Tragetoria Poetica De Florbela Espanca
Monografias: Tragetoria Poetica De Florbela Espanca. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Dhenifer007 • 26/2/2015 • 1.600 Palavras (7 Páginas) • 426 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE GOIANIA
DEPARTAMENTO DE LETRAS
Trajetória poética da poetisa Florbela Espanca
Dheniffer da Silva Almeida
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE PORANGATU
DEPARTAMENTO DE LETRAS
Trajetória poética da poetisa Florbela Espanca
Trabalho apresentado ao curso de Letras, sob à orientação da professora Maria Joana Souz, para obtenção da nota parcial na disciplina de Literatura Portuguesa II.
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Este estudo tem por objetivo retratar a trajetória poética de Florbela de Alma da Conceição Espanca, e como subsídios teóricos para validar os dados aqui mencionadas, foram utilizados estudiosos como Massaud Moisés, Oscar Lopes e José Antonio Saraiva, Angela Groppi, bem como fragmentos de alguns poemas da escritora.
Segundo Massaud Moisés (1994, p.254), a poetisa Florbela Espanca simbolizou um marco para a Literatura Portuguesa, em um período que a sociedade do século XIX, através da imprensa buscava deixar claro o abismo que existia entre a figura feminina ao sexo oposto nas produções literárias da época.
A mulher do século XIX era vista de maneira marginalizada onde a função que exerciam, digamos assim, seria contribuir com a construção de uma sociedade machista, onde a mesma deveria cumprir apenas papéis específicos voltados para vida privada e familiar, noutros termos, a mulher era vista como um objeto importante para a construção de uma cidadania masculina, mas não autorizadas a construírem a sua própria identidade, como é possível perceber nas palavras de Angela Groppi quando diz:
Ora enquanto os homens são robustos, fortes, cheios de energia e coragem, aptos a meditações profundas e a estudos longos e sérios, as mulheres que imiscuem nos assuntos públicos faltariam às funções a elas atribuídas pela natureza, que são, além daquelas de cuidar de casa e dos trabalhos domésticos, também as “de dar início à educação dos homens: iniciar o espírito e o coração das crianças às virtudes públicas e instruí-los no culto político da liberdade”
(GROUPPI, Angela, 1995, p.14)
Assim sendo, Florbela Espanca ao realizar o ato de colocar em versos a visão de mundo e do ser humano que detinha, representou para a mulher uma vitória de anos de luta, haja visto que, a mesma passou por um processo paulatino para conseguir um espaço dentro da esfera literária, uma vez que a mulher foi preciso dominar a palavra escrita, para mais tarde, conviver com o preconceito da sociedade que acreditava ser apenas dos homens a atividade de manipulação da palavra. Além do preconceito referente ao sexo, existiam as cobranças quanto ao que era escrito e quanto à forma como escreviam. A época valorizava a erudição, mas a educação oferecida às mulheres, quando oferecida alguma, era diferenciada dos homens, como afirma Norma Telles em seu artigo Escritoras, esciras e escrituras afirma:
Excluídas de uma efetiva participação na sociedade, das possibilidades de ocuparem cargos públicos, de assegurarem dignamente sua própria sobrevivência, e até mesmo impedidas de acesso a educação superior, as mulheres do século XIX ficavam trancadas, fechadas dentro de casas ou sobrados, mocambos ou senzalas, construídos por pais, maridos, senhores. (...) Esporadicamente algumas mulheres reagiam, mas eram obrigadas, por seus companheitos, a calar. (TELLE, Norma, 1997, p.408)
Por outro lado. a mulher no século XIX liberta-se da natureza: torna-se senhora do seu próprio corpo, e essa fator será uma determinante na poética de Florbela Espanca, onde Antonio José Saraiva e Oscar Lopes (2000, p. 967), em História da Literatura Portuguesa, classifica Florbela como uma das “mais notáveis personalidades líricas isoladas, e acrescentam ainda que a obra de Florbela Espanca “ precede de longe estimula um mais recente movimento de emancipação literária da mulher, exprimindo nos seus acentos mais patéticos a imensa frustração feminina das (...) opressivas tradições patriarcais”, o soneto intitulado “Amar!” é um belo exemplo disso:
Eu quero amar, amar perdidamente!/ Amar só por amar: aqui... além.../ Mais Este e Aquele, ou Outro e toda a gente.../ Amar! Amar! E não amar ninguém!/ Recordar? Esquecer? Indiferente! .../ Prender ou desprender? É mal? É bem?/ Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente!/ Há uma Primavera em cada vida:/ É preciso cantá-la assim florida,/ Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!/ E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada/ Que seja a minha noite uma alvorada,/ Que me saiba perder... pra me encontrar...
Percebe-se que, contra todas as perspectivas, muitas mulheres escreveram no alvorecer do século XX. Quando Florbela Espanca iniciou a publicação de seus escritos mesmo, geralmente declarava seus poemas em chás literários, muitos deles promovidos por senhoras, entretanto enquanto na Europa se espalhavam para outras partes do mundo as ideias da mulher sobre uma diferente perspectiva, vista como um ser que começava a ocupar um espaço considerável no mercado de trabalho e sexualmente livre, onde vozes da tradição se erguiam procurando valorizar a antiga mulher, voltada para a maternidade, como bem salienta Telles no fragmento apresentado anteriormente.
Através da poesia de Florbela é possível retirar influências de diversas correntes literárias que atravessaram o século XIX, apesar de acusar igualmente proximidades a estéticas do século XX. Diga-se, a propósito, que grande parte da obra ímpar produzida por Florbela reside no fato de a sua estética literária se enraizar no cruzamento de várias tendências do lirismo do século passado: entre as principais influências,
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