CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SERTANEJA ATRAVÉS DAS OBRAS: GRANDE SERTÃO: VEREDAS DE JOÃO GUIMARÃES ROSA E O SERTANEJO DE JOSÉ DE ALENCAR
Por: 13mylena • 28/4/2018 • Ensaio • 1.759 Palavras (8 Páginas) • 365 Visualizações
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SERTANEJA ATRAVÉS DAS OBRAS: GRANDE SERTÃO: VEREDAS DE JOÃO GUIMARÃES ROSA E O SERTANEJO DE JOSÉ DE ALENCAR
Mylena de Sousa Rodrigues [1]
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, pretende falar e fazer uma análise de forma clara, das obras, Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa, que foi um romance que modificou de todas as formas a literatura brasileira e sendo assim considerado o grande romance de formação no Brasil, sendo publicado em 1956, onde no mesmo é preservado inúmeros vestígios do sertão brasileiro e O Sertanejo de José de Alencar, que é considerado a base do romantismo brasileiro, sendo sua publicação em 1785, onde o autor retrata o sertão, e traça todas as suas características, e foi o último romance que o mesmo publicou em vida.
OBJETIVOS
Pretende-se analisar e procurar aspectos da construção da identidade sertaneja nestas presentes obras e também do sertão, ao fazer a leitura destas mesmas é possível notar grandes marcas sertanejas em ambas os autores fazem total descrição do sertão, é possível esta percepção de acordo com os fragmentos abaixo:
A chapada, que os viajantes atravessavam neste momento, tinha o aspecto desolado e profundamente triste que tomam aquelas regiões no tempo da sêca. Nessa época o sertão parece a terra combusta do profeta; dir-se-ia que por aí passou o fogo e consumiu toda a verdura, que é o sorriso dos campos e a gala das árvores, ou o seu manto, como chamavam poeticamente os indígenas. Pela vasta planura que se estende a perder de vista, se erriçam os troncos ermos e nus com os esgalhos rijos e encarquilhados, que figuram o vasto ossuário da antiga floresta. O capim, que outrora cobria a superfície da torra do verde alcatifa, roído até à raiz pelo dente faminto do animal e triturado pela pata do gado, ficou reduzido a uma cinza espêssa que o menor bafejo do vento levanta em nuvens pardacentas. O sol ardentíssimo côa através do mormaço da terra abrasada uns raios baços que vestem de mortalha lívida e poenta os esqueletos das árvores, enfileirados uns após outros como uma lúgubre procissão de mortos (ALENCAR, José. 1875).
Para quem nele nasceu e viveu e com ele se identificou, o “sertão” acaba sendo toda a confusa e tumultuosa massa do mundo sensível, caos ilimitado de que só uma parte íntima nos é dado conhecer, precisamente a que se avista ao longo das veredas, tênues canais de penetração e comunicação (ROSA, João Guimarães, 1956).
Mediante estes fragmentos que estão presentes nas narrativas dos dois autores, eles fazem uma explicação da forma como concebem o sertão , no primeiro trecho, Alencar define como um, deserto, chega a descrever todos os detalhes que em partes chega-se a concluir que é também uma mata floresta, é possível perceber que ao longo desse trecho ele narra a viagem dos sertanejos, retratando todos os aspectos possíveis tais como o sol, a seca que são fatores que caracterizam o sertão. Já no segundo trecho Guimarães Rosa chega a definir o lugar chamado sertão como um mundo e as veredas os minuciosos detalhes, os caminhos do mesmo.
É de abordagem quantitativa, pois além da leitura das obras anteriormente citadas, fez-se necessário realizar pesquisas a sites presentes na internet, além de discussões e diálogos em sala de aula e a partir disso foi possível iniciar o referido trabalho, sendo de suma importância dissertar sobre este tema, devido sua cultura riquíssima em diversos aspectos dentre eles a sua história de colonização e para que possa também falar assim do grande valor do mesmo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No decorrer da leitura das obras é possível fazer comparações e distinções com as obras, tais como o tempo que está presente na obra de João Guimarães Rosa, que pode ser considerado psicológico, pois a presente narrativa é irregular e não linear onde ocorre vários acontecimentos ao longo do livro. O espaço é o próprio sertão onde acontece toda a história, a linguagem presente faz total associação com este ambiente, retratando os costumes sertanejos, a paisagem presente, o próprio sertão reflete o mundo em si, pois é cheio de mistérios e revelações e o sertanejo é considerado o cidadão habitante deste mundo.
A obra carrega consigo diversos confrontos internos do ser humano, que são reflexo de Riobaldo, como o conflito entre o seu destino e o homem, a luta entre o bem e o mal, Deus e o diabo, morte e vida, e amores enrustidos. Já na obra de José de Alencar, o tempo presente é o cronológico, seguindo uma narrativa linear, em que os fatos são narrados segundo uma ordem cronológica dos acontecimentos, o espaço em que acontece a mesma é no sertão de Quixerubim no Ceará.
ANÁLISE DOS PERSONAGENS
Analisando os personagens presentes em ambas as obra, é concebível destacar quem em Grande Sertão: Veredas os protagonistas principais que chama mais atenção durante a leitura é Riobaldo, sendo o mesmo considerado um narrador personagem que no decorrer do livro conta sua história de vida , relatando sua infância e vários acontecimentos que vão demonstrando ao leitor mais interesse pela leitura da obra e Diadorim que chama atenção por ser um personagem homem quase toda a narrativa e que no final, após a sua morte descobre-se que era uma mulher. Riobaldo apaixona-se por Diadorim que a mesma provoca nele sentimentos contraditórios, já que a paixão homossexual era algo impossível de ser aceita no meio dos jagunços pode-se comprovar esta paixão nos fragmentos abaixo:
Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: feitiço? Isso. Feito coisa feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava(...) Era ele estar de longe, e eu só pensava nele.(...) Acho que. Aquela meiguice(...) E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o corpo dele , os braços, que ás vezes adivinhei insensatamente- tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava.(...) Conforme, por exemplo, quando eu lembrava daquelas mãos, do jeito como se encostavam em meu rosto, quando ele cortou meu cabelo. ( JOÃO, Guimarães rosa. p.163)
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