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A IDENTIDADE FRAGMENTADA NA OBRA MULHER NO ESPELHO

Por:   •  16/1/2018  •  Artigo  •  2.647 Palavras (11 Páginas)  •  508 Visualizações

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A IDENTIDADE FRAGMENTADA NA OBRA MULHER NO ESPELHO[1]

RESUMO: Este presente trabalho tem o objetivo de estudar o romance Mulher no espelho a fim de perceber a sua relação com a crítica literária feminista.  Mulher no Espelho (1985) é um romance pós-moderno feminista de Helena Parente Cunha (1929). Através dele ela traça perfeitamente o perfil da mulher em uma sociedade patriarcal, ora como filha, ora como esposa e mãe de filhos. Neste sentido, buscamos responder a seguinte indagação: como a personagem se comporta diante de suas diferentes realidades em Mulher no espelho? Ao elaborarmos este artigo optamos pela crítica feminista, uma vez que se trata de um texto escrito por uma mulher que ao mesmo busca reivindicar seus direitos. E como suporte teórico recorremos aos seguintes: Linda Hutcheon, Sturt Hall, Jair ferreira.

Palavras-chave: Identidade fragmentada. Personagem. Feminismo. Pós-moderna.

Introdução

A mulher foi por muito tempo excluída da sociedade. No período patriarcal elas eram submissas e obedientes aos pais, pois este era visto como ser superior de fundamental importância na formação moral da criança. Enquanto filha ela não podia ir de encontro ao desejo paterno, com isso a infância foi duramente usurpada, até porque as meninas eram preparadas para o casamento. Casamentos estes que contrariavam o desejo feminino, uma vez que os próprios pais escolhiam os supostos noivos.

Assim, a luta da mulher na sociedade não aconteceu gratuitamente e tão fácil assim, foi de forma lenta, através de muito esforço, muitas manifestações públicas e ajuda coletiva. Antes era necessário que alguém falasse por ela. Agora além de publicar e defender seus próprios interesses ela ainda concorre com a classe masculina, a fim de construir sua identidade.

Sem contar com o direito ao voto, que foi uma das grandes conquistas do público feminino, já que apenas os homens tinham direito de votar. Ela não somente ganha o direito ao voto livre, mas também concorre contra os homens a cargos na política brasileira.

Atualmente as mulheres tem autonomia de fazer suas próprias escolhas, ou seja, ela é autora de sua própria história. É ela quem decide se vai casar e ter filhos, pois há algumas  que preferem construir uma carreira no mercado de trabalho.

Nesta perspectiva, nasce a crítica literária feminina surgida a partir do século XX na Europa com o objetivo de dar autenticidade aos escritos das mulheres. Mulheres que estavam no anonimato. Agora seus escritos ganham novas percepções no mundo literário. Nesse contexto surge o pós-modernismo cuja poética é a inclusão do sujeito na contemporaneidade que não se prende a julgamentos de valor já que todos devem ser incluídos.

Assim, Mulher no Espelho (1985) é um romance pós-moderno feminista de Helena Parente Cunha (1929). Através dele ela traça perfeitamente o perfil da mulher em uma sociedade patriarcal, ora como filha, ora como esposa e mãe de filhos. Mas a nossa personagem de ficção sentiu a necessidade de transformar o tabu em totem. Eis o lema do pós-modernismo. Aqui o profano se transforma em sagrado, desejado.

Portanto o que nos motivou a desenvolver este artigo foi a importância do romance para os estudos literários feministas uma vez que busca respeitar os anseios da figura feminina na sociedade. È imprescindível destacar também o nosso gosto pessoal pelas obras de cunho feminista, sobretudo do romance mencionado, narrativa que faz uma leitora reflexiva virar-se para o espelho e pensar sobre seu verdadeiro papel na sociedade. Por isso, buscamos responder a seguinte indagação: como a personagem se comporta diante de suas diferentes realidades em Mulher no espelho?

Neste sentido, objetivamos com o presente trabalho estudar o romance Mulher no espelho a fim de perceber a sua relação com a crítica literária feminista.

Mulher no Espelho é um monólogo, todas as especulações acontecem em frente ao espelho. Ambientado na cidade de Salvador-ba mais precisamente no Rio Vermelho no século passado.

        Mulher no espelho é uma narrativa muito bem estruturada. A mulher narra sua própria história, construída a partir de três personagens  distintas: eu (é aquela que escreve a história), ela (escreve a história da primeira), e a terceira considerada autora-personagem.

A nossa personagem é uma menina branca, sem nome, de família abastada. Na infância sempre foi proibida de até mesmo brincar com as outras crianças da rua. Depois de casada a vida dela continua no mesmo ritmo, sempre submissa, excluída, desprezada, menosprezada. Até que em um certo dia “ela vira a mesa” literalmente e vai de encontro aos valores sociais e familiares para viver a sua liberdade enquanto mulher.

É assim mesmo, intencionalmente que nossa personagem se desenvolve. Poderíamos dizer que a mulher se comporta pelo cruzamento de três ângulos diferentes: a do sim (aquela que sente a necessidade de mudar), a do não (que prefere levar a mesma vidinha de sempre) e a do talvez (que acomoda-se). A personagem em frente ao espelho vive realmente este dilema: não, sim, não, sim, nãaaã ssssssssssimmmmmmm.

Mas esta dúvida que corroía os pensamentos da mulher, realmente é quebrada. Ela vive um novo relacionamento com o negro filho de Xangô. Sua maneira de viver e agir são transformadas, e uma nova identidade da mulher é construída.

Sem dúvida Mulher no espelho é um romance psicanalítico, pois trata do desejo inconsciente de uma mulher reprimida em frente ao espelho.

1.1 O que é pós-modernidade

A pós-modernidade é caracterizada como uma reação da cultura que se desenvolveu os ideais da modernidade, associada à perda de otimismo e confiança no potencial universal do projeto moderno.          

Santos, apresenta em seu livro intitulado “O que é o pós-moderno” os locais onde se encontra o pós-modernismo.   Exemplos disso são: o cotidiano, a economia, a arte, estilo de vida e filosofia. No período pós-moderno a leitura é feita através de signos e símbolos. Temos como características pós-modernas: desreferencialização e dessubstancialização.  

        

Pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas desde 1950, quando, por convecção, se encerra o modernismo (1900-1950). Ele nasce com a arquitetura e a computação nos anos 50. Toma corpo com a arte Pop nos anos 60. Cresce ao entrar pela filosofia, durante os anos 70, como crítica da cultura ocidental. (SANTOS, 2004)

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