O Mito Do Monolinguismo E As Variações Linguísticas Retradas No Livro Didático
Ensaios: O Mito Do Monolinguismo E As Variações Linguísticas Retradas No Livro Didático. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: MandyPerlin • 12/12/2014 • 1.418 Palavras (6 Páginas) • 885 Visualizações
O MITO DO MONOLINGUIMO NO BRASIL E AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS RETRATADAS NO LIVRO DIDÁTICO
Amanda Perlin *
Mônica Vani do Carmo **
RESUMO
O presente artigo expõe sobre a pluralidade de línguas no Brasil, a fim de desmistificar a teoria do monolinguismo; como o livro didático aborda a variação linguística, e se faz uma distinção entre a norma-padrão da norma-culta, ou continua confundindo a norma-padrão com uma variedade real da língua. Assim como faz uma relação com o filme “A Massai Branca” pelos parâmetros sociolinguísticos.
Palavras-chave: Sociolinguística. Variação linguística. Norma-padrão. Norma culta.
ABSTRACT
This article explains about the plurality of languages in Brazil in order to expose the myth of monolingualism, and how the textbook deals with the linguistic variation, and if a distinction is made between the standard-norm of educated-norm or it is still confusing standard-norm with a real variety of the language. As it makes a comparison with the movie "The White Massai" by sociolinguistic parameters.
Key words: Sociolinguistic. Language variation. Standard-norm. Educated-norm.
*Estudante - Universidade Luterana do Brasil
Graduanda em Letras Inglês – Universidade Luterana do Brasil
amanda_perlin@yahoo.com.br
** Estudante - Universidade Luterana do Brasil
Graduanda em Letras Inglês – Universidade Luterana do Brasil
mvanicarmo@gmail.com
Um dos objetivos desse trabalho é explicar porque o Brasil não é monolíngue, como muitas pessoas assim o pensam. Além do multilinguismo no Brasil, serão abordados nesse artigo outros temas, como a variação linguística, a diferença entre norma-culta e norma-padrão e o preconceito linguístico. Discutiremos sobre como esses temas são tratados pelos livros didáticos e pela sociedade e, as consequências que a falta de conhecimento pode trazer, tanto linguisticamente, quanto socialmente. Ilustraremos isso através de uma breve análise ao filme A Massai Branca.
Toda sociedade organizada tem um processo comunicativo diferenciado e único. Esta utiliza a linguagem de acordo com suas necessidades, como no caso da tribo dos pirahãs, em que a língua é compatível com sua cultura. Estas adequações visam promover a comunicação entre os indivíduos. A sociolinguística ao analisar a relação entre a língua, sociedade e cultura, considera os fatores históricos e sociais que originam a variação linguística. Em povos colonizados como o Brasil, tiveram que adaptar-se a uma nova língua imposta e adequar-se a novos costumes. Um país com povo de origem indígena que perdeu grande parte de suas raízes com a colonização portuguesa, perdeu também falantes da língua indígena, restando atualmente com maior número o tikuna e o guarani, com cerca de 30.000 cada uma. Hoje, muitos dos povos indígenas são falantes apenas do português brasileiro. Embora muitos não tenham conhecimento, nosso país não é falante apenas do português, não sendo então, monolinguista. Apesar de sermos colonizados por portugueses, no Brasil são faladas simultaneamente quase 210 línguas devido aos imigrantes que aqui se estabeleceram, como descentes de italianos, alemães, japoneses, coreanos, chineses, sírio-libaneses, entre outras nacionalidades. Nas seguintes localidades, alguns exemplos onde o plurilinguismo é fortemente encontrado:
a) Dialetos como o pomerano, falado unicamente em áreas do Espirito Santo e região sul;
b) Dialetos portugueses do Uruguai (DPU), em território do Uruguai, zonas rurais próximas à fronteira;
c) Crioulo de base francesa, lanc-patuá, no extremo norte do Brasil, próximo a Guiana Francesa;
d) Nheengatu, baniwa e tukano são reconhecidas como co-oficiais no município de São Gabriel da Cachoeira.
Apesar de o plurilinguismo estar inserido em nosso país, este tema não é retratado na escola e nem através dos livros didáticos, que persistem na ideia que existe apenas uma única língua a ser falada por nós. Segundo Bagno:
“O plurilinguismo brasileiro sempre foi silenciado, inclusive por meio de ações violentas como proibições formais, massacres de povos indígenas, legislações que condenavam à prisão quem falasse outras línguas etc. É uma pena que toda essa história permaneça oculta e que a escola continue preservando o mito do monolinguismo que, para piorar, foi construído na ilusão de que o Brasil é um “milagre” linguístico porque todos os brasileiros se entendem perfeitamente num território maior do que a Europa ocidental...”. (BAGNO, 2007, p. 128).
Por ser um país de vasta extensão territorial e ao longo de sua história ter sido colonizado por diversos povos, e também com a mudança de costumes e comportamento no decorrer do tempo, o português apresenta as seguintes variações linguísticas, que podem ser:
a) Variação diatópica: comparação entre os modos de falar de lugares diferentes;
b) Variação diastrática: comparação entre os modos de falar das diferentes classes sociais;
c) Variação diamésica: comparação entre língua falada e língua escrita;
d) Variação diafásica: uso de diferenciado da língua de acordo com o grau de monitoramento;
e) Variação diacrônica: comparação entre diferentes etapas da história de uma língua.
No entanto, estas variações são vistas como “erros” pela Gramática Tradicional, pois não seguem a norma-padrão da língua e o não reconhecimento destas variações é a causa do preconceito linguístico. Entendemos como norma-padrão um conjunto de regras descritas e prescritas pelas gramáticas normativas. E, como norma-culta, segundo Bagno: “caracterizam fala e a escrita dos cidadãos urbanos, letrados e socioeconomicamente privilegiados” (BAGNO, 2007, p. 130). De acordo
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