TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

JERONYMO SOARES BARBOSA E SEU GRAMÁTICO FILOSOFICO

Tese: JERONYMO SOARES BARBOSA E SEU GRAMÁTICO FILOSOFICO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  12/10/2014  •  Tese  •  667 Palavras (3 Páginas)  •  206 Visualizações

Página 1 de 3

De há muito que valorizo os conceitos e definições em qualquer tipo de ensino/ aprendizagem. Na área específica de língua portuguesa (mas em qualquer área), acho inconcebível que um professor se ponha a ensinar sem definir ou conceituar cada tópico que seja objeto de seu ensinamento. Como se pode ensinar o que é advérbio sem definir o próprio ou o que é uma circunstância, o fenômeno representado pelos advérbios?

A falta de conceitos e definições é a responsável, quando se pergunta a um aluno, inclusive de Letras e até já em fase de se formar, como constatei certa vez, por exemplo, o que é vogal e ele responde quais são elas, mas não dá seu conceito. Pior: não consegue dar o conceito. E acaba se restringindo a 5, quando de fato temos, atualmente, 12 vogais.

No ensino da sintaxe então, alguns vão direto para as dez funções sintáticas sem sequer conceituar o que é função. Pergunta-se a um professor: como é possível que um aluno compreenda as dez funções sintáticas, os dez termos das orações, sem que ele saiba o que é função?! Função é o papel que cada ser desempenha em relação aos demais seres. Assim, se a palavra exerce a função de sujeito, isso ocorre em relação às demais palavras da oração. Sintaxe é coordenação, organização, manipulação das palavras dispondo-as em funções e relacionando-as e produzindo sentido, semântica. E por aí vai. É preciso definir os tópicos sobre os quais se vai falar.

JERONYMO SOARES BARBOSA E SUA GRAMMATICA PHILOSOPHICA

Bem, estou falando a respeito dos conceitos e definições porque quero mostrar essa preocupação em três grandes gramáticos, um de meados do século XIX (1866), Jeronymo Soares Barbosa; outro do final do século XIV e início do século XX (a minha versão é de 1913), Júlio Ribeiro; e, finalmente, o terceiro, de início do século XIX (a minha versão é de 1907), Eduardo Carlos Pereira.

Depois de muitos e muitos anos, consegui encontrar num sebo, abandonada ao extremo, numa penúria de dar dó, num canto quase inencontrável das labirínticas estantes do Sebo Messias da Praça da Sé, a Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza ou Principios da Grammatica Geral Applicados á Nossa Linguagem, do prestigiado (e conceituado) gramático do século XIX Jeronymo Soares Barbosa. Trata-se da 4ª edição, Lisboa, 1866, impressa pela Typographia da Academia Real das Sciencias. Uma joia rara, mas... em lamentável estado de decomposição. Vou me aproveitar dela enquanto ela durar.

O que é uma gramática filosófica? Passo a palavra ao autor e aqui já se começa a perceber a importância das definições e conceitos:

"Toda grammatica é um systema methodico de regras, que resultam das observações feitas sobre os usos e factos das linguas. Se estas regras e observações tem por objecto tão sómente os usos e factos de uma lingua particular, a grammatica será também particular. Se ellas porém abrangem os usos e factos de todos ou da maior parte dos idiomas conhecidos, a sua grammatica será geral. Uma e outra póde ser, ou sómente pratica e rudimentaria ou philophica e razoada. Aquella não sóbe acima d'estas observações e regras praticas, que a combinação dos usos da lingua facilmente subministra a qualquer, para d'ella formar estes systemas analógicos a que de ordinário se reduzem quasi todas as artes vulgares de grammatica.

Porém se o espirito se adianta a indagar e descobrir nas leis physicas do som e do movimento dos corpos organicos, o mechanismo da formação da linguagem, e nas leis psychologicas as primeiras causas e razões dos procedimentos uniformes que todas as linguas seguem na analyse e enunciação do pensamento, então o systema que d'aqui resulta, não é já uma grammatica puramente pratica, mas scientifica e philophica." (p. XI e XII, da Introdução, datada de 1803)

Portanto, como se viu, a gramática filosófica, na visão daquela época, aprofundava-se em conceitos, nos sons e movimentos dos corpos para captar a lógica do mecanismo de formação da linguagem. Mais adiante, ele nos diz que "As linguas são uns methodos analyticos que Deus deu ao homem para desenvolver suas faculdades". (p. XIV)

...

Baixar como  txt (4.1 Kb)  
Continuar por mais 2 páginas »