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Características da comunicação literária

Por:   •  10/9/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.033 Palavras (5 Páginas)  •  2.577 Visualizações

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Saide Assane Saide

Características Gerais da Comunicação Literária

Curso de Licenciatura em Ensino de Português com habilitações em Ensino de Inglês

Universidade Pedagógica

Montepuez

2017

Saide Assane Saide

Características Gerais da Comunicação Literária

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira dos Estudos Literários I, 1° ano, 1° semestre, a ser apresentado ao Departamento de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes.

Leccionado pelo:

MA. Cristiano Adalberto Paipo Mavangu

Universidade Pedagógica

Montepuez

2017

Referência Bibliográfica: AGUIAR e SILVA, teoria e metodologias literárias, 2001

Páginas

Conteúdos

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4.1. Características gerais da comunicação literária

A comunicação literária distingue-se quer da comunicação linguística oral, quer da comunicação linguística escrita, embora partilhe com esta com algumas características importantes.

Assim, a comunicação linguística oral é uma comunicação próxima e instantânea, isto é, constitui uma modalidade de comunicação na qual na esfera dos intercomunicantes se intersectam espacial e temporalmente. O processo comunicativo entre o emissor e o receptor realiza-se de ambos e de um determinado contexto de situação.

A comunicação linguística oral é bidireccional, pois o emissor e o receptor podem assumir alternadamente, durante a sequência do mesmo acto comunicativo, a função um do outro. A comunicação literária, como diversas modalidades da comunicação escrita, é unidireccional, isto é,  nela não é possível a reversibilidade das funções do emissor e do receptor.

A disjunção, o diferimento e a unidirecionalidade da comunicação literária impossibilitam efeitos de retrojecção no circuito comunicativo de qualquer reacção do leitor susceptível de modificar a actividade produtiva do emissor.  

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4.2. O Emissor

No âmbito da comunicação literária, o emissor recebe as designações genéricas de autor, escritor e poeta (em sentido amplo).

A análise etimológico-semântica destas designações é muito interessante porque permite apreender em cada uma delas aspectos relevantes de função do emissor: poeta é aquele que faz, aquele que fabrica, produz executa; autor é aquele que está na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é também em conformidade com o uso jurídico da palavra; escritor é aquele que, utilizando um código grafémico transmite os signos verbais através da sua representação escrita.  

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4.2.1. Autor empírico, autor textual e narrador

Quem escreve o texto literário é sempre um individuo empírico e historicamente existente, o sujeito da enunciação literária, o eu que se manifesta no texto literário não se identifica necessariamente com aquele individuo.

 O emissor oculto ou explicitamente presente e actuante no texto literário é uma entidade ficcional, uma construção imaginaria que mantem com o aumento empírico e histórico relações complexas e multívocas que podem ir do tipo isomórfico ao tipo heteromórfico.

Wayne Both, propõe a designação de autor implícito ou autor implicado, contrapondo-lhe a designação de autor real, isto é, com entidade concreta e histórica. Outros teorizadores preferem a designação de autor abstracto, contrapondo-lhe a designação de autor concreto.

O autor textual tem de ser considerado a instância da qual dependem as vozes que concretamente falam nos textos literários: o narrador nos textos narrativos, o sujeito lírico nos textos líricos.

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4.3. Destinatário, leitor, receptor

O destinatário de uma mensagem é a entidade, com capacidade semiósica efectiva ou apenas simbólico-imaginário, a qual o autor empírico  ou o autor textual, nuns casos explicitamente, noutros casos de modo implícito endereçam  essa mesma mensagem, ao passo que o receptor de uma mensagem é a entidade com capacidade semiósica efectiva, que em condições apropriadas pode modificar essa mensagem.

Além dos conceitos de leitor pretendido ou visado, de leitor ideal e de leitor real, importa referir o conceito de leitor empírico proposto e difundido por Wolfgang Iser nos seus estudos sobre a teoria da resposta literária. O texto literário só alcança existência plena ao ser lido como texto literário, ao ser objecto de leituras efectuadas por um número indefinido de leitores reais.

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4.4. A convenção estética na comunicação literária

A disjunção e o diferimento não constituem predicados específicos da comunicação literária, pois que também caracterizam a comunicação linguística que se processa através da escrita, quer se trate de uma carta, de um relatório, etc. O que se apresenta, porém, como especifico da comunicação literária e a distingue de toda a comunicação linguística, tanto oral como escrita é o facto de ela se realizar em conformidade com um especial conjunto de regras pragmáticas que se pode dar o nome de ficcionalidade.

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4.5. Leitura literária

Não basta possuir uma razoável ou mesmo boa, competência linguística para se poder realizar, em condições apropriadas, uma leitura literária de um texto literário. Os significados não estão no texto, como muitas vezes se afirma em jeito de lugar-comum e como, com perfeita consciência teorética. Os significados do texto literário são produzidos na transacção do leitor com o texto, no diálogo que se estabelece entre o leitor e o texto, no jogo das perguntas que o leitor formula ao texto e das respostas que o texto vai proporcionando ao leitor. O leitor percepciona a manifestação linear textual, isto é, a superfície lexemática do texto ou a estrutura de superfície do texto.

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4.6. Transdução e metacomunicação literárias

A comunicação literária realiza-se normalmente por um processo de leitura silenciosa e individual: o leitor isola-se com o seu livro, mesmo quando rodeado por muita gente, e desenvolve o seu diálogo com o texto em conformidade com o tempo de que dispõe, com o seu estado de espirito.

A comunicação literária desenvolve-se também, noutros circuitos e noutras cadeias de transmissão, que decorrem da existência da literatura como instituição e como campo de produção cultural, isto é, como um conjunto de normas que ordenam um particular domínio das práticas discursivas e culturais numa dada sociedade, como uma estrutura de relações objectivas que co-envolve agentes.

A metacomunicação constitui uma comunicação secundária   a que pode dar lugar a comunicação originária  do texto literário: o receptor, após realizar a concretização de um determinado texto literário, produz um novo texto cuja existência pressupõe necessariamente, de modo explicito e imediato, a existência daqueloutro  texto, transformando-se desde modo o receptor do processo da comunicação originária num emissor que dirige a outros receptores – os quais podem ser leitores ou ouvintes ou leitores – ouvintes – e assim se originando, a partir de um acto de comunicação.

Nesta perspectiva, o texto do processo da comunicação originária configura-se como um prototexto e o texto da metacomunicação como um texto derivado ou como um metatexto, cuja ontologia se funda na ontologia do prototexto, embora o texto derivado se constitua e funcione com uma logica e até com uma axiologia próprias.

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