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Resenha do livro As Meninas, de Lygia Fagundes Telles

Por:   •  6/10/2020  •  Resenha  •  579 Palavras (3 Páginas)  •  476 Visualizações

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Resenha do livro As Meninas, de Lygia Fagundes Telles

A autora Lygia Fagundes Telles, considerada por acadêmicos, críticos e leitores uma das mais importantes e notáveis escritoras do século XX e da história da literatura brasileira, em sua obra As meninas, um livro sobre amizade, mas que alcança, mesmo que em segundo plano um período muito difícil da história recente – a ditadura militar no Brasil. Cada uma das três meninas, protagonistas da história, representam diferentes grupos de pessoas daquela época, e testemunhas da conjuntura política a partir de um ponto de vista, no caso a drogada, Ana Clara, apelidada pelas outras de Ana Turva, a guerrilheira, Lia e a burguesinha, Lorena, e principal narradora do livro. Na pirâmide, a Lorena representa a classe média alta alienada. Independente de saber ou não o que estava acontecendo na época ela simplesmente prefere se preocupar com outras coisas (que do ponto de vista das outras meninas podem ser fúteis, mas que acabam servindo de apoio, conforto, consolo para elas mesmas). As personalidades iam se misturando.

O livro se passa no ano de 1969, é possível obter esta informação através da notícia do sequestro do Embaixador Americano. Durante a leitura percebe-se que as meninas estudam na Universidade de São Paulo (USP) e um estranhamento pois o livro é narrado de uma maneira diferente. Há três narradoras que expressam seus pontos de vista, que mudam de acordo com o tempo e muitas vezes no mesmo parágrafo. É presente a narrativa de uma seguida da outra, o que causa uma confusão inicial. Além das três meninas existe a voz de um narrador que está presente para interligar o texto.

A imersão dentro do pensamento de cada uma das personagens é o que se denomina fluxo de consciência. Encontram-se pensamentos apaixonantes, empáticos, tolos, grotescos, além de mentiras e julgamentos também. Uma sequência cronológica pouco marcada de alguns dias ou poucas semanas: o tempo é voluntariamente vago e difícil de precisar. O que prevalece é o tempo psicológico, pois tudo acontece através do entrecruzar da memória, da evocação do passado, da mistura com algumas ações no presente.

Oprimidas pela cidade grande e sua violência, as três meninas refugiam-se no Pensionato N. Senhora de Fátima, na região central de São Paulo. O quarto-concha de Lorena constitui-se no refúgio para onde as pessoas convergem em busca de conforto, de carinho, de segurança, de afeto e compreensão - um tipo de oásis dentro de um mundo desorganizado, caótico e extremamente ameaçador, onde "Deus vomita os mortos".

A ação do livro é interiorizada. Quase nada acontece na realidade exterior. A vida pacata e rotineira no pensionato, as conversas intermináveis, os estudos, as visitas das personagens ao redor do quarto de Lorena, poucos momentos na faculdade, as atitudes contraditórias de Ana Clara e sua morte e a solução dada pelas amigas para se livrarem de um cadáver comprometedor. Tudo se passa no âmbito da memória, enquanto as meninas resolvem o passado e evocam suas experiências em busca de autoconhecimento, de solução para seus traumas e conflitos interiores.

As protagonistas (Lorena, Lia e Ana Clara) oriundas de classes sociais diferentes, procuram exprimir suas individualidades e adequar o meio em que transitam aos seus anseios. Utilizando a reflexão e o diálogo, as personagens

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