Discuço historia e memoria

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA – UFU

INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA – ILEEL

CURSO DE LETRAS

DISCURSO, HISTÓRIA E MEMÓRIA

Prof. Dr. Israel de Sá

LEANDRO ANDRADE FRANCO

Faça, então, uma breve reflexão apontando esses deslocamentos e diferenciando esses quatro pontos da Nova História em relação à História Tradicional.

Durante o século passado a história era vista como uma história diplomática tradicional, era estudada com bases no estado onde de um lado era centrada nas batalhas, guerras e negociações entre estados chamado de paradigma tradicional. É a partir da década de 1920 que se deu o início de críticas sistematizadas a esta história "tradicional", críticas essas que foram implacáveis especialmente em relação à história política, definida nos moldes de então. E foi a partir daí que a história deslocou seu foco para os aspectos em relação as atividades humanas. A reorganização das ciências sociais em torno da história passou por um processo de reconstrução do objeto de estudo, que se deu a partir do homem e não estudos sobre as guerras e batalhas.

De acordo com Peter Burke, a história está dividida referente às suas áreas de atuação. O autor afirma que vários historiadores políticos, econômicos, sociais e culturais compõem, essas transformações. Em frente a essas constantes alterações do universo que cresce cada dia mais segundo Peter, uma necessidade de orientação; e isso que nos chama atenção para a Nova História.

O que define a Nova História é, sua posição de ser influenciada pelas ciências sociais e seus métodos; tal influência traz vários efeitos para a disciplina histórica, esta influência das ciências sociais significou uma mudança na forma como os historiadores trabalham as temporalidades históricas

Burke fala da dimensão dos fatos começando pelo que não é a história nova, para ele, da mesma forma que os teólogos medievais quando na ocasião da tentativa de definir Deus.

           De acordo com Burke, a tradição histórica se preocupa com uma história nacional ou internacional, e nunca trata do regional. Outro fenômeno fica por conta da consideração insistente da política como formadora da história:                  " História é a política passada: política é a história do presente". Assim, podemos dizer que a história tradicional influenciou negativamente muitos aspectos das atividades humanas, pois para a nova história, toda atividade humana é portadora de uma história. Os historiadores tradicionais descreviam uma história mais preocupada com os acontecimentos; já para nova história, não é suficiente saber os acontecimentos e sim, saber todos os momentos que destacam as transformações, e considerar diversos personagens que precisam ser analisados. Ao observar o destaque do tratamento, desenvolvido pela história tradicional da história vista por cima, a história tradicional valoriza figuras ilustres como por exemplo generais, a maioria dos historiadores desconsideram a história de personagens comuns, esquecendo-se que estes também constroem a história. Já a nova história considera tanto a história de cima como também a vista de baixo, considerando opiniões de gente comum, por exemplo, a história das mentalidades. 

Burke fala sobre a "reunião" de fontes utilizadas pela corrente tradicional, são as fontes oficiais, registros oficiais, portanto, uma história oficial, considerando apenas estas como evidências seguras para história, trabalhando também com dados quantitativos que, segundo ele, teve seu auge nos anos 50 e 60. Em contradição, a história nova esclarece que há muitas outras evidências que poderiam contribuir para história, como as fontes visuais e orais. A nova história considera a história antes de sua escrita, pode ser vista além dos documentos. Este período para os tradicionais é chamado como Pré-história.