um determinado momento que o sofrimento é tão grande que negrinha chega a morrer de tristeza, e na sua morte ela imagina sendo rodeada de bonecas loiras, remetendo a sua única felicidade.

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