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O RESPEITO À VARIAÇÃO LINGUISTICA COMO ELEMENTO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL

Trabalho Universitário: O RESPEITO À VARIAÇÃO LINGUISTICA COMO ELEMENTO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  27/1/2014  •  1.423 Palavras (6 Páginas)  •  455 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O Brasil é tido, historicamente, como uma das nações mais singulares de todo o mundo – o que nos tornaria, por consequência, o ponto de equilíbrio entre as mais diversificadas culturas existentes, onde o respeito pela diferença e a busca pela consolidação das inúmeras identidades aqui presentes seriam os eixos norteadores do nosso fazer ético e social. O que nos mostra, no entanto, a realidade é que habitualmente temos nos deparado com enormes abismos étnicos e culturais que, cada vez mais, mostram o quanto a intensificação das nossas diferenças tem prejudicado o bem-estar social e o próprio desenvolvimento da nação. Em seu artigo acerca da variação linguística, Bagno (2007) defende que “o objetivo central da Sociolinguística, como disciplina científica, é precisamente relacionar a heterogeneidade linguística com a heterogeneidade social”. Neste sentido, o autor concebe que existe, sim, uma heterogeneidade social que deve ser levada em consideração nos estudos acerca da diversidade linguística no Brasil e, por isso, o ambiente escolar – que está inserido neste contexto social maior – precisa estar apto a conhecer esta heterogeneidade e, mais precisamente, precisa ainda estar apto a respeitar as variações que comumente são vistas no meio educacional como um todo. É exatamente sobre esta questão que o presente artigo se fundamenta – especialmente na maneira como o fenômeno da variação linguística, quando reconhecido e respeitado, funciona como elemento de coesão para a inclusão do discente no ambiente escolar.

O CONTEXTO EDUCACIONAL

Desde a década de 1960, inúmeras discussões acerca das práticas pedagógicas a serem utilizadas para a formação plena do discente surgiram e, consideravelmente, trouxeram consigo significativas transformações para o seio escolar e acadêmico. A chamada pedagogia “tradicional” – pautada exclusivamente na figura do professor como peça fundamental para a difusão do conhecimento – foi irremediavelmente criticada e dita incapaz de atender as necessidades de uma sociedade em pleno desenvolvimento como tem se encontrado a nossa desde o final do século XX.

A partir das reformas oriundas das discussões acerca da pedagogia ideal a ser utilizada, o tecnicismo na maneira de se trabalhar em sala de aula – ao menos na teoria – deixou de ser o elemento básico no processo de ensino-aprendizagem e passou, assim, a basear-se fundamentalmente na utilização de uma linguagem que esteja mais próxima do corpo discente. Ou seja, o professor precisou passar a “falar a língua do aluno”. Além disso, a preocupação maior do sistema educacional deixou também de pautar-se no ensino e passou, assim, a basear-se fundamentalmente na aprendizagem. E, por sua vez, o próprio modelo de aprendizagem deixou de ser aquele mesmo visto através da ótica da pedagogia “tradicional”: ao invés de se quantificar a aprendizagem a partir de informações a serem memorizadas pelo aluno; a aprendizagem tem passado a ser encarada como a capacidade a ser possuída pelo discente de relacionar os inúmeros conteúdos vistos em sala de aula com realidade na qual ele está inserido apresentando, também, a sua postura crítica a respeito dos mesmos. Este é o conceito fundamental da chamada alfabetização crítica – uma das contribuições dos novos modelos pedagógicos em vigor.

Com isso, no entanto, inúmeras “peças” de extrema importância para o funcionamento de qualquer prática pedagógica precisaram ser reformuladas – conceitos antes tidos como absolutos precisaram ser remodelados para que atendessem os parâmetros de um modelo educacional extremamente diferente daqueles que estavam em funcionamento. Como exemplo, podemos citar o modo como se desenvolveu o diálogo entre os alunos e o professor – a linguagem, antes em voga, que se fundamentava no uso de termos extremamente técnicos que atendessem todas as normas da gramática padrão precisou ser deixada de lado e, assim, as atuais tendências pedagógicas têm orientado a classe docente não somente a respeitar, como também buscar encontrar um ponto de “equilíbrio” entre a maneira que seu aluno fala e a maneira que o professor deverá falar com ele.

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR

Desde a sua conquista no século XVI, o Brasil foi palco central onde inúmeros povos que, por razões políticas e econômicas, aqui se estabeleceram e, não obstante, impuseram a sua cultura sobre as nações que aqui já viviam muito antes da chegada dos europeus em terras nacionais. A chegada dos portugueses, unida às expedições jesuítas e as invasões que ocorreram no período colonial alimentaram a formação de um país com grandes riquezas em contrastes, seja na maneira de se vestir, no comportamento, bem como na maneira de falar. E – mais recentemente – com a industrialização nos países do Norte e a grande expansão da produção agropecuária no Brasil a partir do início do século XX, povos de todo o mundo migraram para cá trazendo consigo traços incontestáveis de sua cultura que ainda nos dias atuais pode ser percebido quando analisamos as diferenças existentes entre as inúmeras regiões de nosso país.

Estes fatores acarretaram uma gama de variações na maneira de falar em cada região – seja por fatores meramente culturais, de classe ou de ordem econômica. Muitas dessas variações, inclusive, chegam a ferir os princípios da própria gramática normativa – o que, logicamente, não compromete a consolidação da comunicação entre o emissor e o receptor da informação – princípio básico da língua. No ambiente escolar, essa diferença entre a gramática normativa e a língua falada no cotidiano

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