Ensaio Florbela Espanca
Por: Raquel Ferreira • 16/9/2015 • Trabalho acadêmico • 782 Palavras (4 Páginas) • 516 Visualizações
Universidade Estadual de Goiás
Docente: Maria Severina Batista Guimarães
Acadêmicos: Raquel Ferreira e Sávio Pires de Souza
Trabalho de Teoria Literária
Questão 01. Através de séculos e dos estilos de cultura, o conceito e os limites da poesia têm constituído um problema permanente, glosado e discutido por grande número de especialistas, cada qual com sua parcela de verdade, mas nenhuma alcançou aceitação integral e definitiva. Estudiosos Germânicos tentando obviar a questão definiu a poesia como o núcleo residual e essente de toda manifestação artística. A poesia, entendida indiferentemente como forma ou conteúdo, é tão real quanto as pessoas e os objetos que nos cercam, e tão real quanto os sonhos e os planos de viagem que nunca se realizam. A diferença existente entre prosa e poesia é quanto a essência de cada uma. A poesia tem por objeto o "eu", enquanto na prosa o "não eu". Em suma, "o objeto verdadeiro da poesia é o reino infinito do espírito". Podemos concluir que a poesia seria a comunicação, a expressão do "eu". Como a palavra é o signo literário por excelência, teríamos que a poesia é a expressão do "eu" pela palavra, quer dizer, a expressão duma situação em que o "eu" se torna espectador e ator ao mesmo tempo, ou, por outra, sujeito e objeto simultaneamente. Assim, a palavra consistiria no instrumento através do qual o próprio "eu" forceja por comunicar-se como objeto. Vale ressaltar que a linguagem da poesia é conotativa e que o leitor não é um molde passivo, destinado a receber poesia e a função do poeta não é a de fabricá-la para entregá-la intocável ao leitor. O poeta ao cria-la leva em conta o que pensam e o que sentem e o que está no poeta está no poema com virtualidade.
Questão 02. A poesia e a prosa se aparentam numa série de aspectos. Na poesia, o sujeito, o "eu", volta-se para dentro de si, fazendo-se ao mesmo tempo espetáculo e espectador. A prosa, todavia, inverte completamente essa equação. Com efeito, a prosa é a expressão do "não-eu", do objeto. A poesia seria duplamente subjetiva, enquanto a prosa seria subjetiva nos seus fundamentos e objetiva no seu objeto. A linguagem da prosa retrata, descreve, narra, fixa os aspectos "históricos", visíveis, que estão à sintaxe, "na prosa a estrutura sintática destaca tanto mais agudamente, faz-se tanto mais importante e eficaz quanto mais decididamente se afasta o prosador do estilo poético e do estado de espírito lírico". Diante disso, podemos dizer que, à semelhança da poesia, a prosa admite dois modos de expressão:
- de modo descontínuo: Ora, se houvesse poesia no soneto, era absolutamente impossível proceder do modo como procedemos, sob pensa de a poesia desaparecer: as metáforas poéticas são intraduzíveis, simplesmente porque polivalentes. Mesmo quando desvendáveis os seus valores, ainda ficariam outros por descobrir. Do contrário, a poesia se desvaneceria porque pobre ou limitada. Com o aplacamento do "eu" em favor da impassibilidade descritiva e marmórea, é natural que a poesia se volatilizasse para dar vaza à prosa versificada.
- de modo contínuo: Formando as linhas que ocupam a "mancha" inteira da página. Da mesma forma que o verso ou a linha descontínua parece própria da linguagem poética, assim também a linha contínua semelha quadrar melhor com a prosa. A mundividência coincida até certo ponto com o nervo central da prosa não literária de sempre, quer dizer, na medida em que também participa duma visão objetiva da realidade.
Questão 03. A poesia pode ter um significado social deliberado e consciente. Nas suas formas mais primitivas esse sentido é quase claro. Existem, por exemplo, poemas rúnicos e melopéias com finalidades mágicas evidentes, como sejam, evitar o mau-olhado, curar doenças ou propiciar demônios. A poesia foi usada primeiramente em rituais religiosos, e ao cantarmos um hino estamos, ainda hoje, usando poesia com uma determinada finalidade social. Evidentemente, essa utilização definida da poesia forneceu à própria poesia uma estrutura que lhe possibilitou atingir, em determinados gêneros, a perfeição. Aos poucos a poesia didática restringiu à poesia de exortação mora, ou poesia destinada a convencer o leitor de determinado ponto de vista do autor. Quanto a poesia dramática, sua função é de tipo inteiramente peculiar. Pois, enquanto a maioria da poesia atual destina-se a ser lida em solidão ou em voz alta para auditórios, a poesia dramática pretende atingir de forma imediata e coletiva um grande número de pessoas reunidas para assistir a um episódio imaginário represtado num palco. A função da poesia filosófica abrange análises e dados históricos bastante extensos. É de suma importância destacar que o poeta tem como função proporcionar pelo uso da palavra o prazer e sua tarefa principal é com a língua tendo como o objetivo cuida-la e aperfeiçoa-la.
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