Prova llinguística Literatura Portuguesa
Por: Aurila Campos • 5/5/2023 • Trabalho acadêmico • 753 Palavras (4 Páginas) • 68 Visualizações
Universidade Federal do Ceará Instituto Universidade Virtual – UFC Virtual
Universidade Aberta do Brasil
Curso de Letras - Disciplina: Literatura Portuguesa III Avaliação AP - 2023.1
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Questões:
Texto 1: Caminho
Tenho sonhos cruéis; n'alma doente Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro, Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro Do peito afugentar bem rudemente, Devendo, ao desmaiar sobre o poente, Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d’harmonia, Toda a luz desgrenhada que alumia As almas doidamente, o céu d’agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada, Porque é só madrugada quando chora.
(Camilo Pessanha)
- A dor, a angústia e o sofrimento, presentes no soneto acima são elementos comuns à poesia de Camilo Pessanha. Não se trata, entretanto, de uma dor de natureza amorosa. Explique esse sentimento (a dor) presente no poema, relacionando-a com a estética simbolista. (2,5)
- Os trechos de poemas a seguir estão relacionados ao Sensacionismo criado por Fernando Pessoa e expresso pelos três principais heterônimos de maneiras bem diversas. A partir dos trechos abaixo e do conteúdo estudado no Material Didático explique as diferenças entre o sensacionismo de Alberto Caeiro e o de Álvaro de Campos. (2,5)
Texto A
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido. (Alberto Caeiro)
Texto B
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! (Álvaro de Campos)
- Leia abaixo o poema “Passeio ao Campo” de Florbela Espanca:
Passeio ao Campo
Meu amor! Meu amante! Meu amigo! Colhe a hora que passa, hora divina, Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo! Sinto-me alegre e forte! Sou menina!
Eu tenho, amor, a cinta esbelta e fina... Pele doirada de alabastro antigo...
Frágeis mãos de madona florentina...
- Vamos correr e rir por entre o trigo! –
Há rendas de gramíneas pelos montes... Papoilas rubras nos trigais maduros...
Água azulada a cintilar nas fontes...
E à volta, amor... tornemos, nas alfombras Dos caminhos selvagens e escuros,
Num astro só as nossas duas sombras!... (Florbela Espanca, in “Charneca em Flor”).
- Escreva um pequeno texto apontando os elementos que demonstram a sensualidade aflorada e o ideal de amor presentes no poema, relacionando-os com a perspectiva feminina de Florbela Espanca! (2,5)
- Considerado um dos precursores do Neo-realismo em Portugal, o escritor Aquilino Ribeiro foi também militante anarquista, professor, bibliófilo e jornalista. Sua obra mais lembrada é a novela “O Malhadinhas”, escrita em dez capítulos e encartada inicialmente em Estrada de Santiago (1922). Leia o trecho a seguir e comente as principais características dessa obra. (2.5)
“Danado aquele Malhadinhas de Barrelas, homem sobre o meanho, reles de figura, voz tão untuosa e tal ar de sisudez que nem o próprio Demo o julgaria capaz de, por um nonada, crivar à naifa o abdómen dum cristão. Desciam-lhe umas farripas ralas, em guisa de suíças, à borda das orelhas pequeninas e carnudas como cascas de noz; trajava jaleca curta de montanhaque; sapato de tromba erguida; faixa preta de seis voltas a aparar as volutas dobradas da corrente de muita prata — e, Aveiro vai, Aveiro vem, no ofício de almocreve, os olhos sempre frios mas sem malícia, apenas as mandíbulas de dogue a atraiçoar o bom-serás, as suas façanhas deixaram eco por toda aquela corda de povos que anos e anos recorreu. Na velhice, o negócio tilintado através de gerações, as andanças de recoveiro, o ver e aturar mundo, tinham-no provido de lábia muito pitoresca, levemente impregnada dum egoísmo pândego e glorioso. Nas tardes de feira, sentado da banda de fora do Guilhermino, ou num dos poiais de pedra, donde já tivessem erguido as belfurinhas, alegre do verdeal, desbocava-se a desfiar a sua crónica perante escrivães da vila e manatas, e eu tinha a impressão de ouvir a gesta bárbara e forte dum Portugal que morreu. (…)”
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