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A Vida dos Animais

Por:   •  13/5/2017  •  Artigo  •  766 Palavras (4 Páginas)  •  291 Visualizações

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A Vida Dos Animais, De J. M. Coetzee

Autor: J. M. Coetzee
Editora: 
Companhia das Letras, 2003
Páginas: 
148
Tradução: 
José Rubens Siqueira

A luta entre homens e animais há muito tempo tem se tornado cada vez mais complexa e conceitual. A nossa relação com eles é, por um lado, de apaixonamento pela sua natureza, instinto, docilidade, companhia e nos leva a ter sentimentos por muito esquecidos por nossa “humanidade”. Por outro lado, entendemos que os animais são também seres inferiores, sem pensamento, sem reflexão, sem inteligência, que servem, também por isso, para sempre comida, objetos de contemplação em zoológicos, figuras para caça e até experiências científicas. Ou então até valorizamos sua inteligência e potencialidades e ainda assim, hipocritamente, aceitamos que sejam mortos passivamente. Filósofos e pensadores vem, gradualmente, acentuando esse debate que parece estar a ponto de explodir. A Vida dos Animais de J. M. Coetzee é uma excelente reflexão sobre o assunto.

A Vida dos Animais, escrito em 1999, é uma obra complexa e completa em vários sentidos. Trata-se de uma palestra de Coetzee sobre a relação entre homens e seus amigos bichos. No entanto, sua palestra é, nada mais nada menos, que uma ficção em que uma mulher dá uma palestra sobre o mesmo tema. Basicamente, a história é sobre Elisabeth Costello, escritora famosa recebida na casa de seu filho em uma cidade que dará duas palestras sobre um tema a escolher. A autora escolhe falar de animais e prepara dois textos chamados: “Os filósofos e os animais” e “Os poetas e os animais”. As palestas, entretanto, são intercaladas com os pensamentos de seu filho e, principalmente, os contrapontos de sua nora Norma e do filósofo O’Hearne que veem vários furos no pensamento de Elisabeth.

E aí está a questão do livro: apresentando diversos contrapontos, não se pode saber quando é a opinião de Coetzee e quando é a opinião de um personagem – todos os lados são expostos, contrapostos, ou melhor, interpostos, e não se consegue uma dialética, gerando um “choque” de ideias dos mais interessantes da “literatura acadêmica.”. Ao final do livro, há algumas reflexões de pessoas de diversas áreas sobre a palestra de Coetzee, expondos ainda outros lados, com experiências pessoais, sobre a questão.

Algumas questões apresentadas por Costello (ou Coetzee?) são:

 1 – Uma comparação entre os tratos dos animais e das pessoas nos campos de concentração nazista.

2 – A razão, principalmente de Descartes, que ganhou o domínio do pensamento e que, portanto, precisa ser destronada para que outras formas de pensar possam ser integradas à vida dos homens.

3 – A referência ao personagem Pedro Rubro, de Kafka, um macaco que coloca smoking e faz uma palestra falando da vida animal, afirmando que agora domina todas as “macaquices acadêmicas”

4 – Uma espécie de “compromisso” que deveríamos ter com o corpo animal, uma vez que ele é também corpo, como nós.

 Costello chega a dizer, em dado momento, que não consegue entender como consegue se sentar à mesa ao lado de pessoas que comem carne, bichos mortos assassinados brutalmente para virar apenas alimento. No entanto, ela também se pergunta como podem ser tão horríveis, se são pessoas tão dóceis? Está posta, então, outras perguntas: não será tudo apenas conceitos? Visão de mundo parcial ou escolha própria? Os contrapontos à fala de Elisabeth, servem então, para reposicionar algumas das reflexões. Norma, durante um jantar, afirma:

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