CORDA BAMBA: A Construção Ideológica e Social da Criança
Por: Duana Pereira • 24/11/2021 • Artigo • 3.026 Palavras (13 Páginas) • 153 Visualizações
CORDA BAMBA: A Construção ideológica e social da Criança
¹ Duana Maria Pereira da Silva
Letras Português/Inglês
Duana2014@hotmail.com
Faculdade Educacional da Lapa – FAEL
Curso de Pós-graduação em Língua Portuguesa as diferentes Aprendizagens
- Introdução
Este presente trabalho, tem como objetivo fazer uma análise do livro Corda Bamba, da escritora Lygia Bojunga Nunes, da qual, nasceu em Pelotas no Rio Grande do Sul, mas mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança. A obra foi publicada pela primeira vez em 1979, é constituída pela presença metafórica dos fenômenos abstratos, ou seja, retrata de forma simbólica a busca de Maria pela identidade, como forma de superação dos traumas, na mesclagem entre a imaginação/realidade.
Lygia Bojunga ficou conhecida internacionalmente, por abordar em seus livros temáticas que engloba o universo infantil, sem deixar de expor os processos psicológicos que norteiam o crescimento das crianças, assim, como abordagem no plano literário sentimentos de superação e perda. Ganhou o respeitável Prêmio Nobel de literatura infanto-juvenil: Hans Christian Andersen, recebendo várias vezes o prêmio da FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Em 2004, foi premiada com o Faz Diferença e ainda recompensada mundialmente pela ALMA - Astrid Lindgren Memorial Award.
Palavras-chave: Simbólico, Identidade, Traumas, Imaginário e Realidade.
1.1 Corda Bamba - Resumo
O livro Corda Bamba, da escritora Lygia Bonjuga Nunes, conta a história de uma menina chamada Maria, de dez anos, que perde os pais, ambos equilibristas, em um acidente de trabalho no circo. Com isso, ela passa a viver com avó materna, a convivência de Maria com avó não é fácil. A partir daí a autora vai recompondo a infância de Maria, através do sonho, do imaginário, saindo do plano real e entrando no maravilhoso, sendo transmitida na narrativa essas duas dimensões, Maria sai da janela de seu carto e começa a andar na corda bamba até o prédio vizinho, entrando pela janela deste, deparando-se com um corredor com portas coloridas. Em cada porta faz uma descoberta, um fato da sua vida, da vida dos seus pais, de sua avó. Na última porta Maria recorda como aconteceu o acidente que vitimou seus pais. E, no final da narrativa ela passa a ver um futuro com escolhas próprias.
- A produção literária da autora
As obras da autora Lygia Bojunga Nunes, aborda especificamente o cotidiano familiar, com um tom de fantasia, que segue a linha do Realismo Mágico, das quais as fronteiras entre imaginário e realidade se diluem.
Em suas temáticas focalizar-se os interesses, os problemas, angustias, traumas e interrogações da criança, preocupando-se com os sentimentos, imaginação e raciocínio. Conseguindo, relacionar adulto/criança. Em suas histórias que apresenta conflitos cuja solução é sempre mediada pelo adulto, desse modo a infância é vista pela perspectiva da criança como uma fase da vida em as crianças, toma suas próprias escolha, vencendo vários obstáculos, construindo sua identidade, deixando a ideia de que somente os adultos que devem resolver os problemas e tomar as decisões certa para o seu futuro.
Seus livros traz um modelo independente de representação familiar, um universo que expõem e critica o mundo dos adultos, por isso, a autora retrata sobre o linear do real e do mágico a posição da criança, as quais está submetida a um mundo de criação, seja para se constituir como adulto ou até mesmo camuflar o trauma, da perca, dos pais. Zilberman vai afirmar que: “coloca seus heróis numa posição de autonomia em relação a uma instância superior e dominadora” (Zilberman, 1987, p.104).
As temáticas presentes nas obras de Bojunga envolve problemáticas existências da criança, destacando os valores sociais mais amplos, as discussões em torno das experiencias infantis partem sobre a crítica e preconceito na situação em que vive os oprimidos, sobre as relações sociais, familiares, assuntos comuns abordado pela literatura voltada para crianças.
A estrutura narrativa é praticamente semelhante em toda suas obras, destacando uma ordenação não-linear dos acontecimentos, a narração vai se constituído de acordo com a vivencia da personagem, mas que destaca pela preferência da ordem na linha temporal. Sendo intercaladas retrospectivamente sem quebra do discurso pela escritora, que evoca ou antecipa os acontecimentos, deslocando a ação ora para o passado ora para o futuro, seus textos se destacam pelos encaixes como fragmentos de um quebra-cabeça.
O uso de elementos simbólicos é uma tática muito recorrente na obra, pois releva problemas existenciais da criança, percebe-se também, um final em que a criança se recupera das tensões pessoais por meio da solução dos problemas. Em A psicanálise dos contos de fadas (1980), Bruno Bettelheim, afirma que o final feliz, é a situação que orienta a criança para o futuro, ajuda-a a ter uma existência mais satisfatória e independente.
3. Processo imaginativo em Corda Bamba
Quando percorremos sobre o universo da imaginação, não distanciamos sobre o mundo real, é apenas um recuso utilizado pelos escritores, para abordar aspectos sociais e psicológico da criança, do qual torna essa literatura divertida e simbólica, por tratar sobre medos, angustias e traumas. Percebemos claramente na personagem Maria, que perde os pais fatalmente, internalizando seus conflitos, num universo fantasioso que tudo se explica.
Podendo experimentar vários caminhos que permite imaginar, reviver e sentir suas emoções, tornando a experiencia do imaginário numa apreciação vivida, tomando o real no que é sentido na ficção. A todo momento a personagem Maria revive situações que possibilita imaginar, indo além do que aprendido. VIGOTSKI vai afirmar que:
A psicologia chama de imaginação ou fantasia essa atividade criadora do cérebro humano baseada nas capacidades combinatórias, atribuindo a elas um sentido diferente daquele que lhe é atribuído cientificamente. Na sua concepção comum, a imaginação ou fantasia designam aquilo que é irreal, o que não corresponde à realidade e, portanto, sem nenhum valor prático. No entanto, a imaginação como fundamento de toda a atividade criadora manifesta-se igualmente em todos os aspectos da vida cultural, possibilitando a criação artística, científica e tecnológica (VIGOTSKI, 2014, p.4).
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