A Tendências Contemporâneas
Por: rafaellamen_ • 3/5/2016 • Resenha • 1.432 Palavras (6 Páginas) • 1.354 Visualizações
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
O Modernismo e o Brasil depois de 30
Em “História Concisa da Literatura Brasileira”, Alfredo Bosi começa o oitavo e último capítulo de seu livro frisando que o termo “contemporâneo é, por natureza, elástico e costuma trair a geração de quem o emprega. Por isso, é boa praxe dos historiadores justificar as datas com que batizam o tempo”. (BOSI, 2013, p. 409). As datas que o autor se refere são duas: 1922, a Semana de 22 “foi um acontecimento e uma declaração de fé na arte moderna” (BOSI, 2013, p. 409), e 1930.
Na década de 30, as conquistas realizadas pela geração de 22 já se encontravam estabelecidas. Era preciso mais do que compreendê-las, principalmente na realidade em que o mundo se deparava, um ambiente de preocupação devido as guerras.
Com isso, a sentença em que se encontrava o mundo era de um ar de pessimismo, sem nenhuma pretensão para o futuro, mas ao mesmo tempo, uma havia envolvimento social.
E esse envolvimento conduziu os rumos de escritores a um novo lugar em nossa literatura: o Nordeste.
O crítico encerra o seu capítulo afirmando que o Estado Novo (1937-45) e a II Guerra provocaram tensões ideológicas, e assim:
[...] entre os frutos maduros da sua introjeção na consciência artística brasileira contam-se obras-primas como A Rosa do Povo, de Drummond de Andrade, Poesia Liberdade, de Murilo Mendes, e as Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. (BOSI, 2013, p. 411).
Dependência e superação
No que diz respeito ao “novo sistema cultural posterior a 30 não resulta em cortar as linhas que articulam a sua literatura com o Modernismo”, mas sim, a ligá-las a “novas configurações históricas a exigirem novas experiências artísticas. (BOSI, 2013, p. 411).
Da ruptura para as permanências da década, encontramos o que ficou: a linguagem reelaborada. Bosi, escreve que a “dívida maior foi, e era de esperar que fosse, a da poesia.” (BOSI, 2013, p. 411). Com isso, era notável na época o que a poesia vinha mostrando de novo: liberação estética. Já na prosa de ficção, foi marcada pela “descida” à linguagem oral.
Dois Momentos
Alfredo Bosi é claro ao justificar que “não é fácil separar com rigidez os momentos internos do período que vem de 1930 até nossos dias.” (BOSI, 2013, p. 412).
Com tudo podemos afirmar que no campo da literatura moderna, esta pode ser dividida por dois importantes momentos. Primeiro, entre 1930 a 1945, o panorama literário apresentava a ficção regionalista, o ensaísmos social e também, o aproveitamento da lírica moderna.
A partir de 1950, no meio literário “entram a dominar o nosso espaço mental o tema e a ideologia do desenvolvimento.” (BOSI, 2013, p. 412).
A FICÇÃO
“Os decênios de 30 e de 40 serão lembrados como ‘a era do romance brasileiro’.” (BOSI, 2013, p. 415). E não só de ficção regionalista foi feita essa época, como também da prosa cosmopolita e páginas de sondagem psicológica e moral.
“Socialismo, freudismo, catolicismo existencial: eis as chaves que serviram para a definição do homem em sociedade e sustentariam ideologicamente o romance empenhado desses anos fecundos para a prosa narrativa.” (BOSI, 2013, p. 416).
Assim, tornou-se comum uma ficção aberta, onde se tinha um gosto por análise psíquica, notação moral e realismo psicológico bruto.
As trilhas do romance: uma hipótese de trabalho
Como sustenta Alfredo Bosi:
“Em face da sociedade burguesa, fundo comum da literatura ocidental nos últimos dois séculos, o romancista tende a engendrar a figura do ‘herói problemático’, em tensão com as estruturas ‘degradadas’ vigentes, isto é, estruturas incapazes de atuar os valores que a mesma sociedade prega: liberdade, justiça, amor...” (BOSI, 2013, p. 417).
Da parte do herói há diversas maneiras de interpretar a “dialética de vínculo” e “oposição ao meio”. No escritor romancista a ideia em que projeta as personagens ganha formas de ironia e ao mesmo tempo, transcender o ponto de vista do heroi.
Podemos dividir o romance brasileiro moderno, em pelo menos, quatro tendências, conforme o crescente grau de tensão que ocorre entre o “herói” e o seu mundo:
1) romance de tensão mínima – há um conflito, no entanto, este se configura em termos de oposição verbal, sentimental quando muito;
2) romance de tensão crítica – o heroi opõe-se e resiste agonicamente às pressões da natureza e do meio social;
3) romance de tensão interiorizada – o heroi busca ultrapassar o conflito que o constitui existencialmente pela transmutação mítica ou metafísica da realidade.
4) romance de tensão transfigurada – o heroi procura ultrapassar o conflito que o constitui existencialmente pela transmutação mítica ou metafísica da realidade.
Deste modo, é justo lembrar os nomes de alguns autores contemporâneos: José Américo de Almeida, Raquel de Queirós, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Marques Rabelo, José Geraldo Vieira, Lúcio Cardoso, Cornélio Pena, entre outros.
Outros narradores intimistas
Da ficção “egótica” à ficção suprapessoal. Experiências Clarice Lispector.
Permanência e transformação do Regionalismo
A essa altura de sua produção Alfredo Bosi já havia mencionado alguns exemplos de regionalismo crítico, eis Usina e Fogo Morto de Lins do Rego, e São Bernardo e Vidas Secas de Graciliano Ramos para provar.
O Nordeste brasileiro, fonte de clássicos do neorrealismo, concorreu com uma copiosa literatura ficcional, “que vai do simples registro de costumes locais à aberta opção de crítica e engajamento que as condições da área exigem.” (BOSI, 2013, p. 455)
O crítico ainda cita nomes importantes da literatura brasileira, como Ariano Suassuna que combinando lenda e humor, tradição popular e paródia, conseguiu surpreender a todo público com duas grandes narrativas, A pedra do Reino (1971) e O Rei Degolado (1977), e João Guimarães Rosa, que nas palavras do ensaísta:
O regionalismo, que deu algumas das formas menos tensas de escritura [...], estava destinado a sofrer, nas mãos de um artista-demiurgo, a metamorfose que o traria de novo ao centro da ficção brasileira. A alquimia, operada por João Guimarães Rosa, tem sido o grande tema da nossa crítica desde o aparecimento dessa obra espantosa que é Grande Sertão: Veredas. (BOSI, 2013, p. 458).
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