RESENHA LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: AS MUITAS FACETAS
Por: glaucilagoa • 25/4/2017 • Resenha • 1.535 Palavras (7 Páginas) • 809 Visualizações
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: AS MUITAS FACETAS
Magda Soares
O termo Letramento tem sido cada vez mais usado no Brasil, e em seu texto Letramento e alfabetização: as muitas facetas, a autora Magda Soares deixa claro que esses dois conceitos apresentam diferenças fundamentais, pois estão relacionados com concepções distintas de ensino de língua. Mas, embora sejam conceitos diferentes, letramento e alfabetização são dois processos que devem ser trabalhados simultaneamente na escola, levando-se em conta sempre a importância dos métodos no ensino da alfabetização.
Levando-se em conta a invenção do termo letramento, acredita-se que deveria ocorrer a reinvenção da alfabetização que não deveria limitar-se ao "ler e escrever" mecânico. Através da "reinvenção da alfabetização" para a evolução de uma nova concepção que deve estar relacionada com o letramento, desencadeou uma dúvida referente ao termo, e se passou a questionar se ser alfabetizado é ser letrado?
Por volta dos anos 70, a Unesco passa a sugerir que as avaliações internacionais sobre o domínio de competência de leitura e escrita, medissem mais do que apenas a capacidade de saber ler e escrever, e que essas avaliações se preocupassem mais com a funcionalidade e o sentido da leitura e da escrita. Apesar da preocupação dos países com relação às práticas sociais da leitura e da escrita terem ocorrido no mesmo período, as semelhanças restringem-se a este ponto, pois o Brasil se encontrava e ainda se encontra deficiente com relação a sua forma de alfabetização e boa parte da sua população ainda é analfabeta, o que não ocorre com os outros países europeus, que em sua maioria já dominam o sistema da escrita devido à passagem de seus integrantes pela escolarização básica. Não é fácil ter preocupação com o letramento em um país como o Brasil, onde a maioria das pessoas que estão nas escolas, não tiveram uma boa escolarização básica. Não é possível verificar com eficácia a quantidade de alfabetizados e letrados se o país não possui nem mesmo um mapeamento preciso sobre a realidade da educação de suas escolas. Antes de qualquer preocupação com esses termos, de letramento e alfabetização, é necessário que o Brasil se preocupe com a qualidade de suas escolas e a capacitação de seus professores. Os países desenvolvidos, ou aqueles que fazem parte do “1º mundo", não se encontram envolvidos em um caos educacional como o do Brasil, os problemas que já foram resolvidos lá, ainda precisam ser aplicados aqui, uma vez que lá, no primeiro mundo, a alfabetização e o letramento adquirem uma importância fundamental para o desenvolvimento do aluno e da pessoa como cidadão.
Cada nação tem sua forma de se preocupar com o tema “Alfabetização e Letramento”, e nos países mais evoluídos, a preocupação com o letramento é mais evidente, pois, a desapropriação da habilidade de leitura e escrita para intervenções sociais e profissionais é o alvo de inquietação, o que não os impedem de promover discussões e debates sobre o tema alfabetização. Nestes países alfabetização e letramento são vistos de forma distinta, onde alfabetizar é tido como a aquisição da leitura e da escrita e o letramento é o desenvolvimento da linguagem e a compreensão da sua função social. Já aqui no Brasil, é visto de forma diferente, letramento e alfabetização são sinônimos, e os conceitos se misturam, se confundem, perdendo-se a individualidade, e em alguns casos até o verdadeiro sentido epistemológico. A maioria dos professores tentam utilizar técnicas sem ter real conhecimento delas, além de em sua maioria não se encontrarem devidamente preparados para relacionar o ensino dos métodos com as vivências sociais e culturais tornando consequentemente o ensino e o aprendizado vazio e desestimulante.
O letramento aparece sempre ligado à compreensão de leitura e escrita como práticas sociais, que privilegia a visão de língua que usamos a todo instante quando nos comunicamos. O texto nos mostra que quando uma população tem domínio precário das competências de leitura e de escrita, se torna mais difícil sua inserção no mundo social e no mundo do trabalho. Alfabetização está ligada à concepção de escrita como sistema ordenado pelas regras gramaticais, ou mesmo de escrita como código, que é preciso decifrar.
Os Censos Demográficos que foram realizados no Brasil por volta dos anos 40, consideravam alfabetizados os sujeitos que declarassem saber ler e escrever o próprio nome. Desde então a mídia vem divulgando dados estatísticos que apontam baixo índice de alfabetização, mas, no entanto, o número de analfabetos funcionais é muito grande, pois parte deles, considerados como "desqualificados" possuíam menos de quatro anos de escolarização. Esses dados são expostos pela autora para alertar a respeito da realidade a qual estamos inseridos, e que nos mostra o quanto o educador ainda precisa fazer pelo país. O Brasil tenta importar as ideias de outros países e copiá-las sem ao menos preparar e organizar educacional e dignamente a sua realidade. Não adianta querer copiar os projetos norte-americanos ou europeus se não temos preparo educacional para isso.
A autora ressalta ainda que mesmo em produções acadêmicas, o conceito de letramento e alfabetização se confundem, mas ela defende a importância da relação que uma deve ter com a outra, levando-se em conta a importância de uma estar sempre em interação com a outra, no entanto suas diferenças conceituais devem ser preservadas e a atenção somente direcionada ao letramento pode acabar apagando a real concepção de alfabetização, o que a mesma chama de "desinvenção da alfabetização", ou seja a falta de especificidade do processo de alfabetização, que é, também, um dos motivos geradores do fracasso escolar, pois de que adianta conhecer as letras e não compreender o seu sentido e vice- versa? Para que servem teorias sem métodos para aplicá-las? Segundo Soares, para que haja o processo de alfabetização não é necessário dissociá-lo do processo de letramento.
Ainda no tópico sobre a desinvenção
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