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I “OS SERTÕES”, DE EUCLIDES DA CUNHA - LINGUAGEM

Por:   •  25/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  9.400 Palavras (38 Páginas)  •  486 Visualizações

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Unidade I “OS SERTÕES”, DE EUCLIDES DA CUNHA - LINGUAGEM Profa. Ana Lúcia Machado da Silva

[pic 1]

[pic 2] 

A terra - “O Planalto Central do Brasil desce, nos litorais do Sul, em escarpas inteiriças, altas e abruptas. Assoberba os mares; e desata-se em chapadões nivelados pelos visos das cordilheiras marítimas, distendidas do Rio Grande a Minas Mas ao derivar para as terras setentrionais diminui gradualmente de altitude, ao mesmo tempo que descamba para a costa oriental em andares, ou repetidos socalcos, que o despem da primitiva grandeza afastando o consideravelmente para o interior.” (“Os sertões”, pg. 9) ----------- privilegia o litoral

Vocabulário  -  Emprego de termos científicos e/ou técnicos que dificultam a leitura. “Vê-se, de fato, que três formações geognósticas [...]”

“Surgem primeiro as possantes massas gnaissegraníticas

[...]” “Novo horizonte geológico reponta com um traço original e interessante. Mal estudado embora, caracteriza-o notável significação orográfica porque as cordilheiras dominantes do Sul ali se extinguem soterradas, numa inumação estupenda, pelos possantes estratos mais recentes [...].”

 Figuras de linguagem -  Caracterizam a flora caprichosa da plenitude do estio.

“Os mandacarus (cereus jaramacaru), atingindo notável altura, raro aparecendo em grupos, assomando isolados acima da vegetação caótica, são novidade atraente, a princípio. Atuam pelo contraste. Aprumam-se tesos triunfalmente, enquanto por toda a banda a flora se deprime. O olhar, perturbado pelo acomodar-se à contemplação penosa dos acervos de contemplação penosa dos acervos de ramalhos estorcidos, descansa e retifica-se percorrendo os seus caules direitos e corretos.”

 “No fim de algum tempo, porém, são uma obsessão acabrunhadora. Gravam em tudo monotonia inaturável, sucedendo-se constantes, uniformes, idênticos todos, todos do mesmo porte, igualmente afastados distribuídos com uma ordem afastados, distribuídos com uma ordem singular pelo deserto.”

   Metáforas: mandacarus representam os sertanejos sob a liderança de Antonio Conselheiro.

Os xiquexiques (cactus peruvianus) são uma variante de proporções inferiores, fracionando-se em ramos fervilhantes de espinhos, recurvos e rasteiros, recamados de flores alvíssimas. Procuram os lugares ásperos e ardentes São os vegetais ásperos e ardentes. São os vegetais clássicos dos areais queimosos. Aprazem-se no leito abrasante das lajens graníticas feridas pelos sóis.”

  Xiquexiques, com seus espinhos, representam os martírios de viver em terra sertaneja; espinho representa Jerusalém, terra dos calvários, do sofrimento.

 “Têm como sócios inseparáveis neste habitat, que as próprias orquídeas evitam, os cabeças-de-frade, deselegantes e monstruosos melocactos de forma elipsoidal, acanalada, de gomos espinescentes convergindo espinescentes, convergindo-lhes no vértice lhes no vértice superior formado uma flor única intensamente rubra. Aparecem de modo inexplicável, sobre a pedra nua, dando, realmente, no tamanho, na conformação, no modo por que se espalham, a imagem singular de cabeças decepadas e sanguinolentas jogadas por ali, a esmo, numa desordem trágica.”

 “É que estreitíssima frincha lhes permitiu insinuar, através da rocha, a raiz longa e capilar até a parte inferior, onde acaso existam, livres de evaporação, uns restos de umidade.”

  Os cabeças-de-frade representam as cabeças decepadas; servem como indício narrativo: a degola ocorrida na 3a parte da obra (luta).

 “E pouco mais especializa quem anda, pelos dias claros, por aqueles ermos, entre árvores sem folhas e sem flores. Toda a flora, como em uma derrubada, se mistura em baralhamento indescritível. É a caatanduva, mato doente da etimologia mato doente, da etimologia indígena, dolorosamente caída sobre o seu terrível leito de espinhos!”

   Caatanduva: é a coroa de espinhos de Cristo.

Vegetação: 1a parte (A terra)

   Vegetação do sertão é interpretada de forma poético-literária.

  Representa a sociedade do sertão: Canudos.

  Canudos: plantas à beira do rio com as quais se fazia fumo (cachimbo). As pessoas nomeavam o local de Canudos.

“as plantas robustas trazem no aspecto anormalíssimo, impressos, todos os estigmas desta batalha surda.”

[pic 3]

- Natureza e paisagem descritas na obra:

  Descrição poética da paisagem.

  Construção simbólica, mimetiza outras partes do livro.

  Oscilação dramática: bravura x pátria

  Martírio de Cristo.

Além da metáfora, há na obra:

  sinestesia; (Jogo de sentidos... visual com o auditivo, o tato junto com o visual)

  antítese; (uma descrição -  O que é sertão e o que é o resto do pais), o que é bravura e o que não é; o que é civilização e o que é barbare)

   oxímoros; (é ter duas carateristicas opostas ao mesmo tempo)

  Antítese: litoral x sertão / barbárie x civilização / linguagem regionalista x erudita

 “A natureza compraz-se em um jogo de antíteses.”

   Noite x dia; seca x abundância; quente (dia) x frio (noite).

 Linguagem em “Os sertões” (Literatura Brasileira; pré-modernismo)

Neobarroca:

  remete à liberdade da sintaxe narrativa;

  explora todos os níveis da linguagem: coloquial/culto, histórico/onírico, escatológico/lúdico;

  funde os múltiplos aspectos ideológicos e estéticos.

  Euclides da Cunha revela perfeito domínio da língua e clara consciência da sua arte.

  Todo o aparato verbal seria artificial se não fosse o artista que Cunha era, parecendo ter obedecido a um planejamento minucioso, um formidável trabalho arquitetônico.

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