Mia Couto E se Obama Fosse Africano?
Por: giovanav • 1/10/2018 • Resenha • 799 Palavras (4 Páginas) • 785 Visualizações
COUTO, Mia. E se Obama fosse africano?: e outras intervenções. 1a ed São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
Resenha crítica escrita por Giovana Venturini Garlet.[1]
Mia Couto (1955) é um escritor, poeta e jornalista moçambicano. Ganhador do Prêmio Camões de 2013. Mia Couto (1955), pseudônimo de Antônio Emílio Leite Couto, nasceu na cidade da Beira, em Moçambique, África, no dia 5 de julho de 1955. Filho de Fernando Couto, emigrante português, jornalista e poeta que pertencia aos círculos intelectuais de sua cidade. Com 14 anos, Mia Couto publicou seus primeiros poemas no jornal Notícias da Beira. Em 1971 deixou a cidade da Beira e foi para a capital Lourenço Marques, hoje Maputo, para ingressar no curso de Medicina, mas sem concluí-lo.
A disciplina de Linguagem e Argumentação ministrada pela professora Doutoranda Andréia de Oliveira A. Iguma no Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN possibilita que tenhamos um maior conhecimento a respeito da importância da leitura e comunicação no nosso cotidiano. A presente resenha possui como texto base As outras Violências de Mia Couto que nos leva a compreensão sobre os diversos tipos de violência no mundo, principalmente na África.
Mia nos mostra uma realidade na qual o ser humano ao estar diante de problemas tende impor a culpa em outras pessoas. A facilidade de sermos sempre vítimas existe porque encontrar culpados se tornou hábito, assim, estamos sempre transferindo toda a responsabilidade por nossas derrotas aos outros, não somos capazes de refletirmos onde erramos e buscarmos a correção necessária.
Existe nos nossos países – eu falo do nosso continente – uma tendência para substituir o pensamento crítico pela facilidade de apontar culpas e crucificar culpados. O mundo surge como uma coisa simplificada em que os culpados são os outros e as vítimas somos sempre nós. Esta facilidade é muito tentadora, mas é uma mentira. (COUTO; MIA, 2011, p.139).
Ele conta um caso, que é “normal” de se ver nos dias da nossa contemporaneidade, porém retrata a questão de um guarda, ou seja, uma autoridade se colocar no lugar que qualquer pessoa poderia passar, mas como é alguém a dar de exemplo deve-se sempre fazer o bem, mas deve ressaltar que o medo faz com que não haja de uma maneira certa, na qual entra na consciência que de certa forma é uma violência oculta, onde ninguém é capaz de enxergar. Assim, Mia Couto descreve:
Recordo-me de que certa noite circulava por uma estrada da costa de Inhambane. Estava sozinho na viatura e não se via vivalma nas redondezas. De súbito, deparo com um corpo atravessado na estrada. Todas as normas de segurança sugeriam que eu não parasse. Podia realmente ser uma emboscada. Mas podia simplesmente ser um homem ferido que carecia de ajuda. Algo me impelia a abrir a porta e a aproximar-me do indivíduo que não parecia dar acordo de si. Uma voz dentro de mim segregava-me: passa ao lado e segue o teu caminho. Esse momento de indecisão dentro de mim foi das mais graves violências praticadas por mim contra mim próprio. “O que o medo fez de nos”, pensei enquanto ajudava o pobre homem que estava simplesmente embriagado. (COUTO; MIA, 2011, p.142).
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