Cultura não Se Faz Para Os Museus, Mas Sim Para Estar Na Vida
Artigos Científicos: Cultura não Se Faz Para Os Museus, Mas Sim Para Estar Na Vida. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: gabrielferreirai • 16/11/2014 • 1.203 Palavras (5 Páginas) • 716 Visualizações
Cultura não se faz para os museus, mas sim para estar na vida
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Nas últimas décadas, o museu tornou-se um dos temas privilegiados pelos debates historiográficos, visto estar estreitamente relacionados às discussões sobre a nação, a história-memória nacional e o patrimônio. Vários trabalhos produzidos nas últimas décadas mostram a transformação que perpassa estes estabelecimentos centenários. De um lado, essa mudança se expressa na forma de estudá-los e de pensá-los em relação à sociedade em que estão inseridos e, de outro, no modo pelo qual se organizam internamente e apresentam suas coleções ao público.
O museu então se torna o lugar de destino final das obras de arte do passado, que aí, separadas de seu contexto, encontram uma nova vida, independente de sua função original e de seu valor simbólico. Ao conservar as obras de arte do Antigo Regime, o museu participa, em um certo sentido, de sua destruição. Ele inventou, portanto, a conservação do patrimônio pelo desvio do sentido. "E ele teve a habilidade de evitar a oposição da defesa da cultura e as exigências da ideologia, mostrando, implicitamente, que a cultura do museu participa da ideologia destruindo não a obra de arte, mas o símbolo nela contido" (Idem, ibidem).
O que deve ser o museu e quais as suas funções em relação à sociedade em geral: o seu papel pedagógico e de instrumento essencial à instrução pública e à regeneração dos cidadãos é posto em destaque e não deixa de ser um aspecto essencial em todas as justificativas para a sua abertura, organização e permanência.
A Cultura está presente em todas as ações da sociedade. A resignação ou inconformismo com que o cidadão encara sua realidade é, sobretudo, uma conduta cultural. O próprio fato de o indivíduo se perceber enquanto cidadão é fruto de condicionantes culturais e históricas. Uma ação de governo que se pretenda progressista, ou transformadora, tem a Cultura como prioridade.
Recuperar e conhecer o Patrimônio Cultural são à base da nacionalidade. Um povo sem um acervo de conhecimentos, arte e memória, não tem referências que lhe permitam projetar-se ao futuro; estará condenado a mero receptor, nunca um criador. O empobrecimento cultural, a degradação ambiental e a perda de perspectivas criativas prosperam no terreno fértil do desrespeito e do desconhecimento do Patrimônio Cultural.
Preservar o Patrimônio não é contraditório com o desenvolvimento econômico e social; pelo contrário, impulsiona-o. O Patrimônio Cultural também não pode ser reduzido a um mero conjunto de edifícios ou obras de arte; ele é vasto e envolve todos os campos da ação humana, tangíveis ou intangíveis. O meio ambiente e nossas reservas naturais, degradadas ou não, fazem parte desse patrimônio, assim como o conhecimento científico e tecnológico, documentos escritos, imagens, objetos, danças, estórias infantis, músicas, lendas compõem nossa herança. Esta é a base de nossa identidade (ou identidades), sendo o alicerce do desenvolvimento econômico, tecnológico, social e artístico. Reforçar a identidade cultural também significa revelar contradições e romper com uma identidade aparentemente homogênea, construída apenas baseando-se em determinados marcos representativos da cultura dominante.
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Museus: Pontes entre Culturas
Lucia Gouvêa Pimentel
Professora e pesquisadora da Escola de Belas Artes
da Universidade Federal de Minas Gerais
Fazer pontes é sempre um desafio. Se há necessidade de ponte é porque se reconhece a existência de um vazio que não pode ser preenchido arbitrariamente. Uma ponte tem que ser pensada, planejada e executada de forma a não haver danos para quem vai fazê-la e por quem vai por ela passar.
Ser ponte é ser detentora de uma história e deixar-se atravessar por culturas diversas, com vários olhares, diversas vozes e diversos passos. Reconhecer a diversidade de olhares, vozes e passos - e dar passagem a todos, propiciando encontros - é tarefa dos museus.
Ao acolher e expor objetos e memórias e organizá-los, os museus facilitam o aprendizado e o entendimento de heranças culturais de um povo, suas conquistas e desafios, propiciando a conexão de fatos passados com o presente. Permitem, ainda, fazer conjunturas com o futuro.
Museus
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