Resenha Conto de Amor - Clarice Lispector
Por: Gu Alves • 16/9/2019 • Resenha • 361 Palavras (2 Páginas) • 434 Visualizações
Gustavo Alves / AM5AU
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Resenha – Conto “Amor”, de Clarice Lispector
O conto “Amor”, de Clarice Lispector, conta a história de Ana, uma mãe, mulher e dona de casa, que vive no Rio de Janeiro. Cem por cento dedicada ao seu lar e à sua família, ser útil aos seus e seguir sua rotina é o que a completa e traz satisfação. Temia, por exemplo, momentos ociosos, horas em que não encontrava mais nada para limpar ou arrumar e nada que precisasse dela para ser feito.
Em mais um dia normal, seguindo sua rotina diária e monótona, ao pegar o bonde de volta para casa, Ana se depara com um homem cego mascando chicletes. Algo que pareceria pequeno e irrelevante, faz com que Ana reflita a respeito de sua vida, dando início também a grande reflexão proposta pelo conto.
Um homem sem a visão pode ser visto como uma representação de alguém desligado do mundo material e que tem um acesso mais fortificado ao seu interior. O fato de estar mascando chicletes provoca uma sensação de naturalidade, representando um homem feliz e tranquilo em sua essência. Tal imagem faz com que Ana passe a se questionar se não era ela quem estava “cega” em relação a seus desejos e motivações.
Por conta de sua inquietude em relação ao homem cego e ao questionamento que sua presença havia causado, Ana perde o ponto do bonde em que deveria parar. Com sua sensibilidade aflorada pelo ocorrido, ao descer próximo ao Jardim Botânico e seguir caminhando até sua casa, continua sua reflexão. Passa, então, a observar mais as coisas ao seu redor, como se houvesse furado sua “bolha” e saído de sua zona de conforto. Tal reflexão a faz confrontar com a realidade, com sua rotina e com sua condição de mulher em uma sociedade machista. Isso lhe causa um enorme fascínio diante da descoberta de que é livre para fazer as próprias escolhas.
Ao final do conto, quando Ana, finalmente, chega em casa, é recebida pelo filho, a quem abraça de maneira muito intensa e pede para que jamais deixasse que ela se esquecesse dele. Comportamento que representa seu medo do “novo mundo” que acabara de descobrir.
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