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ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LETRAMENTO CIENTÍFICO

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Por:   •  7/4/2014  •  3.564 Palavras (15 Páginas)  •  727 Visualizações

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ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LETRAMENTO CIENTÍFICO

Eliana ULHÔA

Flávia GONTIJO

Dácio MOURA

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET – MG

RESUMO: Este trabalho discute a fundamentação que apóia as práticas na perspectiva do

letramento refletindo sua origem no mundo e no Brasil. Propõe um outro olhar sobre a

alfabetização analisando a língua escrita, que é o objeto de conhecimento envolvido nessa

discussão. Propõe, também, uma reflexão sobre o letramento, discutindo o tema no campo

da ciência, ou melhor, na formação dos alunos para uma vida numa sociedade científica e

tecnológica.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, letramento, letramento científico.

1. Introdução:

É fato o baixo rendimento dos alunos nos processos de leitura e de escrita na escola

fundamental no Brasil. Para alguns o baixo rendimento é justificado pela má formação dos

professores, para outros pela falta de recursos financeiros e materiais, pela falta de projetos

públicos e vontade política. Ao mesmo tempo em que assistimos a grandes debates sobre

o que causa tal situação, temos por outro lado estudiosos que procuram entender o

fenômeno e propor novos encaminhamentos, novos olhares sobre o fato. E ao buscar

conhecer a prática do professor alfabetizador observou-se a idéia de que alfabetizar era

ensinar o alfabeto. E nesse sentido, percebe-se uma prática voltada somente para o ensino

dos aspectos do sistema de escrita onde saber ajuntar as letras e decifrá-las era objetivo de

todo o trabalho da alfabetização. O resultado dessa experiência é conhecido por todos: os

analfabetos funcionais, aqueles que depois de passarem pela escola não conseguem

construir sentidos daquilo que lêem e não conseguem se comunicar através de textos

escritos. Foi urgente agir contra essa realidade e nesse sentido, as discussões sobre 2

letramento surgidas no Brasil na década de 80 favoreceram avanços nas análises e nas

práticas escolares. Chamar a atenção dos professores e educadores escolares para o fato de

que o texto escrito era mais que um sistema de códigos a ser decodificado era fundamental

para desestabilizar as ações pedagógicas aplicadas. Era urgente chamar a atenção para a

perspectiva da escrita e da leitura como práticas sociais, que só têm sentido quando

produzidas e interpretadas em um determinado contexto, com uma determinada intenção e

com modos específicos de organização.

Neste artigo pretende-se retomar a fundamentação que apóia as práticas na perspectiva do

letramento resgatando dados sobre sua origem no mundo e no Brasil. Será proposto um

outro olhar sobre a alfabetização colocando em questão o objeto de conhecimento

envolvido nessa discussão: a língua escrita. E por fim, o letramento será discutido no

campo da ciência, ou melhor, na formação dos alunos para uma vida numa sociedade

científica e tecnológica.

O propósito, portanto, deste texto, será o de colaborar nas discussões sobre a alfabetização,

não com indicações práticas, mas que a partir de uma breve revisão bibliográfica e do

envolvimento no debate aqui proposto, educadores possam encontrar argumentos que

justifiquem suas próprias práticas, entendendo o que faz e por que faz.

2. Origem do termo letramento:

O termo letramento foi usado inicialmente em uma abordagem antropológica. As práticas

de leitura e escrita como socialmente construídas só começaram a ser pesquisadas a partir

da década de 70. Até esse momento, o letramento era compreendido como “codificação e

decodificação de símbolos organizados em qualquer sistema que representa, de forma

permanente e precisa, a linguagem oral”. (MACEDO, 2005:32)

Anterior aos anos 70, autores como Jack Good, David Olson e Walter Ong entendiam a

escrita como sendo autônoma, independente do contexto. Apresentava-se desvinculada do

oral, como um componente no desenvolvimento cognitivo do sujeito e no social e

econômico de uma sociedade. (MACEDO, 2007)

Na década de 80, grandes estudos empíricos etnográficos foram realizados em várias

sociedades para analisar as práticas de letramento. A partir dos trabalhos realizados na 3

África por Scribner e Cole (1981), baseados na psicologia sociocultural, essa perspectiva

foi mudando. Surgem, quase que simultaneamente, em outros países, estudos

antropológicos sobre a leitura e a escrita como os de Street (1984) com a pesquisa

realizada no Irã e os de Shirley Hearth (1983)

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