Análise Do Neologismo Em Ana C. Cesar

"Arte-manhas": jogo gráfico com a palavra "artimanhas" que significa "procedimento de levar alguém ao engano". Neste ponto, temos que "arte-manhas" pode ter até três significados: o de artimanha, enquanto artíficio, o de grande arte e o de uma arte da manha, como a do gato, que se oferece para um afago e então mostra as suas garras.

"Gatografia": escrita do gato. Usado no poema pela autora para dar ênfase ao tema, uma vez que a autora diz não ter muitos conhecimentos a respeito dos felinos. Assim, ela se utiliza da expressão "gatografia" para reforçar a ideia de que não saberia como os gatos se expressam ou se expressariam através da escrita. A expressão também pode ser entendida como o gato no realizar da ação, "gatografando" na sua dona cicatrizes (marcas da sua unha), como vemos no trecho:"toma: lê o que eu escrevo em teu rosto".

Também temos a possibilidade de entender "gatografia" como a escrita da própria autora (e também dos gatos), no sentido de ter uma escrita de "ladroagem", de fazer referência a inúmeros outros textos dentro de um só.

"Hipopotas": a fêmea do hipópotamo, no plural.(Na verdade esta palavra não existe, já que "hipópotamo" é um substantivo epiceno). A autora lança mão desse neologismo para deixar o texto mais descontraído. Nesse trecho, vemos uma série de palavras que se iniciam com o prefixo "hipo" (hipópotamo, hipópotas, hiponímico), o que traz mais musicalidade ao texto. As citações dos hipópotamos também trazem intertextualidade, com o a obra "The hippopotamus", de TS Eliot.

"Hopogato": nova espécie de animal surgida da junção entre hipópotamo e gato.