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Plano 6º ano Mia Couto

Por:   •  22/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.722 Palavras (7 Páginas)  •  1.526 Visualizações

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Universidade Federal da Fronteira Sul[pic 1]

Campus Cerro Largo

Prof. Doutor Demétrio Alves Paz

Fernanda Taisi Trentin Kutti

Sugestão de trabalho para o Ensino Fundamental com Contos de Mia Couto.

Conto 1-  As três irmãs

        Conto 1 – As três irmãs

        Motivação

  • Perguntar ao grupo de alunos se tem irmãos ou são filhos únicos.
  • Conversar a cerca do seu irmão, irmã, e permitir que quem é filho único fale um pouco a respeito de como é crescer sozinho.
  • Os quem tem irmão pode falar um pouco sobre ele(s)/ ela(s), o que gostam de fazer, se fazem algo especial, tem algum tipo de afinidade com alguma área como artes, música, etc.
  • Falar sobre a sua relação com seus irmãos e a relação familiar.
  • Instigar os alunos a contarem alguma história que tenham passado com seus irmão e seus pais e os filhos únicos a falarem sobre algo em família.
  • Perguntar as crianças como eles acreditam que deva ser a relação entre irmãos, pais e filhos.

        

        Introdução

  • Comentar que iremos ler um conto que fala sobre família, mais especificamente sobre três irmãs e um fato que ocorreu com elas e seu pai.
  • Apresentar o autor aos alunos. Comentar que Mia Couto é um escritor africano que nasceu em 1955 (58 anos) no Moçambique e que escreve contos, poesias, romances e crônicas. OBS.: Mostrar a África no mapa mundial e localizar o Moçambique. Falar brevemente que, apesar da distancia a língua oficial do Moçambique também é o Português desde 1975 e que se fala mais 43 idiomas no país.  
  • Comunicar que o conto que iremos trabalhar está em um livro que se chama “O fio das missangas” de Mia Couto  e que possui 29 contos do autor, sendo que o que iremos trabalhar é o primeiro do livro e se chama “As três irmãs”. OBS.: Mostrar o livro aos alunos e permitir que o manuseiem e tenham contato com os demais contos. Comentar que na orelha do livro há uma foto do autor para quem quiser conhecê-lo.

        Leitura

  • Distribuir as cópias do conto e realizar primeiramente a leitura individual e logo na sequência de modo coletivo, cada aluno lerá um trecho.

        Interpretação

        

  • Solicitar que falem quem são os personagens do conto e como os imaginam.
  • Falar das aptidões de cada uma das irmãs.
  • Fazer perguntas oralmente:

- Onde você imagina que morava a família do viúvo Rosaldo?

- Na sua opinião, como Rosaldo tratava suas filhas?

- O que acontece quando aparece o jovem na história? Qual é a reação das três irmãs? Qual é o parágrafo que relata esse momento?

- Qual é a reação de Rosaldo com a aparição do jovem?

- Qual e o sentimento que você pensou que Rosaldo teria por suas filhas terem mudado pelo jovem?

- Você se surpreendeu com o final do conto? Por quê?

- O que você acha que aconteceu depois que Rosaldo beijou o moço? Qual foi a reação das meninas ao ver a cena?

  • Depois de comentar o conto, pedir que escrevam como pensaram que o conto terminaria e como gostariam que ele terminasse.

        AS TRÊS IRMÃS

        Eram três: Gilda, Flornela e Evelina. Filhas do viúvo Rosaldo que, desde que a mulher falecera, se isolara tanto e tão longe que as moças se esqueceram até do sotaque de outros pensamentos. O fruto se sabe maduro pela mão de quem o apanha. Pois, as irmãs nem deram conta do seu crescer: virgens, sem amores nem paixões.

        O destino que Rosaldo semeara nelas: o serem filhas exclusivas e definitivas. Assim postas e não expostas, as meninas dele seriam sempre e para sempre. Suas três filhas, cada uma feita para um socorro: saudade, frio e fome.

        Olhemos as meninas, uma por uma, espreitemos o seu silencioso e adiado ser.

        Gilda: a rimeira

        Gilda, a mais velha, sabia rimar. O pai deu contorno ao futuro: a moça seria poetisa. Mais ela versejava, menos a vida nela versava. Esse era o cálculo de Rosaldo: quem assim sabe rimar, ordena o mundo como um jardineiro. E os jardineiros impedem a brava natureza de ser bravia, nos protegem dos impuros matos.

        Todas as tardes, Gilda trazia para o jardim um volumoso dicionário. O gesto contido, o olhar regrado, o silêncio esmerado. Até o seu sentar-se era educado: só o vestido suspirava. Molhava o dedo sapudo para folhear o grande livro. Aquele dedo não requebrava, como se dela não recebesse nervo. Era um dedo sem sexo: só com nexo. Em voz alta, consoava as tônicas: Sol, bemol, anzol...

        De quando em quando, uma brisa desarrumava os arbustos. E o coração de Gilda se despenteava. Mas logo ela se compunha e, de novo, caligrafava. Contudo, a rima não gerava poema. Ao contrário, cumpria a função de afastar a poesia, essa que morava onde havia coração. Enquanto bordava versos, a mais velha das três irmãs não notava como o mundo fosforecia em seu redor. Sem saber, Gilda estava cometendo suicídio. Se nunca chegou ao fim, foi por falta de adequada rima.

        Flornela: a receitista

        A do meio, Flornela, se gastava em culinárias ocupações. No escuro úmido da cozinha, ela copiava as velhas receitas, uma a uma. Redigia palavra por palavra, devagar, como quem põe flores em caixão. Depois, se erguia lenta, limpava as mãos suadas e acertava panelas e fogo. Dobrada sobre o forno como a parteira se anicha ante o mistério do nascer.

        Por vezes, seus seios se agitavam, seus olhos taquicardíacos traindo acometimentos de sonhos. E até, de quando em quando, o esboço de vim cantar lhe surgia. Mas ela apagava a voz como quem baixa o fogo, embargando a labaredazinha que, sob o tacho, se insinuava.

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