O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA ATRAVÉS DA LEITURA
Por: Iasmim de Maria • 16/11/2016 • Artigo • 2.268 Palavras (10 Páginas) • 515 Visualizações
O processo de aquisição da escrita através da leitura
Iasmim Cristina de Sousa
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Profa. Ma. Janaina Silva Alves
RESUMO
Em busca de uma reflexão sobre o desenvolvimento da escrita dos alunos com base na influência da relação entre leitura e as concepções de leitura, levou-me a realização deste presente artigo. A proposta é de analisar como a leitura e suas concepções estão fortemente relacionadas à escrita, e como esta se desenvolve a partir de um processo contínuo, que oferece avanços no decorrer do tempo. Desta forma, a escrita pode ser vista como um espelho para análise do processo de aprendizagem a leitura, sendo o texto um objeto de avaliação para professores identificarem as dificuldades de seus alunos em relação à leitura.
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PALAVRAS-CHAVE: Escrita. Leitura. Concepções de Leitura.
INTRODUÇÃO
A leitura e a escrita são umas das grandes necessidades dos indivíduos que compõe uma sociedade, assim como a linguagem, tanto a leitura como a escrita, são também uns dos meios de interação utilizada pelas pessoas. A leitura não é apenas um processo de decodificação de códigos, onde o leitor é apenas um receptor de informações, onde este, não participa do texto, concordando ou não do que está sendo dito, como também, aquele que escreve não é o proprietário de toda a verdade. Em virtude da dificuldade com a escrita observada em uma aula de uma determinada turma do nono ano do colegial, escolhi dois contos escritos por dois alunos dessa turma, para analisar e comparar a escrita dos textos, onde um autor é leitor, conhece a leitura e a pratica, enquanto o outro não é um leitor praticante. No decorrer da análise, pôde-se observar as dificuldades do autor não-leitor, onde este escreve da mesma maneira que fala, prática comum entre indivíduos que não leem. Vejamos que a leitura como auxiliar no processo de escrita na escola, torna-se um objeto de aprendizagem, pois esta é imposta ao aluno logo no início de sua experiência como leitor para que o sujeito se torne autônomo tanto na escrita quanto na leitura, a autora Isabel Solé diz que:
Espera-se que, no final dessa etapa, os alunos possam ler textos adequados para sua idade de forma autônoma e utilizar os recursos ao seu alcance para referir as dificuldades dessa área – estabelecer inferências, conjeturas; reler o texto; [...] possam exprimir opiniões próprias sobre o que leram. Um objetivo importante nesse período de escolaridade é que as crianças aprendam progressivamente a utilizar a leitura com fins de informação e aprendizagem. (Solé,1998, p. 35)
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Percebe-se que é imprescindível o uso da leitura aos indivíduos de uma sociedade, sem esta, o individuo torna-se um sujeito passivo, que está sempre aceitando e concordando com tudo que está sendo dito ou escrito a sua volta, não portando de algumas habilidades linguísticas como a escrita, tendo apenas como recurso linguístico o uso da fala, que é bastante limitada sem o auxilio das outras habilidades.
Os primeiros escritos de um indivíduo são caracterizados logo em sua infância, quando este se depara com a folha de papel e um lápis, e começa a fazer os primeiros rabiscos, que a princípio não é possível delimitar seu significado, uma vez que, é a exteriorização de uma intenção do individuo, podendo ser: um bilhete para o pai, ou uma cartinha de felicitação para a mãe, enfim, são inúmeras as possiblidades de intenções que o sujeito tem perante a escrita. Ademais, a leitura é um precursor dessa habilidade, e ocorre também na infância, quando o sujeito é influenciado a iniciar sua carreira enquanto leitor. Para explicar o processo de aprendizagem da escrita é necessário primeiro fazermos uma análise no processo de leitura e suas habilidades, já que sem a leitura a escrita é incompleta, e consequentemente incorreta. E para comprovar isto, usarei dois contos escritos por dois alunos como exemplos, onde, um dos autores tem o hábito de leitura. Será possível perceber explicitamente como a leitura influenciou o texto do autor, cujo texto está bem redigido, e como a falta dela prejudicou de maneira estratosférica o outro texto.
LEITURA E SUAS CONCEPÇÕES
São diversas as opiniões de alguns autores sobre leitura, no entanto, todos esses conceitos apresentam uma parcela de similaridade entre si, como a ideia de que a leitura é essencial ao ser social. Segundo Solé (1987ª), citado por Solé (1998, p.23), “A leitura é um processo de interação entre leitor e o texto; neste processo tenta-se satisfazer [obter uma informação pertinente para] os objetivos que guiam sua leitura.” A autora definiu a leitura como uma ação que visa alcançar objetivos particulares, dessa forma, percebe-se que ler é um ato desprovido de espontaneidade. E com o propósito de esclarecer essa afirmação, seguiremos analisando as concepções de leitura, que são divididas em três, pela a autora Koch (2010). A primeira chamada de linguagem como representação do pensamento, autora explica que nessa concepção o texto é um objeto para expressar os objetivos e desejos do autor, não cabendo o leitor concordar ou não do que está sendo dito, aqui a leitura é vista como uma atividade de captação de ideias, sem a preocupação de interação entre autor-leitor, onde o leitor tem como funcionalidade apenas ficar sabendo quais os interesses do autor. Já na segunda concepção, denominada de língua como código, a leitura é vista como uma atividade que exige que, o leitor mantenha atenção no texto, já que como diz a autora: “tudo está sendo dito no dito”, Koch (2010, p.10). Nessa concepção o texto é visto como um produto de decodificação, sendo necessário o conhecimento sobre código por parte do leitor, cabendo a este, apenas o papel de reprodutor. Por fim, a terceira e última concepção, nomeada de concepção interacional, o título se dar pelo fato de que, nessa concepção o texto é tratado como um objeto de interação entre o autor e leitor, não há mais passividade por parte do leitor, esse se torna sujeito ativo na leitura, e por sua vez, a leitura torna-se uma atividade complexa e interativa carregada de sentidos, que se realiza através de elementos linguísticos presentes explicitamente e implicitamente na estrutura textual, requerendo um conjunto de conhecimentos no interior sobre a ocorrência comunicativa. Observa-se que o ato de ler não é tão somente uma atividade de decodificação, ou a exteriorização do pensamento do autor, a leitura é também interativa, onde o leitor pode interagir com o texto, fazendo comparações, verificações e interpretações, depende da intenção que o leitor tem perante o texto. A leitura não é apenas influenciadora de ativação de conhecimentos prévios ou interacionista, é também, um dos objetos de aprendizagem na escrita.
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