Resumo "A Árvore das Palavras", de Teolinda Gersão
Por: Filipa Cintra • 26/3/2023 • Trabalho acadêmico • 697 Palavras (3 Páginas) • 237 Visualizações
Apresentação Oral
O livro que venho apresentar é de Teolinda Gersão e chama-se “A árvore das palavras”.
A autora nasceu em Coimbra em 1940, tendo estudado nas universidades de Coimbra, Tubingen e Berlim. Após terminar os estudos, foi professora universitária em Lisboa até 1995. Desde então, dedica-se, exclusivamente, à literatura. Teolinda Gersão residiu três anos na Alemanha, dois em São Paulo e morou, também, em Moçambique, cuja capital, então Lourenço Marques, foi o espaço escolhido para o romance “A árvore das palavras”.
Vou começar a apresentação da obra recorrendo à comparação com um poema de Eugénio de Andrade, intitulado “Em Lisboa com Cesário Verde”.
- O sujeito poético faz referência ao sentimento de estrangeiro que o aflige, tópico representado por uma das personagens em “A árvore das palavras” que rejeita o contacto com a identidade africana;
- Fala ainda, dos jacarandás, árvore típica do continente africano;
- E enfatiza a importância da língua como elemento de identidade cultural, sendo esta um ponto de ligação entre duas nações: Portugal e Moçambique.
Mas afinal, porquê o título “A árvore das palavras”?
Temos “árvore” com o significado de “vegetal de grande porte, lenhoso”, “mastro de embarcação” e palavra como “som articulado, com um significado”, “termo”. Assim “A árvore das palavras” ecoa o desejo de ascensão do povo moçambicano, metamorfizando a nação em formação com múltiplas identidades.
O romance tem como fio condutor a história da protagonista e narradora Gita, ao longo do seu percurso de vida, convidando-nos a entrar nas suas lembranças.
- Gita apresenta-nos a casa branca, representada por Amélia - mãe portuguesa, costureira, que se inspira na riqueza das suas freguesas - e a casa preta figurada por Lóia, a ama-de-leite negra. O pai moçambicano Laureano, deambula entre as duas nações devido ao casamento com Amélia.
Moçambique aparece metonimicamente representado pela casa preta e pelo jardim. A narradora prefere os sons da casa preta e o cheiro do quintal, tão peculiares às populações de Moçambique, ao amargo constante de Amélia na casa branca, por pertencer à classe branca pobre dessa terra, acabando por viver sem criar raízes com a família e rejeitando a cultura africana.
A irmandade existente entre Gita e Orquídea, filha da sua ama-de-leite Lóia, na infância, metaforiza um possível diálogo entre as duas nações.
Na minha opinião, Teolinda Gersão prende-nos à história não deixando que pousemos o livro até chegarmos à última página. A sua escrita destaca-se pela organização em torno de flashes de memória e da alternância do foco narrativo, recorrendo frequentemente a analepses e a prolepses. Utiliza, também, muitas metáforas que evidenciam a imaginação da narradora face à realidade, permitindo a visão daquela terra aos olhos de Gita.
Achei bastante interessante, a forma como a autora nos leva a conhecer duas nações em trânsito: Portugal e Moçambique, representadas, respectivamente, pela casa branca e pela casa preta, sendo Gita que estabelece uma relação metafórica entre as duas culturas.
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