A função da Arte
Por: Manuella Lima • 7/4/2015 • Trabalho acadêmico • 787 Palavras (4 Páginas) • 452 Visualizações
Tudo o que o artista mais provoca com a arte é uma condensação da natureza em sua obra. O verdadeiro artista utiliza como matéria prima de seus feitos coisas que não servem para nada, mas que servem como utensílios para um poema, pois a genuína arte dispensa a utilidade viável.
Joan Miró em 1940 teve que abandonar Paris e retornar à Espanha devido à guerra. Lá, o franquismo quis proibir e, além disso, impedi-lo de ter acesso aos materiais para sua produção artística. Mas, como citado por ele, ele utiliza de materiais inusitados como: bambu para fazer grafismos na areia da praia, jato de urina sobre a terra seca, riscos em espaço vazio e tudo isso para mostrar que não há ausência de recursos para repercutir suas realizações artísticas.
Marcel Duchamp, não estava a serviço da obra apenas como matéria estética, dando assim uma reviravolta na arte moderna.
Joseph Beuys conseguiu ser muito afinado com seu tempo e um visionário ao escrever nos anos 70 o “Manifesto por uma alternativa global”, no qual ele exercia sua cidadania ecológica planetária por meio da arte: “ ... o olho interior tem mais poder de decisão que as imagens externas imediatas ... não poderão porém ser julgados somente por suas formas externas, mas também terão que ser julgados no interior do ser humano, onde se tornam contempláveis”.
O estado de espírito do criativo requer mais que as espertezas verbais/visuais da mente. As sutilezas da alma precisam ser ativadas para que tudo seja Arte. Mondrian, em 1922, sugeria basicamente isso, ao expressar que “quando a arte estiver perfeitamente integrada na vida, ela deixará de existir, pois tudo será Arte”.
Frederico Morais escreve para o livro Chorei em Bruges: “Nenhuma revolução que vise o desenvolvimento do homem pode prescindir da arte, isto é, do desenvolvimento da imaginação criadora”.
Fazer arte é como sacar uma arma poderosa que o poder politico, a classe majoritária, teme e por isso tentar coibir sua força e também sua poética. O sistema cultural encara os artistas como marginais e apenas uteis no momento oportuno. Em 1927, escrito por Kasimir Malevich, Manifesto do Suprematismo cita: “Do ponto de vista dos suprematistas, as aparências exteriores da natureza não apresentam nenhum interesse: essencial é a sensibilidade em si mesma, independentemente do meio em que teve origem”. Segundo ele, como somos seres sensíveis, o sensível dá forma a outra figuração. A arte, no puro ato de sinceridade do momento criador, nos revela sua auto existência. Tal arte não está a serviço de nada. Libertas do manuseio para fins lucrativos, José Tadeu Arantes faz uma observação oportuna de que “as artes poderão recuperar seu lugar como espaço privilegiado para um tríplice reencontro: do homem com a natureza, dos humanos entre si e do individuo consigo mesmo”.
A arte existe pelo prazer de harmonizar os contrários, pela busca de soluções, para manter as práticas utopias. É como Amedeo Modigliani diz: “o real deve do artista é salvar o sonho”, é como fazer o que proclamava Paul Gauguim: “eu fecho os olhos para ver”.
O papel de quem busca o princípio ativo é visionar o invisível, além da capacidade de indignação e não conformação com o real. Esta é a causa da decepção de muitos quando vistam um museu com obras do Duchamp, pois esperam
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