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O Ensaio Vidas Secas

Por:   •  10/6/2019  •  Ensaio  •  714 Palavras (3 Páginas)  •  307 Visualizações

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[pic 1]  Universidade de Brasília

INSTITUTO DE LETRAS – IL

Disciplina: Crítica Literária

Professor: Henryk Siewierski

Estudante: Vanessa Ferreira Carneiro           Matrícula: 14/0182373

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas.100.ed. Record. 2006.

O livro Vidas Secas foi escrito por Graciliano Ramos e publicado no Rio de Janeiro em 1938. Ele retrata alguns episódios da vida de uma família de retirantes, o pai Fabiano, a mãe Sinha Vitória, os dois filhos do casal e a cachorrinha Baleia que talvez seja o personagem mais famoso dessa história.

No início da narrativa, o grupo está caminhando pelo sertão nordestino buscando uma terra menos castigada pela seca, eles acabam se refugiando em uma fazenda quase mortos de exaustão e finalmente são surpreendidos com a chuva. Com a chegada da chuva tudo melhora, o Fabiano consegue um emprego, torna-se vaqueiro, a cachorrinha Baleia chega até a engordar, mas a miséria retratada neste livro é cíclica, então logo nós vamos ter um novo período de seca.

De cara o que mais chama atenção no livro é a desumanização dos personagens, a natureza ao redor deles é muito impiedosa e esse embate entre o homem e o meio natural vai acabar moldando a personalidade dos integrantes dessa família. Eles estão sempre muito preocupados em sobreviver, em satisfazer suas necessidades mais básicas como comer, beber água, ter um lugar para dormir e isso vai tornando-os meio bichos, tão bichos quanto à cachorrinha Baleia e talvez seja por isso que Baleia tenha um peso tão grande na narrativa, ela é um personagem tão importante quanto qualquer um dos personagens humanos. Só para ter uma ideia tem um determinado momento em que o narrador passa a acompanhar a Baleia, ou seja, nós temos a perspectiva de mundo da cachorrinha. Além de ser um personagem importante a Baleia também representa um ultimo lastro de doçura na vida dessa família, ela é o único personagem capaz de demonstrar afeto, de oferecer algum alívio dessa rotina tão sacrificada, perder a Baleia significaria para essa família não ter mais esse alívio, ficar completamente a mercê da hostilidade do mundo ao redor e quando falo hostilidade, não me refiro só à problemática da seca, porque o autor também vai refletir sobre a exploração dos mais pobres, os desmandos das autoridades, as injustiças cometidas pelos patrões, pelos empregadores e a completa submissão das pessoas a isso tudo. Por mais que os personagens do livro sintam no seu íntimo que tem alguma coisa errada, por mais que eles questionem, eles não exteriorizam essa indignação, eles são incapazes disso. A família simplesmente aceita o seu destino, a natureza é o que é, o governo é governo, toda autoridade deve ser respeitada e é isso que mais incomoda no livro, esse conformismo por parte dos personagens e esse fatalismo da trama. A impressão que nós temos é que o indivíduo nada pode contra o sistema a não ser que o próprio sistema seja modificado e isso vai bem de encontro com as ideias comunistas de Graciliano Ramos.

Não podemos esquecer também que Vidas Secas pertence a segunda fase do Modernismo brasileiro, quando os autores tinham a intenção de realizar denúncias sociais, de refletir sobre a realidade brasileira. E para que sua mensagem seja mais incisiva o autor cria um narrador que é muito seco, muito lacônico, ele acompanha os personagens e nos mostra a realidade de forma dura. Uma outra coisa interessante a respeito dessa obra é a sua estrutura, ele é completamente episódico, é divido em treze capítulos e cada um desses capítulos possui início, meio e fim, como se fossem pequenos contos onde mostram instantes na vida dessa família sobre diferentes perspectivas e dessa forma Graciliano consegue refletir sobre o momento presente quando o narrador acompanha personagens como Fabiano, a Sinha Vitória, mas também refletir sobre o futuro quando ele acompanha personagens como os filhos do casal que aliás, são crianças sem nome, eles representam uma geração, a perpetuação dessa realidade.

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