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Literatura Africana - Resumo da Entrevista do escritor africano Mia Couto

Por:   •  15/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  530 Palavras (3 Páginas)  •  917 Visualizações

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Literatura Africana

Entrevista do escritor africano Mia Couto

Pontos referentes à disciplina

  • Momentos da Literatura Africana;
  • Literatura Africana sem estéticas literárias determinadas e separadas;
  • Tradição oral;
  • Importância do velho;
  • Histórias de infância;
  • Animismo, realismo fantástico;
  • Liberdade de expressão do 4º momento da Lit. Africana;
  • Neologismos e metáforas;
  • Reflexos do colonialismo português;
  • Língua portuguesa como elemento de aculturação;

Em uma entrevista para o programa Roda Viva da TV Cultura, o escritor africano Mia Couto fala sobre sua profissão e sobre a Literatura do seu país.

A Literatura Africana é uma literatura recente, sem uma tradição. Ela é dividida em momentos. No primeiro momento, durante a colonização há o afastamento da cultura africana e não havia uma identidade cultural. A colonização africana foi dada de forma assimilada, ou seja, pela imposição violenta dos costumes do colonizador, no caso dos portugueses, não permitindo que o colonizado expressasse sua identidade, por isso não houve movimentos literários com estéticas definidas.  

Mia Couto é um autor do 4º momento, no pós-colonialismo, fase marcada pela construção e consolidação da identidade cultural africana. Ele é descendente de portugueses e a língua que fala e escreve é o português, o qual é um elemento de aculturação, reflexo do colonialismo português. O fenômeno da aculturação se dá pelo contato de culturas diferentes e pela adoção mútua de costumes pertencentes à outra cultura. O quarto momento corresponde à fase histórica da independência nacional, quando se dá a reconstituição da individualidade plena do escritor africano: é o momento da produção do texto em liberdade, da criatividade e da retomada aos elementos nacionais.

Para que a cultura africana estivesse presente nas obras literárias foi necessário que a tradição fosse transmitida. A tradição em relação à história africana refere-se à tradição oral. Os valores e crenças, as sabedorias e as histórias foram transmitidas de geração em geração através das narrativas orais.

A valorização da tradição oral, na África, é uma maneira de preservar a sabedoria da ancestralidade. A figura que foi responsável pela transmissão da sabedoria é a do velho. É através dele que são passados os conhecimentos para os mais jovens. O valor e o respeito são transmitidos através da palavra. O velho é um elemento muito presente nas obras de Mia Couto, como nos contos O adiado avô e Nas águas do tempo. Durante a entrevista, Couto relata que tem como inspiração para a criação das suas obras as histórias ouvidas e vivenciadas quando era jovem, sendo assim uma prova real da tradição oral africana.

Todas as tradições africanas demonstram uma visão religiosa do mundo. As histórias contadas pelos velhos contêm elementos anímicos, ou seja, elementos além da realidade. Na tradição africana tudo está ligado, não há uma separação do que é ou não religiosos. Os rituais fazem parte do cotidiano. Tudo faz parte do ritual, inclusive a fala, que é o canal de transmissão dos ensinamentos através de histórias.

Mia Couto apresenta, em suas obras, muitas situações de forma figurada, utilizando metáforas com referências aos mitos, às lendas e ao folclore nacional e à sociedade africana. Sua obra é marcada também pelo uso de neologismos, resultantes da combinação de partes de palavras – prefixos e sufixos- afim de dar veracidade às suas obras e expressar sua criatividade.

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