Anchieta ou As Flechas Oposta do Sagrado

Literatura brasileira

Texto: Anchieta ou As Flechas Oposta do Sagrado

Umas das ideias de José Anchieta que Alfredo Bossi minuciosamente descreveu foi o processo de catequização e pregação da fé cristão europeia que ocorreu por meio da aculturação, que foi realizada através da introdução de elementos linguísticos em suas mensagens. Tal processo, pode ser evidenciado nas composições que mesclaram as linguagens nativas, ou seja, os códigos “tupis” com os signos dos colonizadores: vocábulos, acentos, pausas e ritmos. Inicialmente, os colonizadores trabalharam a forma de levar a mensagem para os tupis, que não tinham noção dos seus preceitos cristãos. Para levá-la foi necessário à sua inserção no imaginário do nativo,por meio de semelhanças entre os códigos, mas com valores desiguais. “O reino de Deus é Tupãretama, terra tupã. Igreja, coerentemente é tupãóka, casa de tupã... Demônio é anbanga,espirito errante e perigoso. Desse modo, as crenças foram se transformando em uma “mitologia paralela” que só pôde ser feita pelo trabalho dos apóstolos, no período colônial através de inclusão das medidas trovalescas,que foram ,aos poucos, moldando o campo semântico do tupi com verso redondilho,que evidenciava as diversidades ibéricas formando assim um jogo de rimas variantes e opostas. Durante o decurso de aculturação,os códigos tupãs foram perdendo suas unidades,mesmo ganhando valores desastrosos em seus vocábulos como a própria atribuição que a palavra tupã passa a expressar de um Deus uno e trino, todo poderoso e ao mesmo tempo vulnerável filho do homem. Consequentemente, o circulo sagrado do indígena é dissolvido, pois as unidades não carregam mais em si o estado nativo, ou seja, tribal, mas sim trovalescas providas do processo colonial missionário.

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