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Clarice Lispector

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Por:   •  18/11/2014  •  2.249 Palavras (9 Páginas)  •  462 Visualizações

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Vida:

BIOGRAFIA

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, na aldeia Tchetchenilk, no ano de 1925. Os Lispector emigraram da Rússia para o Brasil no ano seguinte, e Clarice nunca mais voltou á pequena aldeia. Fixaram-se em Recife, onde a escritora passou a infância. Clarice tinha 12 anos e já era órfã de mãe quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre muitas leituras, ingressou no curso de Direito, formou-se e começou a colaborar em jornais cariocas. Casou-se com um colega de faculdade em 1943. No ano seguinte publicava sua primeira obra: “Perto do coração selvagem”. A moça de 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na crítica: quem era aquela jovem que escrevia "tão diferente"? Seguindo o marido, diplomata de carreira, viveu fora do Brasil por quinze anos. Dedicava-se exclusivamente a escrever. Separada do marido e de volta ao Brasil, passou a morar no Rio de Janeiro. Em 1976 foi convidada para representar o Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Claro que aceitou: afinal, sempre fora mística, supersticiosa, curiosa a respeito do sobrenatural. Em novembro de 1977 soube que sofria de câncer generalizado. No mês seguinte, na véspera de seu aniversário, morria em plena atividade literária e gozando do prestígio de ser uma das mais importantes vozes da literatura brasileira.

Obra:

O objetivo de Clarice, em suas obras, é o de atingir as regiões mais profundas da mente das personagens para aí sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que determina as características especificas de seu estilo.

O enredo tem importância secundária. As ações - quando ocorrem - destinam-se a ilustrar características psicológicas das personagens. São comuns em Clarice histórias sem começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, uma "sentidora", porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam impressões.

Predomina em suas obras o tempo psicológico, visto que o narrador segue o fluxo do pensamento e o monólogo interior das personagens. Logo, o enredo pode fragmentar-se. O espaço exterior também tem importância secundária, uma vez que a narrativa concentra-se no espaço mental das personagens. Características físicas das personagens ficam em segundo plano. Muitas personagens não apresentam sequer nome.

As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se num mundo absurdo; esta descoberta dá-se normalmente diante de um fato inusitado - pelo menos inusitado para a personagem. Aí ocorre a “epifania”, classificado como o momento em que a personagem sente uma luz iluminadora de sua consciência e que a fará despertar para a vida e situações a ela pertencentes que em outra instância não fariam a menor diferença.

Esse fato provoca um desequilíbrio interior que mudará a vida da personagem para sempre.

Para Clarice, "Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados". "Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas". "Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."

Obra:

Romances:

Perto do Coração Selvagem, RJ, A Noite, 1944.

Lustre, RJ, Agir, 1946.

A Cidade Sitiada, A Noite, 1949.

A Maçã no Escuro, RJ, Francisco Alves, 1961.

A Paixão Segundo G.H., RJ, Francisco Alves, 1964.

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, RJ, Sabiá, 1969.

A Hora da Estrela, RJ, José Olympio, 1977.

Contos e crônicas:

Laços de Família, RJ, Francisco Alves, 1960.

A Legião Estrangeira, RJ, Ed. do Autor, 1964.

Felicidade Clandestina, RJ, Sabiá, 1971.

A Imitação da Rosa, RJ, Artenova, 1973.

A Via-Crucis do Corpo, RJ, Artenova, 1974.

A Bela e a Fera, RJ, Nova Fronteira, 1979.

Literatura infantil:

Mistério do Coelho Pensante, RJ, J. Álvaro, 1967.

A Vida Íntima de Laura, RJ, Sabiá, 1974.

A Mulher que Matou os Peixes, RJ, Sabiá, 1969.

Quase de Verdade, RJ, Rocco, 1978.

"Meus livros felizmente para mim não são superlotados de fatos,

e sim da repercussão dos fatos nos indivíduos.

Eu me refugiei em escrever. Acho que consegui devido a uma vocação bastante forte e uma falta de medo ao ser considerada

diferente no ambiente em que vivia."

“Com sete anos eu mandava histórias e histórias para a seção infantil que saía às quintas-feiras num diário. Nunca foram aceitas."

OBRA INFANTIL DE CLARICE LISPECTOR

A literatura de Clarice Lispector para crianças, com sensibilidade quase maternal, cria um clima de aconchego e conforto, como se a cada vez que as páginas do livro fossem abertas, as crianças leitoras se sentissem como que entrando na sala de visitas da casa da autora e fossem ouvir uma história bem criativa com todo aquele ar de intimidade. Como se a história fosse contada por alguém bem próximo e bem querida: a mãe, a tia, a avó, o pai, etc. Alguém em quem a criança confiasse “sentar” ao lado para ouvir uma historinha e deixando-se levar pela narração. Isto está bem evidente na hora em que a narradora, em “A mulher que matou os peixes” diz:

“Sabem de uma coisa? Resolvi agora mesmo convidar meninos e meninas para me visitarem em casa. Vou ficar tão feliz que darei a cada criança uma fatia de bolo , uma bebida bem gostosa, e um beijo na testa.”

O clima de intimidade, próprio para ganhar confiança vem do modo como ela “dialoga” com criança através da obra. Como no mesmo livro “A Mulher que Matou os Peixes”, logo no início antes de contar a história vem

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