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LITERATURA NO BRASIL: A DÉCADA DE 70 E A POESIA MARGINAL NOS ANOS DE CHUMBO

Por:   •  3/4/2018  •  Artigo  •  3.171 Palavras (13 Páginas)  •  925 Visualizações

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ITESP

METODOLOGIA CIENTÍFICA

Andressa Maria da Silva

LITERATURA NO BRASIL: A DÉCADA DE 70 E A POESIA MARGINAL NOS ANOS DE CHUMBO

Formosa-GO

2017

POESIA NO BRASIL: A DÉCADA DE 70 E A POESIA MARGINAL NOS ANOS DE CHUMBO

SILVA, Andressa Maria da[1]

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo examinar de que modo ocorreu e quais foram as causas que deram inicio à Poesia Marginal, por volta dos anos 70. A criação “marginal” criticou a experiência política durante a repressão e, é através dessa literatura que tem-se acesso as memórias da pressão vivida durante a Ditadura Militar no Brasil. No período de autoritarismo a produção literária da Geração Mimeógrafo ocorreu de forma artesanal. Os poetas utilizavam a máquina de escrever e o mimeógrafo, pois estes tinham baixo custo e eram de fácil articulação, em razão de serem em pequenas impressões. A poesia marginal era constituída por textos sucintos, sendo que a escrita carregava traços de oralidade através da linguagem vulgar e recursos visuais como quadrinhos. O conteúdo cotidiano era descrito através do sarcasmo, humor, gírias e uma pitada erótica.  Foi por meio desse movimento cultural que os intelectuais, artistas e poetas buscaram, por meio da literatura, uma atuação social que, mesmo repreendida, se espalhou e ganhou força pelas ruas. Contudo, estes esforços não foram suficientes para garantir, posteriormente, capítulos em livros didáticos, pois não foi considerado um movimento literário pela crítica. Isso tem um motivo que está ligado diretamente a economia e censura, uma vez que a disseminação de livros com teor revolucionário não seria lucrativa ou aceitável na época.

Palavras-chave: Geração Mimeógrafo; Ditadura no Brasil; Poesia Marginal; Literatura.

ABSTRACT: This paper aims at examining how it occurred and what were the causes that started the Marginal Poetry, around the 70 's. The “marginal” creation criticized the political experience during the repression and it is through this literature that one has access to the memories of the pressure lived during the Military Dictatorship in Brazil. In the period of authoritarianism the literary production of the Mimeograph Generation took place in an artisan way. The poets used the typewriter and the mimeograph, since they were inexpensive and easy to articulate because they were small prints. Marginal poetry consisted of succinct texts, and writing carried traces of orality through vulgar language and visual resources such as comics. The everyday content was described through sarcasm, humor, slang, and an erotic pinch. It was through this cultural movement that the intellectuals, artists and poets sought, through literature, a social performance that, even reprimanded, spread and gained strength through the streets. However, these efforts were not sufficient to guarantee later chapters in textbooks, since it was not considered a literary movement by the critics. This has a motive that is directly linked to economics and censorship, since the dissemination of books with revolutionary content would not be profitable or acceptable at the time.

Key-words: Generation Mimeograph; Dictatorship in Brazil; Marginal Poetry; Literature.


1 INTRODUÇÃO

A década de 70, no Brasil, foi marcada pelas rupturas políticas, sociais e econômicas. Foi um período histórico conturbado principalmente em meio às artes. Nesse cenário de autoritarismo surge a “Poesia Marginal” que dá vida a um movimento cultural crítico. A luta contra a censura era desarmada e intelectual. Contudo, os esforços pelo direito à liberdade de expressão são encarados, até os dias atuais, com olhar de indiferença. Alguns críticos literários tentem a dividir esse momento histórico entre o bem e o mal, isto é percebido ao utilizarem termos como “literatura marginal” ou “literatura do desbunde”.

Levanto aqui, através deste quadro de silêncio e rejeição, uma análise sobre a produção literária da década de 70 e, por que a crítica foi tão feroz quanto a esse movimento. Sendo que os problemas sociais vividos durante os anos de chumbo marcaram a lírica dos poetas marginais, apontando assim os problemas sociais vividos durante o período ditatorial. É possível perceber isso, por exemplo, através dos relatos autobiográficos dos da geração mimeógrafo. Para alguns as produções não eram encaradas como literatura, pois as características marcantes dos poetas e escritores que fizeram parte dessa geração foram à busca pela mudança e o individualismo. O desejo de fuga dos modelos impostos na época impulsionou a elaboração de livretos mimeografados, que eram negociados em via pública, porque as editoras e jornais não dariam espaço às criações com teor crítico, uma vez que não queriam que os livros fossem proibidos de circular o que geraria forte prejuízo econômico. Percebe-se, então que a rejeição da crítica em relação à poesia autobiográfica na década de 70 está diretamente ligada à economia. Se não gerava lucro, logo deveria ser descartada dos meios de circulação. A poesia marginal abalou as estruturas e, foi encarada como ameaça as editoras que tinham grande influência.

Portanto, tem-se uma literatura testemunhal que permite a todos aqueles que a levam em consideração, reviver e sentir o que, no passado, era corriqueiro como a censura. Consequentemente, foi a força da censura que instigou grande parte dessa luta por direitos permitindo assim que, atualmente, existam documentos significantes sobre os dias nos durante o período de repressão.

2 A censura para formar massas leigas

A repressão cultural após o golpe militar de 1964 visava às criações culturais que tinham teor político contrário. A censura tornou-se mais forte a partir promulgação do Ato Institucional n° 5 (AI-5), em 1968. Qualquer manifestação cultural que possuísse o menor traço de rejeição política ou caráter ideológico seria abolida, segundo FRANCO (1998).

De acordo com FRANCO (1998), aqueles que usassem a escrita como forma de libertação das amarras sociais, como os literatos e os músicos, encontraram dificuldades de veicular suas produções. A imprensa, por exemplo, sofria diariamente com a repressão. Pode-se concluir que um dos propósitos dos militares a ser atingido com a censura estava além de apenas silenciar a voz da sociedade. Um dos objetivos era desenvolver a ignorância cultural e deformar a interação política e intelectual dos cidadãos, pois isto favoreceria a formação de massas alheias ao destino do país. Contudo, a repressão não atingiu o seu objetivo efetivamente, uma vez que eliminar as criações culturais ou ter supervisionar isoladamente obras produzidas não foi possível. Aliás, a censura, para muitos, era um estímulo maior e que inspirou diversos autores.

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