Culturas De Ensinar E Aprender

Culturas de ensinar e aprender

Barcelos (2004) usa o termo “crenças sobre o ensino e a aprendizagem de línguas” para se referir a preocupação em relação as opiniões sentimentos do aluno em relação ao aprendizado. Conforme a definição de Barcelos (2006), crenças são “construções da realidade, maneiras de ver e perceber o mundo e seus fenômenos, co-construídas em nossas experiências e resultantes de um processo interativo de interpretação e (re) significação” (p. 18). Madeira (2005) acrescenta que crenças são “o que se ‘acha’ sobre algo – o conhecimento implícito que se carrega, não calcado na investigação sistemática.” (p.19), e Silva (2007), salienta que nossas crenças implicam em “disposição para ação; e podem transformar-se em regras de comportamento” (p.238). Nesse sentido, as crenças atuariam como forças nos processos de aprender e ensinar. Já Frank (2007) opta por não utilizar o termo “crenças sobre o ensino e aprendizagem” e o substitui por “culturas de ensino e aprendizagem”. Ela assim o faz por entender que essas ideias, expectativas e atitudes são resultado de experiências prévias “construídas nas práticas culturais de determinados grupos culturais” (p. 8). Em consonância com Frank (2007), opto por usar o termo “culturas de ensino e aprendizagem” para me referir ao que Barcelos (2004) e Madeira (2005) definem como crenças, por considerar que o que o aluno acredita em relação ao processo de ensinar e aprender se relaciona com a cultura na qual ele cresceu, viveu e aprendeu. Desde muito cedo, as práticas de ensino vividas pelos alunos historicisam o que eles vivenciam no momento: “toda cultura de aprendizagem tem sua raiz na tradição educacional e, de modo mais amplo, na tradição cultural da comunidade em que ela se desenvolve” (CORTAZZI; JIN, 1996, p.169). Assim, em uma sala de aula, além das influências do que os participantes constroem conjuntamente, o comportamento dos alunos também se orienta pela bagagem que eles trazem das suas experiências prévias.

As culturas de ensinar e aprender, assim como podem influenciar no andamento da sala de aula e na aprendizagem, podem se alterar no decorrer das aulas. Segundo Frank (idem), “assim como as expectativas, atitudes e ideias dos participantes sobre ensino e aprendizagem influenciam as ações, as ações e reflexões sobre experiências também levam a mudanças em suas culturas de ensino e aprendizagem” (2007, p.11). Neste estudo, acompanho a trajetória destes participantes em suas primeiras aulas de PLA no Brasil, buscando compreender como lidam com as expectativas em relação a sua participação em sala de aula.

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