Fichamento IV ao V centenário do livro Brasil Mito Fundador
Por: Welington Silva • 2/7/2018 • Resenha • 1.028 Palavras (5 Páginas) • 691 Visualizações
DO IV ao V Centenário
Com a publicação do livro Porque me ufano de meu país do autor Afonso Celso, juntamente com o IV centenário da descoberta do Brasil se torna a primeira ritualização do mito fundador. E para entendimento da obra, devemos analisar algumas questões.
Lembrando de que na sua época de escola, o livro era obrigatório, e com o tempo pudesse cair no esquecimento, o autor, influenciado por João de Scatimburgo a reimprimir o livro.
O livro é escrito em meio a crises dos pilares da sociedade brasileira, esta crise que abalou a monarquia e conduziu a Republica, estimulou o inicio da urbanização e a imigração. Ademais, a crise da “Republica Velha” que aparecia sob a forma de lutas internas às camadas dominantes.
Silvio Romero, inspirado no naturalismo evolucionista e no positivismo parte para o determinismo natural para a formação do caráter nacional.
De acordo com Chaui (2001, p. 30)
Do naturalismo europeu, Romero recebe a idéia de que o clima tropical é insalubre, provocando todo tipo de doença; o calor excessivo, em algumas regiões, as chuvas excessivas, em outras, e a seca, noutras tantas, fazem do brasileiro ora um apático, que tudo espera do poder público e só é instigado pelo estrangeiro, a quem imita; ora um irritadiço nervoso. Porém, como a natureza também é pródiga em belezas e bons frutos, sem “monstruosidades naturais” (desertos, estepes, vulcões, ciclones), a apatia e o nervosismo são compensados pela serenidade contemplativa, pelo lirismo e pelo talento precoce[...]
Romero diz que o caráter nacional foi formado por três raças, negro que se encontrava na fase inicial do fetichismo, o índio, já na fase final do fetichismo e os portugueses na fase teológica do monoteísmo. Essa discrepância evolutiva, tem sido o motivo da pobreza cultural. Mas, segundo Romero os latifundiários são os responsáveis pelo atraso do povo, e que a indústria e o comercio levaram o país a modernidade.
A imagem construída por Romero se mostra contraditória, a diferença nas escritas de Romero para as elites e seus livros dirigidos para à escola, onde no primeiro prevalece o pessimismo quanto as possibilidades do progresso, no outro se prevalece o otimismo nacionalista de uma construção de uma nova civilização.
Onde segundo Chaui (2001, p. 30)
Nos segundos prevalece o otimismo nacionalista da construção de uma nova civilização. A contradição, na verdade, nasce da combinação de duas interpretações que se excluem: a que vem do cientificismo naturalista evolucionista e positivista[...] e o “espírito do povo”, determinado pela raça e pela língua - e a que vem da tradição historiográfica do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro que, sob a influência da escola histórica alemã, trabalha com o “princípio da nacionalidade”
Criado em 1838, o instituto citado acima tinha como papel oferecer ao pais independente um futuro glorioso e um futuro promissor. Como instituto geográfico, era de sua atribuição reconhecer o território brasileiro. Como instituto histórico, imortalizar os feitos de seus grandes homens, coletar e publicar documentos relevantes e incentivar os estudos históricos do Brasil. Era de sua responsabilidade também mostrar o vasto território nacional, dando a entender a necessidade de um regime politico a monarquia constitucional, com foco no imperador.
Entretanto, segundo Chaui(2001, p. 31)
Isso não impediu que duas outras histórias, paralelas à produzida pelo Instituto, fossem elaboradas: aquela inspirada em Ferdinand Denis e no romantismo, que fez da América, da natureza tropical e do índio a sua referência fundamental; e uma outra surgida no período da abolição, que conta a história a partir do negro escravizado
Ambas histórias citadas acima, possuem o mesmo traço que a oficial, onde o português é o desbravador corajoso e aventureiro, o índio é o símbolo do Brasil audacioso, guerreiro e puro, já o negro não aparece, substituído pela escravidão. Em ambas histórias, não se acredita que índios e negros possam ser a base de uma nação civilizada.
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