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ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA EM REPORTAGENS VINCULADAS PELA EMISSORA REDE GLOBO.

Por:   •  7/12/2015  •  Artigo  •  12.078 Palavras (49 Páginas)  •  434 Visualizações

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ANÁLISE DISCURSIVA  SOBRE A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA  EM REPORTAGENS VINCULADAS PELA EMISSORA REDE GLOBO.

Ariane Silva Alves Martins[1]

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é compreender o discurso dos programas e reportagens informativas online da emissora Rede Globo sobre o uso da maconha e sua legalização, e analisar como são produzidos.

Utilizaremos a Análise do Discurso Francesa (AD) para observar como esse órgão de imprensa utiliza a linguagem verbal e visual para produzir sentidos no que se refere à maconha, e como eles estão diretamente ligados à ideologia (pois sabemos que é no discurso que ela se materializa), à realidade social e à história. Por meio da análise do corpus veremos quais os sentidos que as reportagens do Jornal Nacional, Fantástico e Portal G1  atribuem à droga em questão.

EMBASAMENTO TEÓRICO

 Inicialmente é interessante ressaltarmos o conceito teórico acerca de discurso dentro da AD. Segundo Maingueneau, o discurso para AD é o lugar onde há a materialização de uma ideologia. É o conjunto de textos produzidos por uma FD (formação discursiva) e também o sistema que permite a formulação desse discurso. Esse sistema é composto por regras que submetem, condicionam uma enunciação. Elas provêm de instituições, do posicionamento social e ideológico. O discurso se materializa no texto e no gênero textual preferencial de materialização desse discurso. Por exemplo: o discurso científico se materializa preferencialmente em artigos. O discurso católico, em sermões. Assim, há gêneros que privilegiam certos discursos. O discurso se inscreve no sujeito, é um conjunto de enunciados que provem de uma mesma formação discursiva, englobando uma sequencia de enunciados que provém de uma mesma FD. O discurso tem regras no sentido de que há necessidade de manter um sentido de que aquela matriz discursiva segue. Dentre os conceitos que utilizaremos para dar conta dessa análise em questão estão a formação discursiva e o interdiscurso.

A formação discursiva é o que pode e deve ser dito de acordo com o discurso produzido do lugar de onde você está posicionado, é considerado inconsciente. Levado a falar o que fala a partir de sua FD. são regras que definem as condições de exercício da função enunciativa (de acordo com Foucault). Para Pêcheux é o que pode e o que deve ser dito: “Falamos a mesma língua mas falamos diferentes” , ou seja,  depende da FD a que se adere, um sujeito “fala diferente” de outro. Só se produz um efeito se houver o partilhamento de formação discursiva. Cada FD tem um dicionário próprio. Uma FD não é bloco compacto, logo, os limites estão sempre se deslocando e é preciso então, definir FD a partir de seu intradiscurso.

De acordo com Maingueneau, em relação ao interdiscurso temos discursos entre os quais uma FD mantem relação com outra, e quais são as condições históricas que permitem a emergência de certo discurso. Por exemplo: o discurso das piadas de loira só emerge a partir do crescimento do cenário que as mulheres ocupam. Há o sentido restrito e sentido amplo. No sentido restrito, conjunto de discursos do mesmo campo que mantêm relações se delimitam reciprocamente uns com os outros. Sendo assim analisa as trocas, os lugares onde essa heterogeneidade constitutiva se mostra. O lugar não é o discurso em si mas nas relações que esse discurso mantem com outros discursos. É materializado pelo intradiscurso. É interessante para a AD quando houver a presença do interdiscurso no intradiscurso. São os enunciados onde figuram os pré-construídos. O interdiscurso é a memória de enunciados produzidos por ele e pelo outro (um está na raiz do outro). O interdiscurso é visto como uma tríado onde o universo discursivo é o mais amplo, o campo discursivo são recortes menos amplos e o espaço discursivo é a menor parte.

Desse modo, a partir da análise do corpus, buscaremos observar as formações discursivas que estão vinculadas no discurso das reportagens da Rede Globo.  Buscaremos relacionar o discurso produzido nas matérias com outros discursos anteriores a elas, com os quais se cruzam, são os chamados interdiscursos, no qual se encontram múltiplas falas, e que, segundo Maingueneau (2008, p. 35-36), trata-se de “um sistema no qual a definição da rede semântica que circunscreve a especificidade de um discurso coincide com a definição desse discurso com seu Outro.” Ou seja, o interdiscurso se apresenta como um espaço de trocas em que as formações discursivas não estão fechadas.

SELEÇÃO DO CORPUS

Foram escolhidas para compor o corpus deste trabalho oito reportagens, entre elas algumas exibidas nos programas Jornal Nacional e Fantástico, e também publicadas no Portal de notícias online G1, que tratam do uso da maconha.

 São elas: 1) Reportagem em que o Fantástico mostra a realidade do primeiro país latino a legalizar a maconha (13/09/2015); 2) Reportagem do G1: Quase metade dos deputados admite legalizar maconha para uso medicinal (30/01/2015); 3)Reportagem sobre a declaração da Comissão Latino Americana sobre drogas e democracia, exibida no JN; (20/09/2009); 4) Estudo que pesquisa a abstinência causada pela maconha, no JN; (06/12/2009); 5) Reportagem sobre o uso medicinal da maconha em Israel, exibido no Fantástico; (15/10/2009) 6) Reportagem sobre plebiscito na Califórnia para decidir se o uso recreativo da maconha devia ser legalizado, no JN; (02/11/2010); 7) Reportagem sobre a marcha da maconha em São Paulo, que foi proibida pela polícia, no JN; (29/055/2011); 8) Reportagem sobre a polêmica levantada pelo documentário Quebrando tabus, conduzido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, exibida no Fantástico. (29/05/2011)

A escolha das reportagens a serem analisadas foi feita, primeiramente, ao procurar matérias sobre o uso da maconha que tenham ido ao ar pela Rede Globo (por meio de ferramentas de busca da internet). Outras reportagens foram veiculadas pela emissora, no entanto se tratavam da apreensão de grandes quantidades de maconha, não de seu uso, como é o objetivo deste trabalho. Dessa forma a grande parte das reportagens encontradas que tratavam do tema a ser analisado pertencia ao telejornal diário, Jornal Nacional, ao programa semanal, Fantástico, e ao portal de notícias online G1.

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