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AS PARTES DE UM TODO: COMO SE CONFIGURA A ESTRUTURA NARRATIVA E A SUA RELAÇÃO COM O LEITOR NOS CONTOS DE LYGIA FAGUNDES TELLES.

Por:   •  13/9/2017  •  Artigo  •  3.437 Palavras (14 Páginas)  •  622 Visualizações

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AS PARTES DE UM TODO: COMO SE CONFIGURA A ESTRUTURA NARRATIVA E A SUA RELAÇÃO COM O LEITOR NOS CONTOS DE LYGIA FAGUNDES TELLES.

Israelly Barbosa dos Santos[1]

Jeová Silva Santana [2]

RESUMO: Este artigo pretende analisar as partes que complementam a estrutura narrativa. Do livro Invenção e Memória, de Lygia Fagundes Telles os seguintes contos Dia de dizer não e O menino e o velho, serão analisados fim de observar como o texto está estruturado, quais recursos são utilizados para a construção da narrativa e como os elementos internos da obra estão configurados, como se entrelaçam, e a conexão que eles possuem com o leitor. E, através da teoria estruturalista, veremos como as formas do objeto são constituídas e como elas se relacionam com o todo.

Palavras-chave: Ficção. Invenção e Memória. Leitor. Literatura Brasileira. Teoria Estruturalista.

ABSTRACT: This article intends to analyze the parts that complement the narrative structure. From Lygia Fagundes Telles's book Invention and Memory, the following tales "Day to say no" and "The boy and the old" will be analyzed in order to observe how the text is structured, what resources are used for the construction of the narrative and how the internal elements of the work are configured, how they intertwine and what connection do they have with the reader. And through structuralist theory, we will see how the forms of the object are constituted and how they relate to each other with the whole.

Keywords: Fiction. Invention and Memory. Reader. Brazilian literature. Structuralist Theory.

INTRODUÇ ÃO

        O estruturalismo é uma corrente de pensamento originada da linguística de Ferdinand Saussure. E a preocupação dessa abordagem é a maneira com que as formas constituintes do objeto se relacionam entre si e com o todo. Ela será utilizada com objetivo de analisar os elementos da narrativa: os personagens, o tempo, o espaço, a ação e o narrador, nos contos Dia de dizer não e O menino e o velho. Com um maior destaque para o sujeito que conta a história e como a conta; o narrador.  Este utiliza dos elementos narrativos para reforçar, ainda mais, seu discurso e influenciar na interpretação e reação do leitor. Diante dessas partes, que serão observadas, pode-se concluir que cada elemento possui significação, e em seguida compreenderemos a importância delas na construção da narrativa e como o leitor participa dessa construção.

Quem conta a história

        A “invenção” faz parte da construção do conto, pois esta é uma narrativa fictícia e nela o autor utiliza meios, elementos narrativos, como instrumentos para levar o leitor a penetrar no texto e navegar na história. Então, o autor cria uma espécie de intermediário entre o leitor e o universo da ficção, esse intermediário é chamado de narrador. O narrador é aquele que contará a história e ele pode fazer parte dela ou simplesmente contá-la ao leitor. No livro em questão, Lygia Fagundes Telles, mostra em seus contos, na maioria deles, a preferência do narrador em primeira pessoa, como no conto “Dia de dizer não” em que a protagonista é voltada para si mesma. “Esse dia vai ser hoje, resolvi quando acordei: dia de dizer Não!”. Nesse conto, a narradora decide por um dia negar tudo que sua moral a obriga a aceitar.

E estamos nesta cidade aqui embaixo onde tem invasor de todo o tipo, desde os extraterrestres (em geral, mais discretos) até aqueles mais ambíguos: o invasor da vontade. Esse vem mascarado. Aproveitando-se, é claro, do mais comum dos sentimentos, o da culpa. No imenso quadro do mea culpa, a postura fácil é a da humildade que quer dizer fragilidade. (p.59).

        Nessa primeira parte do conto a personagem narradora justifica, em seguida, os motivos que a levaram a dizer não, ela se mostra revoltada com a hipocrisia, com o comodismo e com o materialismo dos seres humanos, principalmente dos políticos. Mas, é na segunda parte que o enredo se desenrola. Quando está no táxi ela passa a negar pedido de dinheiro de mendigos, oferta de ambulantes que vendem morangos, panos de limpeza, chicletes e vassouras. Mas é o vendedor de cartas perfumadas, um menino magro, dentuço e deficiente físico que chama a atenção da personagem. Ele insistentemente empurra pela janela as cartas, tentando convencê-la mais pelo prazer de dá a oportunidade a ela de enviar a carta para um amigo, a carta azul; ou namorado, a carta cor de rosa; do que por sua pobreza e necessidade de receber um trocado.

E o menino magrela e dentuço falando sem parar, Carta azul é para amigo mesmo, mas essa daqui cor-de-rosa, está vendo? esta é carta de amor! Esta daqui branca é de amor que acabou mas esta roxa é a carta da saudade, a saudade é roxa, leva tudo e faço um preço especial!. (p.64-65).

        Embora o motorista se mostre solidário, sugerindo à personagem a compra da carta, por causa do bom perfume, ela continua na decisão de dizer não. Cumprindo sua rotina, vai ao banco e aos correios, e se depara com um mendigo que a borda na calçada. Ela é criticada por ele que diante de uma negativa dela lhe diz que seu coração é de pedra. Ao voltar para o táxi o motorista a esperava com um semblante de desaprovação, meio que censurando suas atitudes.

 Fiquei muda ao sentir que meu semblante tinha descaído como os semblantes bíblicos nas horas das danações. Baixei a cabeça e pensei ainda em Santo Agostinho, “a abelha de Deus fabricando o mel que destila a misericórdia e a verdade”. Afinal, o dia de dizer Não estava mesmo cortado pelo meio porque na outra face da medalha estava o Sim. A vontade podia servir tanto de um lado como do outro, o importante era escolher o lado verdadeiro e para isso seguir a inspiração da razão. Ou do coração? Ora, liberdade nessa inspiração, toda a liberdade para não me sentir como estava me sentindo agora, uma esponja de fel. A ênfase da inspiração! decidi e levantei a cabeça no susto da revelação: o menino das muletas! Era nele que pensava (e não pensava) o tempo todo. (p.66).

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