Ensaio Critico Sobre a Canção do Exilio de Gonçalves Dias
Por: GilSobral • 23/2/2023 • Ensaio • 1.308 Palavras (6 Páginas) • 76 Visualizações
PARA ONDE FOI O BRASIL DA CANÇÃO DO EXÍLIO?
Giselly Catarina Sobral1
RESUMO: O presente ensaio visa refletir sobre as mudanças do Brasil em relação ao poema saudoso de Gonçalves Dias, Canção do Exílio, onde ele exalta as belezas da fauna e flora brasileira.
Palavras-Chave: Gonçalves Dias. Canção Do Exílio. Brasil. Literatura Brasileira. Romantismo.
O Brasil no século XIX passava por grandes transformações devido a sua Independência e necessitava criar uma nova identidade, já que estava desvinculado de Portugal, e essa construção coincidiu com a chegada literária do romantismo, e foi através desse movimento que o nacionalismo foi evidenciado.
E foi através da valorização dos indígenas e na grandeza de sua fauna e flora que foi construída uma consciência cultural única com apoio de grandes escritores dentre eles, Gonçalves Dias que foi fundamental nessa construção de identidade nacional.
Gonçalves Dias retrata em seu poema Canção do Exílio, a saudade que sente do Brasil, no período de 1843, onde esteve em Portugal, mais precisamente em Coimbra onde cursava Direito. Onde pôde conhecer grandes escritores românticos da época como Almeida Garret e Alexandre Herculano.
A Canção do Exílio conseguiu retratar tão bem as belezas do Brasil dentro da literatura que um dos trechos foram usados para compor o Hino Nacional: “Nossos bosques tem mais vida/ Nossa vida (no teu seio) mais amores”.
Mas, ao longo dos séculos houve uma mudança gradativa no Brasil, esse nacionalismo que Gonçalves Dias retratava em suas obras foi deixado de lado, a exaltação da fauna e flora saiu de pauta, dando lugar a um cenário preocupante de devastação. Os amores se transformaram em ondas de dor e sofrimento.
O Brasil dos dias atuais sofreu e sofre mudanças drásticas em todos os sentidos. As belezas usadas como inspiração no poema de Gonçalves Dias pouco a pouco foram se perdendo durantes os séculos.
As palmeiras tão exaltadas por Gonçalves Dias no século XIX, hoje corre sério risco de extinção devido a extração ilegal de palmitos, como podemos comprovar com a matéria do site ECOFUTURO: “Palmeira-Juçara: Ameaçada pela exploração ilegal do palmito.” E essa exploração acarreta outros sérios riscos para a natureza e sua diversidade pois mais de 80 espécies de animais, a maioria aves, se alimentam do fruto das palmeiras, logo essa cadeia de ausências irá destruir de maneira silenciosa a fauna brasileira.
Outro ponto importante a ser destacado é o desmatamento. De acordo com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) no primeiro semestre deste ano a Amazônia registrou recorde em desmatamento. Vale destacar também os números alarmantes:
Para o mês de junho, foram 1.120 km² de floresta desmatados, área 5,5% maior que a derrubada em junho de 2021 (1.061 km²) e 7,4% maior que a de junho de 2020 (1.043 km²), o que indica não haver retração no desmatamento no bioma. A diferença é expressiva em relação a junho de 2018: 129% menor que o ocorrido em 2022, com 488 km² desmatados à época. A média de área desmatada nos meses de junho de 2016 a 2018 foi de 683 km² ao ano, enquanto a média desmatada em junho de 2019 a 2022 foi de 1.040 km² ao ano.
É assustador pensar o quanto um país pode mudar com o passar dos tempos. O Brasil já foi exaltado pelas suas belezas naturais e hoje estampa matérias sobre desmatamento em massa.
Em relação aos animais, mais precisamente os sabiás, no Brasil de acordo com a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA) existem 19 espécies de sabiás, algumas delas ameaçadas de extinção. A espécie em questão, citada no poema de Gonçalves Dias é o sabiá- laranjeira (Turdus rufiventris):
O sabiá-laranjeira é considerado a ave símbolo do Brasil, devido a sua popularidade na cultura e no folclore brasileiro. Seu canto é melodioso, semelhante ao som de uma flauta. O corpo é coberto por plumagem parda com peito alaranjado e bico amarelo escuro. Pode chegar a 25 centímetros de comprimento, de modo que machos são mais leves que as fêmeas.
Apesar de severas destruições do seu habitat, a ave símbolo do Brasil ainda pode ser encontrada e ter seu canto tão peculiar admirado por muitas pessoas.
“[...] Nosso céu tem mais estrelas [...]” talvez o que Gonçalves Dias descreveu na época fizesse sentido, um céu repleto de estrelas; um país praticamente sem poluição; e não existia interferência de luzes artificiais. Mas hoje, a visão de um céu estrelado tem se tornado privilégio de poucos. De acordo com Evanildo da Silveira para matéria da BBC Brasil mostra que “Poluição luminosa de grandes cidades fazem estrelas ‘desaparecerem’ do céu.”
E esse desaparecimento não prejudica só a apreciação das estrelas por nós, os observatórios astronômicos que estudam o céu incansavelmente tem sentido de perto o tamanho dessa interferência. Como comprovamos com a declaração do diretor do laboratório nacional de astronomia (LNA) Bruno Vaz Castilho de Souza relata que um dos observatórios no Rio de Janeiro já perdeu sua capacidade de pesquisa:
O problema se agravou mais nos últimos 15 anos, com o barateamento dos sistemas de iluminação e a política de eletrificação rural, que afeta agora os observatórios de montanha, mesmo longe dos grandes centros. É importante notar que o problema não é iluminar, é iluminar incorretamente.
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