ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LETRAMENTO CIENTÍFICO
Ensaios: ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LETRAMENTO CIENTÍFICO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: crismussinato • 7/4/2014 • 3.564 Palavras (15 Páginas) • 740 Visualizações
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ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LETRAMENTO CIENTÍFICO
Eliana ULHÔA
Flávia GONTIJO
Dácio MOURA
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET – MG
RESUMO: Este trabalho discute a fundamentação que apóia as práticas na perspectiva do
letramento refletindo sua origem no mundo e no Brasil. Propõe um outro olhar sobre a
alfabetização analisando a língua escrita, que é o objeto de conhecimento envolvido nessa
discussão. Propõe, também, uma reflexão sobre o letramento, discutindo o tema no campo
da ciência, ou melhor, na formação dos alunos para uma vida numa sociedade científica e
tecnológica.
PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, letramento, letramento científico.
1. Introdução:
É fato o baixo rendimento dos alunos nos processos de leitura e de escrita na escola
fundamental no Brasil. Para alguns o baixo rendimento é justificado pela má formação dos
professores, para outros pela falta de recursos financeiros e materiais, pela falta de projetos
públicos e vontade política. Ao mesmo tempo em que assistimos a grandes debates sobre
o que causa tal situação, temos por outro lado estudiosos que procuram entender o
fenômeno e propor novos encaminhamentos, novos olhares sobre o fato. E ao buscar
conhecer a prática do professor alfabetizador observou-se a idéia de que alfabetizar era
ensinar o alfabeto. E nesse sentido, percebe-se uma prática voltada somente para o ensino
dos aspectos do sistema de escrita onde saber ajuntar as letras e decifrá-las era objetivo de
todo o trabalho da alfabetização. O resultado dessa experiência é conhecido por todos: os
analfabetos funcionais, aqueles que depois de passarem pela escola não conseguem
construir sentidos daquilo que lêem e não conseguem se comunicar através de textos
escritos. Foi urgente agir contra essa realidade e nesse sentido, as discussões sobre 2
letramento surgidas no Brasil na década de 80 favoreceram avanços nas análises e nas
práticas escolares. Chamar a atenção dos professores e educadores escolares para o fato de
que o texto escrito era mais que um sistema de códigos a ser decodificado era fundamental
para desestabilizar as ações pedagógicas aplicadas. Era urgente chamar a atenção para a
perspectiva da escrita e da leitura como práticas sociais, que só têm sentido quando
produzidas e interpretadas em um determinado contexto, com uma determinada intenção e
com modos específicos de organização.
Neste artigo pretende-se retomar a fundamentação que apóia as práticas na perspectiva do
letramento resgatando dados sobre sua origem no mundo e no Brasil. Será proposto um
outro olhar sobre a alfabetização colocando em questão o objeto de conhecimento
envolvido nessa discussão: a língua escrita. E por fim, o letramento será discutido no
campo da ciência, ou melhor, na formação dos alunos para uma vida numa sociedade
científica e tecnológica.
O propósito, portanto, deste texto, será o de colaborar nas discussões sobre a alfabetização,
não com indicações práticas, mas que a partir de uma breve revisão bibliográfica e do
envolvimento no debate aqui proposto, educadores possam encontrar argumentos que
justifiquem suas próprias práticas, entendendo o que faz e por que faz.
2. Origem do termo letramento:
O termo letramento foi usado inicialmente em uma abordagem antropológica. As práticas
de leitura e escrita como socialmente construídas só começaram a ser pesquisadas a partir
da década de 70. Até esse momento, o letramento era compreendido como “codificação e
decodificação de símbolos organizados em qualquer sistema que representa, de forma
permanente e precisa, a linguagem oral”. (MACEDO, 2005:32)
Anterior aos anos 70, autores como Jack Good, David Olson e Walter Ong entendiam a
escrita como sendo autônoma, independente do contexto. Apresentava-se desvinculada do
oral, como um componente no desenvolvimento cognitivo do sujeito e no social e
econômico de uma sociedade. (MACEDO, 2007)
Na década de 80, grandes estudos empíricos etnográficos foram realizados em várias
sociedades para analisar as práticas de letramento. A partir dos trabalhos realizados na 3
África por Scribner e Cole (1981), baseados na psicologia sociocultural, essa perspectiva
foi mudando. Surgem, quase que simultaneamente, em outros países, estudos
antropológicos sobre a leitura e a escrita como os de Street (1984) com a pesquisa
realizada no Irã e os de Shirley Hearth (1983)
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