Devassos no Paraíso Resumo
Por: Rodrigo Ferracini de Goes • 1/3/2022 • Resenha • 1.299 Palavras (6 Páginas) • 349 Visualizações
“Devassos no paraíso, a homossexualidade no Brasil da colônia à atualidade”
A obra “Devassos no paraíso, a homossexualidade no Brasil da colônia à atualidade”, do autor João Silvério Trevisan é dividido em dez partes, cada uma contendo de três a oito capítulos, que vão construindo a história de pessoas LGBT, narra a constituição da nacionalidade brasileira como identidade e a vivência da homossexualidade no Brasil, Trevisan é escritor, jornalista, tradutor e dramaturgo, é também um dos principais nomes do ativismo LGBTQIA+ no Brasil. Fez parte do corpo editorial original do primeiro veículo midiático sobre questões acerca da sexualidade no Brasil o Lampião da Esquina, participou também do “Somos” – Grupo de Afirmação Homossexual, primeiro coletivo pela busca de direitos aos LGBTQIA+ do país. A obra faz uma retrospectiva que se inicia no período Colonial no Brasil, narrando a perseguição e repressão da Inquisição católica. Num segundo momento, a Igreja passa a responsabilidade para a medicina, é neste momento em que LGBTs começam a ser considerados loucos e depositados em manicômios, quando chega a época do Império e a República começam a ser instituídas leis e constituições com a intenção de retrair os comportamentos e tais práticas sexuais.
O autor dedicou suas pesquisas referentes ao tema sobre a história da homossexualidade no Brasil ,ele conta que o começo de sua escrita entre 1981 e 1983 onde ele toma notas e aos poucos passa a escrever com mais intensidade, lembrando que tal estudo foi realizado a pedido de uma revista inglesa que naquele momento preparava uma coleção sobre a homossexualidade ao redor do mundo, ele escreve a obra em meio à ditadura militar no Brasil, mesmo que já num processo onde se encaminhava para o final, ainda era um período conflituoso de muita opressão e repressão e também é naquele momento em que o grupo “Somos”, um grupo de reafirmação homossexual que foi fundado em 1978 em defesa dos direitos LGBT e considerado o primeiro grupo brasileiro em defesa desses direitos é desfeito por questões de conflitos internos, pois o grupo começa a fazer alianças políticas que desagradam. O livro é concebido em meio a uma desilusão amorosa e a falta de perspectiva pela qual o autor passava naquele momento, no intuito de superar todo o processo pelo qual passava ele começa então a se dedicar a escrita de devassos no Paraíso, começou a aprofundar suas pesquisas e encontra dificuldade, pois tudo era muito invisível no que diz respeito às pesquisas sobre a história da homossexualidade no Brasil, como se a mesma não existisse. Ele conta com a colaboração do professor Gabriel Bechara, que mostra a ele os caminhos para a revista da medicina legal com arquivos da medicina legal e identificação, que foi fundamental para a elaboração de todo o capítulo dos médicos higienistas, trazendo à tona as experiências que eram feitas com homossexuais em São Paulo. No capítulo Brasil visto da lua, o autor usa elementos escolhidos a partir de suas experiências no Recife onde entrevista um pai de Santo que transitava entre os dois gêneros, era Mário, mas também a Maria Aparecida ,que faz revelações que encantam o autor no que diz respeito às relações entre o candomblé e a homossexualidade, descobre também no Recife a obra de Túlio Carella o “ Orgia” que trata de uma obra autobiográfica que contava suas aventuras no Recife, além de conhecer a obra o autor, ele conhece também alguns de seus ex alunos que cederam fotos extraordinárias que renderam a escrita do capítulo intitulado o Brasil visto da lua, onde ele fala dos homens e mais tarde das mulheres, que viveram sua homossexualidade ou descobriram sua homossexualidade no Brasil. Em meio à escrita de devassos no Paraíso aparece toda a questão da AIDS, no momento em que a doença chegava sem perspectivas de solução e há também neste momento um aumento da repressão e homofobia, pois é forte a relação que a sociedade começa a fazer entre a doença e a homossexualidade.
Numa narrativa onde evidencia os principais acontecimentos e marcos históricos referentes à construção de uma identidade brasileira e à experiência homossexual no Brasil. Nos primeiros capítulos , Trevisan deixa destacado que muito antes do descobrimento em 1500, o nome Brasil já aludia a uma ilha com características paradisíacas dentro do imaginário europeu durante a Idade Média. De acordo com os estudos do autor, acreditava-se que a Ilha Brasil, ou Ínsula Deliciosa, estaria localizada perto da Irlanda – o que levou inúmeros navegadores ingleses a buscá-la. Desde os tempos da colonização, no meio de tantas reviravoltas e questões políticas mal resolvidas, a identidade do brasileiro vai sendo gradativamente construída sob um projeto de nação que visava, estrategicamente, representar elos maiores do que etnias ou nacionalidades, diante do fato de que a configuração do povo era representada de forma heterogênea. Entre portugueses, indígenas colonizados, negros africanos escravizados, prisioneiros portugueses que aqui eram despatriados e diversos exploradores do mundo todo,a Europa chegou por aqui e atracou.
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