Duzentos e Vinte e Cinco Gramas: Os Prisioneiros. Rubem Fonseca
Por: TAÍS O. PEREIRA • 4/11/2022 • Resenha • 687 Palavras (3 Páginas) • 210 Visualizações
FONSECA, Rubem. Duzentos e vinte e cinco gramas: Os Prisioneiros.
Rio de Janeiro: Agir, 2011.
Aluna: Taís Oliveira Pereira.
No segundo conto presente na obra Os Prisioneiros, intitulado Duzentos e vinte e cinco gramas, o contista, romancista, ensaísta e roteirista brasileiro Rubem Fonseca narra a autópsia realizada no corpo de Elza Wierck, uma jovem mulher empresária de origem suíça que é morta a facadas por um maníaco sexual.
O corpo da mulher estando no necrotério, três amigos íntimos da moça comparecem ao local e aguardam pelo médico legista encarregado da autópsia. Para a surpresa deles, o médico questiona quem dos três entraria para acompanhar o exame cadavérico, procedimento que ele enfatiza ser imprescindível e obrigatório por lei. Após grande insistência por parte do médico, um dos homens acaba decidindo que ele mesmo entraria para acompanhar, e assim é feito.
A sessão se inicia e durante todo o procedimento o legista faz uma série de observações, de forma performática e um tanto implicante, enquanto o escriturário, presente na sala, registrava o laudo médico. O amigo da vítima seguiu imóvel na sala acompanhamento cada detalhe e só se retirou ao final da autópsia, o que deixou clara a frustração do legista.
A obra inteira tem um humor ácido e por ter uma narrativa muito detalhista, Rubem Fonseca consegue transmitir perfeitamente para o leitor aquela sensação de angústia e desconforto como se estivéssemos presenciando todo o fato pessoalmente no necrotério. A forma sombria como ele narra toda a história, nos faz assimilar a sua obra com as de Edgar Allan Poe, muito conhecido por seus contos de acontecimentos fantásticos.
Apesar do médico não mais se impressiona com o seu trabalho, buscando outras formas de se satisfazer durante as autópsias, ampliando cada procedimento intencionalmente e de forma grotesca e sádica a fim de fazer com que o amigo da vítima expressasse algum sentimento de melancolia perante a situação do corpo de sua amante Elza, o que mais chama atenção é que o autor parece querer transmitir para o leitor a ideia da liquidez das relações humanas (bauman,1987), da falta de sentimentos mais profundos e da fragilidade das relações.
O amigo íntimo da vítima, mesmo diante de tantas provações, foi incapaz de expressar qualquer reação diante de todo a situação. Fica evidente que o personagem não dá tanta importância ao relacionamento e ignora que a situação não está indo bem e acaba normalizando como se fosse muito habitual assistir ao exame cadavérico de uma amiga.
Referências bibliográficas:
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: Sobre a Fragilidade Dos Laços Humanos.
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