Por Um novo ensino de língua materna na escola pública

Por um novo ensino de Língua Materna na escola pública

Vicência de Souza Rodrigues1

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Resumo:

        Ensinar língua portuguesa na escola não é uma tarefa fácil. Requer muitos estudos e determinados cuidados no sentido de propiciar ao aluno o desenvolvimento de sua competência comunicativa e as suas habilidades cognitivas. Também é preciso permitir que esse aluno conheça a língua como sistema, seu funcionamento, suas regras, seu histórico, inclusive sua formação e as variações pelas quais a língua passa. Isso é importante para que o professor não caia no “erro” de apenas ensinar o “gramatiquês”.  Nesse intuito, o presente artigo se propõe a apresentar algumas noções e conceitos de língua/gramática, à luz de diversas teorias linguísticas e gramaticas, trazer sugestões de como se ensinar língua materna na escola, a partir do gênero artigo de opinião, numa visão funcionalista da linguagem, além de apresentar uma proposta didática para o ensino da língua, tendo como instrumento de apoio ao ensino e aprendizagem o Google Forms.

Palavras-chave: ensino, língua materna, proposta didática, gênero.

Abstract

        Teaching Portuguese at school is not an easy task. We require many studies and some health care there is no sense to provide the student with the development of their communicative competence and their cognitive abilities. It is also necessary to allow this student to know a language such as his system, its operation, its rules, its history, including its formation and the variations by many languages. This is important for the teacher not to fall any "mistake" of just teaching "grammar". In this sense, the present article is presented as a presentation of some notions and concepts of language / grammar, in the light of several linguistic and grammatical theories, one to bring suggestions on how to teach the mother tongue in school, A functionalist view of language, in addition to presenting a didactic proposal for teaching the language, having as a tool to support the teaching and learning of Google forms.

Key-words: Teaching, mother tongue, didactic proposal, gender.

 

Introdução

Quais seriam os objetivos de se ensinar gramática na escola? Muito se tem discutido sobre esse ensino. Seja na busca da maneira mais correta de fazê-lo ou ainda suscitando questionamentos sobre a necessidade de se ensinar gramática a falantes da língua portuguesa. O fato é que o tema é abrangente e mesmo com o grande número de estudos na área, ainda se realizam pesquisas por métodos inovadores desse ensino, o que se configura como uma contribuição valiosíssima, visto que a língua não é um ser estanque e sofre variações pelos usos ao longo do tempo.

O papel da escola é ensinar língua padrão (POSSENTI,1996). Quando o aluno chega à escola, já carrega em si um conhecimento acerca da língua portuguesa, pois já conhece a variedade oral da língua, decorrente da interação social frequente no contexto em que ele está inserido. Cabe à escola desenvolver ou aprimorar a sua competência comunicativa.

Via de regra, três objetivos básicos são considerados no ensino e aprendizagem de qualquer disciplina (CAMPOS, 2014):  

a necessidade de se aprimorar a competência do aluno no uso da língua tanto na modalidade oral quanto na escrita, a necessidade de propiciar conhecimentos a respeito de um dos elementos formadores da identidade cultural do brasileiro - a língua portuguesa e o terceiro objetivo se volta para a formação das habilidades cognitivas do aluno, na perspectiva mais geral de que a apropriação do conhecimento se faz prioritariamente pela reflexão, pois a aprendizagem efetiva, como se sabe, decorre do ato de pensar.

          PERINI, 2002 considera que é justamente no que se refere à formação das habilidades intelectuais que o estudo de gramática pode dar sua contribuição mais relevante. O autor considera que nesse ponto a escola falha por não conseguir desenvolver no aluno a autonomia de pensamento.

1. Alguns conceitos sobre língua/gramática

         A Língua é um conjunto de elementos estruturados. CASTILHO, 2012), numa visão descritiva da gramática. Já sobre a gramática funcionalista, para o autor a língua é um conjunto de processos mentais estruturantes. Numa visão histórica da língua, o referido autor considera que a língua é um conjunto de processos e produtos que sofrem variações no decorrer do tempo e uso.

         ANTUNES (2007) também apresenta algumas considerações a respeito de gramática: “Conjunto de regras que definem o funcionamento da linguagem, conjunto de regras que regulam o uso da norma culta, uma disciplina de estudo, um compêndio descritivo – normativo da linguagem”.

         MARTELOTTA (2012) apresenta dois sentidos para os termos gramática/língua: designa o funcionamento da própria língua, que é o objeto a ser descrito pelo cientista e conjunto dos elementos que compõem uma língua e as restrições que comandam sua união para formar unidades maiores nos contextos reais de uso.          

         POSSENTI (1996) apresenta três conceitos de acordo com as teorias gramaticais:

• Conjunto de regras que devem ser seguidas (gramática normativa).
• Conjunto de regras que são seguidas (gramática descritiva)
• Conjunto de regras que o falante da linguagem domina (gramática inativa).

1.  Ensino de língua/gramática sob a perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional

        A Linguística sistêmico-funcional, aqui designada LSF, é uma corrente teórica e metodológica de investigação linguística e semiótica que foi desenvolvida por Halliday e outros investigadores, sobretudo na Austrália.

        A partir de uma abordagem descritiva baseada no uso linguístico, a LSF busca providenciar uma teoria geral do funcionamento da linguagem humana. Além disso, facilita também uma metalinguagem que pode ser usada na sala de aula para desenvolver a literácia dos estudantes. Por ser uma teoria de descrição gramatical, adquire, ás vezes, a designação de Gramática Sistêmico-funcional, sendo assim muito útil na análise de textos, podendo, inclusive ser usada na sala de aula (SILVA et al., 2014).