Além Do Facebook

"A Rede Social" começa de forma impecavelmente chata. Talvez, para mostrar o quão controversa é a figura de Mark Zuckerberg (criador do Facebook) um fenômeno da internet. O mais interessante no início do filme que mostra a conversa entediante entre Mark e Erika é a observação dela sobre o ex-namorado e futuro desafeto: "Você não ganha garotas porque é um babaca, e não por ser um nerd".

A história começa em Harvard, de onde Zuckerberg, irritado com o fora que levou, começa a hackear álbuns de outras universidades, provocando entre os estudantes a vontade de comparar fotos garotas. E junto com seu companheiro de primeiras horas, o brasileiro Eduardo Saveri, descobre de que maneira os usuários podem mandar o que pensam, as ideias, comparações, o que fosse. Ou seja, com quem dividir.

Apesar de contada entre idas e vindas no tempo, o roteiro tem um ritmo crescente e vai conectando o espectador, a cada instante, no universo daqueles jovens brilhantes que revolucionaram, a sua maneira, as relações humanas neste início de século 21.

Assim, as constantes sequências na mesa de conciliação com advogados, réu e reclamantes não incomodam e, pelo contrário, servem para você mergulhar nas impurezas da trama como traição, inveja e ódio. Porque queira ou não, você vai descobrir que essa é, na verdade, a essência da ferramenta de rede social mais popular da atualidade.

Embora seja baseado no livro "Bilionários Por Acaso", o que se vê na tela grande é que o sucesso e o dinheiro (não necessariamente nessa ordem) não são bem um fruto do acaso. E um dos lances mais legais do filme, é mostrar que a obsessão em criar uma ferramenta que estabelecesse um elo entre as pessoas, mesmo que superficial, foi responsável por desfazer a única união verdadeira (de amizade) que ele tinha no mundo real.