Planejamento Curricular
Trabalho Universitário: Planejamento Curricular. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Claudiajesus • 18/3/2015 • 3.187 Palavras (13 Páginas) • 319 Visualizações
1. TEMA
Conto de Monteiro Lobato - Negrinha
2. OBJETIVOS
Introduzir o Pré - Modernismo
Desenvolver o gênero textual “Conto” e suas características
Interpretar e verificar os recursos utilizados pelo autor
Analisar de elementos estruturais
Interagir o grupo à diversidade cultural e racismo
3. CONTEÚDOS
Linguagem
Pré - Modernismo (Definição do período literário, característica, autor, período histórico, principais obras, biografia de Monteiro Lobato);
Gênero textual “Conto”
Conto -“Negrinha"- Monteiro Lobato
4. DURAÇÃO
Uma aula
5. RECURSOS
Texto impresso, giz, lousa, lápis de cor, caneta, borracha.
6. METODOLOGIA
- Contextualização sobre o Modernismo;
- Apresentação da biografia de Monteiro Lobato;
- Definição de conto;
- Apresentação do título escolhido;
- Leitura em voz alta do conto “Negrinha“ feita pelo professor ou aluno disposto a proceder à leitura;
- Identificação de: personagens, espaço, tempo, clímax, desfecho, enredo, foco narrativo;
- Roda discursiva para elaborar trabalhos em grupo;
- Apresentação dos trabalhos desenvolvidos.
7. AVALIAÇÃO:
- Participação oral nas atividades propostas.
- Elaboração de trabalho.
Negrinha - Monteiro Lobato
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e
trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo
reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o
vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio
da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de
sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo
nervosa:
— Quem é a peste que está chorando aí?
Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com
ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
— Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos
doer...
Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato
sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a idéia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o
mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com pretextos de
que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta.
— Sentadinha aí, e bico, hein?
Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas.
— Braços cruzados, já, diabo!
Cruzava os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco
horas — um cuco tão engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha,
arrufando as asas. Sorria-se então por dentro, feliz um instante.
Puseram-na depois a fazer crochê, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que idéia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa,
pata-choca, pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo — não tinha conta o número de
apelidos com que a mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na berra, como a grande novidade, e
Negrinha viu-se logo apelidada assim — por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava
escrito que não teria um gostinho só na vida — nem esse de personalizar a peste...
O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse
motivo. Sua pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o
...