I “OS SERTÕES”, DE EUCLIDES DA CUNHA - LINGUAGEM
Por: dartoraedilia • 25/9/2015 • Trabalho acadêmico • 9.400 Palavras (38 Páginas) • 481 Visualizações
Unidade I “OS SERTÕES”, DE EUCLIDES DA CUNHA - LINGUAGEM Profa. Ana Lúcia Machado da Silva
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A terra - “O Planalto Central do Brasil desce, nos litorais do Sul, em escarpas inteiriças, altas e abruptas. Assoberba os mares; e desata-se em chapadões nivelados pelos visos das cordilheiras marítimas, distendidas do Rio Grande a Minas Mas ao derivar para as terras setentrionais diminui gradualmente de altitude, ao mesmo tempo que descamba para a costa oriental em andares, ou repetidos socalcos, que o despem da primitiva grandeza afastando o consideravelmente para o interior.” (“Os sertões”, pg. 9) ----------- privilegia o litoral
Vocabulário - Emprego de termos científicos e/ou técnicos que dificultam a leitura. “Vê-se, de fato, que três formações geognósticas [...]”
“Surgem primeiro as possantes massas gnaissegraníticas
[...]” “Novo horizonte geológico reponta com um traço original e interessante. Mal estudado embora, caracteriza-o notável significação orográfica porque as cordilheiras dominantes do Sul ali se extinguem soterradas, numa inumação estupenda, pelos possantes estratos mais recentes [...].”
Figuras de linguagem - Caracterizam a flora caprichosa da plenitude do estio.
“Os mandacarus (cereus jaramacaru), atingindo notável altura, raro aparecendo em grupos, assomando isolados acima da vegetação caótica, são novidade atraente, a princípio. Atuam pelo contraste. Aprumam-se tesos triunfalmente, enquanto por toda a banda a flora se deprime. O olhar, perturbado pelo acomodar-se à contemplação penosa dos acervos de contemplação penosa dos acervos de ramalhos estorcidos, descansa e retifica-se percorrendo os seus caules direitos e corretos.”
“No fim de algum tempo, porém, são uma obsessão acabrunhadora. Gravam em tudo monotonia inaturável, sucedendo-se constantes, uniformes, idênticos todos, todos do mesmo porte, igualmente afastados distribuídos com uma ordem afastados, distribuídos com uma ordem singular pelo deserto.”
Metáforas: mandacarus representam os sertanejos sob a liderança de Antonio Conselheiro.
“Os xiquexiques (cactus peruvianus) são uma variante de proporções inferiores, fracionando-se em ramos fervilhantes de espinhos, recurvos e rasteiros, recamados de flores alvíssimas. Procuram os lugares ásperos e ardentes São os vegetais ásperos e ardentes. São os vegetais clássicos dos areais queimosos. Aprazem-se no leito abrasante das lajens graníticas feridas pelos sóis.”
Xiquexiques, com seus espinhos, representam os martírios de viver em terra sertaneja; espinho representa Jerusalém, terra dos calvários, do sofrimento.
“Têm como sócios inseparáveis neste habitat, que as próprias orquídeas evitam, os cabeças-de-frade, deselegantes e monstruosos melocactos de forma elipsoidal, acanalada, de gomos espinescentes convergindo espinescentes, convergindo-lhes no vértice lhes no vértice superior formado uma flor única intensamente rubra. Aparecem de modo inexplicável, sobre a pedra nua, dando, realmente, no tamanho, na conformação, no modo por que se espalham, a imagem singular de cabeças decepadas e sanguinolentas jogadas por ali, a esmo, numa desordem trágica.”
“É que estreitíssima frincha lhes permitiu insinuar, através da rocha, a raiz longa e capilar até a parte inferior, onde acaso existam, livres de evaporação, uns restos de umidade.”
Os cabeças-de-frade representam as cabeças decepadas; servem como indício narrativo: a degola ocorrida na 3a parte da obra (luta).
“E pouco mais especializa quem anda, pelos dias claros, por aqueles ermos, entre árvores sem folhas e sem flores. Toda a flora, como em uma derrubada, se mistura em baralhamento indescritível. É a caatanduva, mato doente da etimologia mato doente, da etimologia indígena, dolorosamente caída sobre o seu terrível leito de espinhos!”
Caatanduva: é a coroa de espinhos de Cristo.
Vegetação: 1a parte (A terra)
Vegetação do sertão é interpretada de forma poético-literária.
Representa a sociedade do sertão: Canudos.
Canudos: plantas à beira do rio com as quais se fazia fumo (cachimbo). As pessoas nomeavam o local de Canudos.
“as plantas robustas trazem no aspecto anormalíssimo, impressos, todos os estigmas desta batalha surda.”
[pic 3]
- Natureza e paisagem descritas na obra:
Descrição poética da paisagem.
Construção simbólica, mimetiza outras partes do livro.
Oscilação dramática: bravura x pátria
Martírio de Cristo.
Além da metáfora, há na obra:
sinestesia; (Jogo de sentidos... visual com o auditivo, o tato junto com o visual)
antítese; (uma descrição - O que é sertão e o que é o resto do pais), o que é bravura e o que não é; o que é civilização e o que é barbare)
oxímoros; (é ter duas carateristicas opostas ao mesmo tempo)
Antítese: litoral x sertão / barbárie x civilização / linguagem regionalista x erudita
“A natureza compraz-se em um jogo de antíteses.”
Noite x dia; seca x abundância; quente (dia) x frio (noite).
Linguagem em “Os sertões” (Literatura Brasileira; pré-modernismo)
Neobarroca:
remete à liberdade da sintaxe narrativa;
explora todos os níveis da linguagem: coloquial/culto, histórico/onírico, escatológico/lúdico;
funde os múltiplos aspectos ideológicos e estéticos.
Euclides da Cunha revela perfeito domínio da língua e clara consciência da sua arte.
Todo o aparato verbal seria artificial se não fosse o artista que Cunha era, parecendo ter obedecido a um planejamento minucioso, um formidável trabalho arquitetônico.
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