O Roteiro o Cortiço
Por: belkosmann • 22/10/2023 • Ensaio • 4.703 Palavras (19 Páginas) • 66 Visualizações
ROTEIRO- “O CORTIÇO”
JOÃO ROMÃO: (entra frustrado para atrás de sua vendinha) - Não sei mais o que fazer! Já passou da hora de colher os frutos dos meus esforços! Mas ora, essa vendinha no fundo do Rio de Janeiro parece não me levar a nada! Mas primeiramente, vocês não devem me conhecer, eu sou João Romão, e essa vendinha é minha e com ela eu tenho o sonho de atingir a riqueza suprema, mas tem sido muito difícil…
BERTOLEZA: (entra chorando e vai até atrás de sua venda cortar carne) Bom dia Seu João
JOÃO ROMÃO: (se aproxima de Bertoleza) - Bom dia Bertoleza…, mas o que aconteceu com você? Por que tanta tristeza?
BERTOLEZA: - Oh Seu João, me desculpe pela melancolia, recebi a notícia de que meu senhor, morreu, era um homem terrível… mas agora não sei mais o que fazer!
JOÃO ROMÃO: - Se acalme Bertoleza, eu me disponho a ajudá-la com tuas economias e a vendinha, aliás… O que acha de morarmos juntos!?
BERTOLEZA: - O senhor tem certeza?
JOÃO ROMÃO: Tenho sim
BERTOLEZA: Isso parece incrível Seu João, muito obrigada! (ambos juntam as vendinhas) BERTOLEZA: (sai do palco correndo feliz)
JOÃO ROMÃO: - Haha, não imaginei que seria tão fácil… tendo essa mulher escrava na minha mão posso fazer o que eu quiser! (pega um papel velho e uma caneta, começando a escrever algo)
BERTOLEZA: (volta para o palco com cesto de roupa) - Ora seu João, ainda está aí?
JOÃO ROMÃO: - Bertoleza! Olhe só o que acabei de receber, aqui diz que agora você é livre! Está liberta de seu senhor!
BERTOLEZA: - Meu Deus Seu João, eu mal posso acreditar… (lágrimas de felicidade)
JOÃO ROMÃO: - Esse evento é perfeito para um vinho, pegue para nós!
BERTOLEZA: (sai do palco feliz e enxugando as lágrimas)
JOÃO ROMÃO: (olha para a mulher de saída) - Foi muito mais fácil do que imaginei, essa liberdade? Obra minha! Mas duvido que esse homem venha atrás dela… essa aliança me trará muitos benefícios! (sai do palco satisfeito)
(BLACKOUT) ATO II:
(luzes - tom azul) (música 2)
MIRANDA: (entra pela lateral do palco com uma mala) Esse terreno ao lado da vendinha me parece perfeito, gostaria tanto me mudar para cá (sobe no palco) Ah, olá, não tinha visto vocês aí (olhar de desprezo para o público) Meu nome é Miranda, sou um Português e comerciante de tecidos, minha mulher se chama Estela… Ah (voz de desgosto) falando de Estela, descobri uma traição no começo de nosso matrimônio, um conflito familiar seria terrível para um negociante como eu! Zulmira, nossa filha, só soube piorar nossa situação…
JOÃO ROMÃO: (entra no palco e vai atrás da vendinha) - Bom dia Miranda!
MIRANDA: - Bom dia João Romão! Vim lhe propor algo…
JOÃO ROMÃO: - Se veio para querer comprar meu terreno, não te cedo um palmo, e também tenho interesse no fundo de sua casa!
MIRANDA: - Meu quintal?! Queres que eu fique sem nada?!
JOÃO ROMÃO: - Eu preciso de meu terreno e sua parte seria de muita vantagem.
MIRANDA: - E o que você pode fazer com toda essa terra?! Minha menina precisa de espaço para crescer…
JOÃO ROMÃO: - Nem sabes se és tua…
MIRANDA: - Não fale assim de mim seu lazarento! Eu bem sei que você vive roubando as pessoas por aqui.
JOÃO ROMÃO: - Tens é inveja do meu maravilhoso cortiço!
MIRANDA: - Desgraçado! Constrói um cortiço bem abaixo de minha janela, você irá se arrepender!
JOÃO ROMÃO: (sai do palco) - Passar bem! (MUITA entonação)
MIRANDA: (fala gritando) - Esse português maldito! Onde já se viu construir um cortiço com quase 100 casas bem debaixo do meu nariz! Até abrir a janela se tornou insuportável!
ATO III: (luzes )
JERÔNIMO: (entra no palco, se senta em uma mesa, fala alto) - Não tem ninguém para me atender aqui não? Estou apenas com um café no estômago.
JOÃO ROMÃO: (entra no palco, parece na correria) - Já vou! Almoce aqui mesmo, comida não falta! Vou pedir para Bertoleza trazer um prato para você.- (senta na mesa) - Me falaram de um homem que trabalhava em uma pedreira, era você?
JERÔNIMO: (se levanta e ambos vão caminhando até o centro do palco) – Era sim, mas estou insatisfeito e quero seguir adiante! Me pagam setenta mil réis e não trabalho por menos.
JOÃO ROMÃO: - O maior que faço é cinquenta!
JERÔNIMO: - Duvido que trabalhem como eu! Inclusive, o senhor tem muita gente neste cortiço…
JOÃO ROMÃO: - Sim, mais de cem casinhas, mas todas de boa gente.
JERÔNIMO: - Olhando a pedreira, acho que seus trabalhadores não sabem fazer o serviço, se eu estivesse aqui, seria bem feito e inspecionado.
JOÃO ROMÃO: - Se te contrato, vens morar no cortiço e fazer compras em minha venda? Tenho uma casinha livre no número 35.
JERÔNIMO: - Prontamente!
JOÃO ROMÃO: - Então estamos fechados, podes fazer a mudança hoje mesmo! Ah, como se chama? Ah... Tua mulher lava?
JERÔNIMO: - Jerônimo e ela se chama Piedade de Jesus, lava, sim senhor! (apertam as mãos e saem do palco)
(BLACKOUT)
ATO IV: (luzes - tom laranja)
PAULA (BRUXA): (entra e sentam no banco) - Bom dia querida, já amanheceu em todo o cortiço!
POMBINHA: - Bom dia Paula! Amanheceu para todos e minha menstruação nada…
PAULA (BRUXA): - Ainda não veio? Já te disse menina, já tentou banhos de mar? Chamou outro médico?
POMBINHA: - Tentei Dona Paula, não sei mais o que fazer…
PAULA (BRUXA): - Daremos tempo ao tempo, está bem? Você tem visto a Rita? Faz tempo que não dá as caras por aqui…
POMBINHA: - Escutei as lavadeiras dizendo que ela está com um tal de Firmo, um capoeirista…
PAULA (BRUXA): - Essa nunca se endireita! Parece que tem fogo no rabo…
POMBINHA: - Mas tem um bom coração, apesar de sempre ir para o lado do pagode
(música 4)
RITA BAIANA: (entra pela coxia carregando sacolas de compras) - Preciso deixar tudo isso no número nove…
PAULA (BRUXA): - Olha quem vem! Por onde andaste coisa ruim?
RITA BAIANA: - Nem me fales coração, é meu pagode que me chama!
POMBINHA: - Mas onde estava por tanto tempo?
...